Ela, FLORENCE BECKHAM uma modelo e estilista de sucesso e filha de um dos maiores jogadores da história da Inglaterra. Focada em seu trabalho e sua vida conturbada, cheia de compromissos, desfiles, exposição e fama, a garota se vê cada vez mais long...
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20 de dezembro de 2019. Londres, Inglaterra.
Como de costume, o barulho no Centro de Treinamento de Cobham estava ensurdecedor.
Uma sinfonia caótica que começava antes mesmo de o sol nascer e parecia nunca parar. Logo na entrada, a movimentação era intensa. A imprensa começava a chegar, carregando câmeras, microfones e aparelhos pesados. Em dias de treino aberto para a mídia, o CT vira uma bagunça. Milhares de pessoas transitam pelos corredores, o estacionamento fica lotado e a coordenação de comunicação do clube parece à beira do colapso, tentando manter tudo sob controle.
Conforme caminho por Cobham, os cheiros e barulhos rotineiros, tão conhecidos por mim, tomam conta. O café recém-passado pelos funcionários do refeitório parece aquecer a fria manhã de inverno. O som da máquina de cortar grama já ecoava pelo ar, como um lembrete constante de que o trabalho estava prestes a começar. A equipe de manutenção ajustava cada detalhe com perfeição, garantindo que tudo estivesse impecável para o treino e, consequentemente, para o jogo contra o Tottenham no domingo.
No vestiário, que parecia uma feira, o clima era ainda mais agitado. Entre conversas paralelas, risadas altas e pancadas de armários sendo fechados, era impossível se concentrar em algo. Tudo parecia acontecer ao mesmo tempo: as piadas de Pulisic, o fone estrondoso de Abraham, a tagarelice de Reece com Jorginho e a cantoria espanhola de Kepa.
Essa confusão fazia parte de quem somos, formando a essência do nosso grupo. Cheio de pequenas rotinas e personalidades que, de alguma forma, mantinham a harmonia. Ali, dentro daquele cômodo azul escuro, não havia imprensa, rivalidade, pressão e preocupações. Éramos apenas amigos, determinados a dar o nosso melhor por algo maior do que nós mesmos.
Peguei minhas chuteiras, amarrando os cadarços enquanto alguns rapazes vão em direção ao campo. Me apresso em ajustar o uniforme e não ser o último a sair do vestiário, porque tomar uma bronca de Lampard em plena manhã de sexta-feira não é algo desejável por mim.
A primeira coisa que senti ao sair foi o frio cortante. O vento gelado arrepiou minha pele no momento em que pisei na grama ainda úmida da geada da noite anterior. O cheiro do gramado, os cones laranjas perfeitamente posicionados e o som das bolas sendo chutadas pareciam dar vida à tudo ao meu redor.
O treinador começou a dar instruções, dirigindo o treinamento conforme o planejamento da comissão técnica. Como esperado, o treino seria intenso, principalmente por estarmos sem jogar há quase uma semana e termos um rival do Big-Six daqui a dois dias. Toda a nossa energia e foco deveria estar nesse jogo, que definiria o humor da nossa torcida para a noite de natal.
O mês foi cansativo, isso é fato. O calendário de jogos é extenso, sendo poucos dias de folga e uma pancada de partidas, além de treinos pesados. E mesmo que tenhamos ficado quase oito dias sem jogos, o corpo pede por mais descanso.
É difícil se manter em alto nível, manter a alimentação equilibrada e o físico em seu estado perfeito. E por mais que tenhamos uma tecnologia de ponta, profissionais capacitados e uma estrutura gigantesca, lesões são inevitáveis. Desde a mais simples a mais dolorosa. Isso define um atleta: treinar para chegar em seu máximo e se preparar para as implacáveis lesões.