Common.

160 14 209
                                        

01 de fevereiro de 2020

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

01 de fevereiro de 2020.
Leicester, Inglaterra.

Dois dias separam a catástrofe dos destroços.

Em meio à melancolia, tristeza e arrependimento, ainda tento entender como deixei tudo desmoronar tão rápido e de forma tão dolorosa.

Ver os olhos magoados de Florence enquanto ouvia minhas palavras foi como assistir algo puro ser contaminado. E, a cada segundo que lembro do motivo da nossa briga, meu coração se parte mais um pouco.

A culpa é toda minha.

As minhas inseguranças passaram adiante da minha certeza. As comparações, as avaliações, as provocações e a visibilidade da mídia mexeram comigo de uma forma inesperada, quase sobrenatural.

Eu sempre tive convicção da pessoa que sou e das minhas escolhas, mas durante aqueles dias, me tornei um garoto indefeso contra o mundo, lutando para manter o resquício de individualidade que me restava.

Nunca pensei que minha vida teria uma reviravolta dessas.

Há menos de um mês, eu era apenas um jogador do Chelsea, que estava vivendo uma vida que idealizei por anos. E, depois daquele anúncio, eu havia me tornado muitas coisas aos olhos alheios. Então comecei a me perguntar se era isso que as pessoas enxergavam em mim agora:

Infiel. Traidor. Sombra. Interesseiro. Sem personalidade. Perdido. Decepcionante.

Palavras que queimavam dentro do peito. Não pela veracidade, porque não eram reais, mas porque eram cruéis. Elas desfiguravam a pessoa que sou, inventando adjetivos para uma realidade inexistente. Quando isso acontece, sua identidade se perde.

E eu estava perdendo a minha um pouco mais a cada dia.

Nunca estive acostumado com uma exposição dessa magnitude. As críticas no futebol eu sabia administrar. Quando errava um passe, perdia um gol ou quando alguém dizia que eu não merecia estar ali, eu aprendia. Respondia jogando. Sempre soube fazer isso. Mas agora era diferente.

Isso invadia meus treinos. Minhas saídas de casa. Meu café da manhã. Invadia até o silêncio entre uma música e outra na rádio.

Mas tudo isso se tornou pequeno diante da dor real: perder a mulher que eu amo.

O que me mata é saber quem Florence era comigo e saber que tudo entre nós havia nascido da forma mais honesta, leve e real possível. A minha namorada me amava por inteiro. E, mesmo com tudo isso, permiti que aquilo nos afastasse.

Sem perceber, coloquei sobre os ombros dela um peso que era completamente meu. Um medo meu. Uma insegurança que ela nunca provocou. As dúvidas, as cobranças, as comparações e as críticas nunca foram culpa dela.

Mas eu descontei na pessoa que apenas tentou me entender.

Há dois dias minha mente volta para aquela noite. Revivo tudo o que disse, o que deixei de falar e o que deveria ter feito diferente, mesmo sabendo que não há como mudar o passado.

END GAME | Mason Mount.Onde histórias criam vida. Descubra agora