Capítulo 18

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DIANA

Quantos anos não vinha à Itália? Eu tentei buscar em minha mente minhas ultimas lembranças, Lembrei-me de ruas de paralelepípedos, e floristas. Eram borrões, cheiros e imagens de meus pais.

Aquilo era como abrir um túmulo depois de muitos anos e revirar os ossos do cadáver do passado. Doía, trazia sofrimento, mas não tinha o que fazer, era preciso.

-Você está muito quieta desde do café. -Valéria me tira de meus pensamentos.

-Algumas coisas não deveriam nos tocar tanto.

-Está falando do seu sentimento por Enrico? -Val para ao meu lado olhando a colina que dava visão para o mar. -Eu avisei que vocês estavam mais envolvidos do que você imaginava.

-Estamos mesmo, -Sorrio ao lembrar da noite anterior. -Mas me refiro de mim mesma neste momento.

-Quer me contar?

-Val, minha vida não foi sempre como é.

-Percebe-se, você é doce, mas também é forte. -Ela força meu braço para sentarmos no gramado. -Me conte um pouco, quem sabe lhe faça bem.

-Nasci no Brasil, mas meus pais eram turcos. Esmirna, nossa cidade natal.

-Você é turca?

-Sim. -Sorri. -Fui criada entre o Brasil e Esmirna, pois nossos laços com nosso país nunca se desfez.

-Nossa.

-Sempre viajávamos, meu pai tinha um grande negócio. -Sorri e atirei uma pedrinha tentando acertar o nada. -Eu tive uma linda infância, foi educada e cuidada com muito amor por minha mãe e por meu pai.

-Você fala de seus pais com um lindo brilho no olhar.

-Meu pai era o que de mais protetor existia, mas não me deixava esquecer minhas origens, então fui criada em nossa cultura também.

-Você sabe dançar aquelas danças?

-Sim. -Sorrio lembrando. -Eu e minha mãe dançávamos juntas, eu adorava! Ela me ensinava a cozinhar, me ensinava a ser a mulher que meu futuro marido iria precisar e apreciar.

-É verdade a história das várias esposas.

Dou uma gargalhada.

-Sim, mas não é assim.. querer e vai ter dez esposas. meu pai mesmo só tinha minha mãe.

-Diana o que aconteceu, onde estão seus pais?
As lágrimas começam a se acumular em meus olhos, luto por alguns instantes tentando fazer com que não molhassem minha face, mas elas simplesmente não obedeciam.
- se isso te trás tanta dor, se fica tão mal em reviver isso, me desculpe.
- Não Val, tudo bem. – seco meu rosto depois de sentir o controle voltando ao meu íntimo. Levanto-me e bato com as mãos em minha calça tirando a terra de mim. - Ela morreram. E como na maior parte das famílias, fizeram falta.
A chamo para voltar a casa de seu Giacommo.

Entro na sala e posso escutar as vozes de Enrico e de seu pai quem vem do escritório. O Senhor Santinni é um homem forte, de um sorriso doce, mas percebi que é tão genioso quanto seu filho.

Enrico explica o quanto é importante a casa ter seguranças e o quanto ele se preocupava com o pai. Ouço os ânimos se acalmarem e fico mais tranquila.

Val foi a cozinha arrumar um lanche e eu a avisei que iria ver o que Enrico tinha em mente para hoje, eu não tinha ideia de quantos tempo ele pretendia ficar na Itália, muito menos qual era nosso próximo destino, mas eu estava começando a me acostumar com tantas viagens.

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