Eu estava desnorteada. Não sabia o que fazer. Gritava e corria no meio daquela agitação e os soldados vinham atrás de mim tentando me conter. Senti uma ardor na parte de trás da minha perna, mas continuei a correr em direção à Lauren. Ela estava estirada no chão gritando de dor com os braços abertos como se chamasse a morte para si, mas isso não podia acontecer.
Assim que alcancei seu corpo, milhares de soldados chegaram a pegando no colo, outros soldados fizeram o mesmo comigo. Eles corriam ao som daqueles tiros como se não fosse uma coisa mortal.
Alcançamos o carro novamente e eles nos colocaram lá dentro fazendo com que Lauren, ficasse deitada na parte de trás apoiada em meu colo. Eu estava encharcada de sangue por toda a parte do meu corpo, foi então que percebi que o ardor que sentira há poucos minutos, era outro tiro, mas dessa vez de raspão. Não liguei para a minha dor, pensava apenas na dor que Lauren estava sentindo.
- Por que viemos para o carro? Deveríamos ter voltado para o hospital. Olha o estado de Lauren! - gritei com o soldado que estava no carro.
- Preste atenção Alteza, o carro é blindado, temos mais chances aqui dentro do que correndo feito uns loucos podendo ser mortos. Eu vou tentar sair daqui e dar a volta no hospital, para podermos entrar pelos fundos! - ele falou.
- Então liga logo esse carro pelo amor de Deus! - gritei.
Ele rapidamente atendeu ao meu pedido acelerando o carro alguns segundos depois.
Lauren estava gemendo de dor.
- Onde dói? - perguntava desesperada.
- Na minha costa! - ela gritava.
- Você vai ficar bem! - acariciava seu rosto.
- CLAIR NÃO ESTOU SENTINDO MINHAS PERNAS!! - Lauren gritava.
Eu apenas tentava acalmá-la.
O motorista estava mais desesperado do que nós.
Me lembrei do dia em que eu fui baleada. Lauren estava sentindo a mesma coisa que eu naquele exato momento. Medo, desespero , tristeza, tudo. Eu não podia perdê-la.
O soldado tentava voltar para os fundos do hospital, mas as balas acertavam o carro como se fossem várias pedras seguidas. Quem quer que queria me matar sabia que eu estava lá dentro . Ele deu a volta no hospital. Os tiros acabaram e então ele saiu do carro e entrou no hospital gritando para quem quer que seja que tinha uma pessoa baleada precisando de ajuda.
Vários médicos saíram de lá de dentro com uma maca. Abriram a porta do carro e pegaram Lauren cuidadosamente, atendendo à todas as suas queixas, inclusive da de que não sentia as suas pernas. Foi quando eles a levaram para dentro. Torci para que ela estivesse bem.
Saí mancando de dentro do carro e o soldado percebeu.
- Alteza, quer que eu lhe chame um médico?
- Sim, por favor! - falei.
Tinha certeza que meus pontos tinham arrebentados novamente com a tentativa de proteção dos soldados. Eles estavam tão desesperados em me salvar que acabaram sendo grossos ao tentar me proteger.
Sentei em uma cadeira esperando algum médico vir me atender, e percebi que o rei não estava no hospital. Onde ele estava? Será que estava morto? Comecei a chorar. Tudo aquilo estava acontecendo por minha causa. E minha mãe? Eu ainda não tinha a encontrado. Meus irmãos estavam na mão de sei lá quem . Duas tentativas de assassinato seguidas. Isso era um pesadelo. A única coisa que eu queria era voltar para casa e dizer à todos que eu não sou a princesa, que Lauren é! Mas provavelmente o rei iria se enfurecer por termos o enganado para eu ter podido ficar viva. Ele com certeza iria me matar!
Será? Poderia ser ele por trás de todos esses ataques. Ele descobriu que eu não sou sua filha e resolveu me matar sem se entregar, mas e seus sentimentos, e seus pedidos de desculpas?
Senti uma mão tocar meu ombro. Olhei para trás e avistei o Dr. Stevenson.
- Olá Doutor - falei entristecida.
- Como está? - ele perguntou.
- Preciso que o senhor me ajude, acho que levei outro tiro, mas de raspão.
Ele então olhou meus ferimentos e me levou até a sua sala para me analisar.
- O senhor ouviu os tiros? - perguntei enquanto ele limpava meus ferimentos.
- Todos ouviram! A maioria dos médicos e enfermeiros correram para o segundo andar para tentar se esconder, mas aparentemente, não eram pra acertar no hospital.
Dei um grito quando ele jogou algum remédio no local da bala.
O Dr. Stevenson enfaixou minha perna e logo em seguida pulou para meus pontos. Por incrível que pareça eles não arrebentaram, apenas machucou.Logo que terminou de examinar os pontos, ele pediu pra mim deitar na cama e descansar. E então ele saiu da sala me deixando sozinha novamente.
***
Me assustei quando alguém bateu na porta. Mandei entrar e surgiu na minha frente um médico que eu não conhecia.- Como vai Alteza? - ele perguntou.
- Péssima! Onde está Lauren? Você tem alguma notícia dela?
- Era disso que vim falar!
- Fale logo!
- A Lauren está bem, a cirurgia da retirada da bala foi um sucesso.
Dei um suspiro aliviada.
- Mas sinto muitíssimo em lhe dizer que Lauren ficou paraplégica!
- O quê? Não pode ser! - falei aos prantos.
- Calma, isso pode se reverter. Se ela fizer o tratamento, daqui há alguns anos, ela poderá estar andando novamente.
Taylor invadiu o quarto me encarou por um tempo e logo em seguida me abraçou.
- Como você está meu amor? Soube do que aconteceu!
O médico percebeu que queríamos ficar sozinhos e então saiu da sala.
- Fale alguma Clair! Onde está Lauren? - ele se preocupou.
Comecei a chorar.
- A Lauren levou um tiro! - falei inconsolável.
Seus olhos encheram d'água. Sua expressão mudou.
- Não me diga que ela...
- Não, não! Ela não morreu...mas...
- Mas? - ele se ajeitou na cama.
- Ela ficou paraplégica!
Ele colocou as mãos no rosto apavorado. Então ele começou a chorar. Eles eram muito próximos, não imaginava a dor de Taylor naquele momento. A única coisa que podia fazer era abraçá-lo.
- Ela vai ficar arrasada Clair! - Taylor disse aos prantos.
- Eu sei meu amor, vamos superar!
- Onde está meu pai?
- Não o vejo desde o que aconteceu!
- Onde será que ele está ?
Não queria falar para ele sobre a minha desconfiança. Não era o momento.
Precisávamos conversar com Lauren. A pior noticia que iríamos dar para a melhor pessoa que já existiu, a nossa Lauren.
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O Teste
Teen FictionClarice Gordon é uma menina simples, que vive com sua mãe e seus dois irmãos num País onde ricos são bem tratados e mais valorizados. Numa certa noite Clair presencia um ato muito cruel à mando do Rei Harry Hank, o então governante de seu País, e is...