Capítulo 7

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Ainda era cedo quando minha mãe batia na porta. Não queria ouvir, muito menos ver alguém, principalmente ela. Mas as batidas eram fortes e desesperadas. Foi então que tive coragem de me levantar e abrir a porta.

   - O que a senhora quer?

   - Desculpe eu te incomodar logo cedo mas é que os membros do palácio estão aí para saber se vai ser preciso você fazer O Teste.

Eu respirei fundo. Aquela ideia me amedontrava tanto que minhas pernas começaram a tremer.
Não tinha como escapar, eu precisava fazer isso.

   - Diga à eles que ja estou indo! - disse friamente.

   - Tudo bem. Filha sobre ontem eu queria...

   - Agora não por favor. Diga que já estou indo.

Ela me olhou com os olhos cheios de lágrimas e então foi embora. Me doía muito tratar minha mãe daquele jeito, mas no momento eu não podia tratar de outra forma.

Tomei meu banho, me vesti e fui para a sala. Logo que cheguei me deparei com 2 homens vestidos de terno e gravata e uma mulher.
Olhei para a minha mãe e ela estava nervosa. Eu também estava, mas queria terminar logo com isso.

   - Srt. Gordon viemos logo cedo pois existe muitas meninas de sua idade em Jacobsen. - disse a mulher.

   - Então, a senhorita é adotada, órfã ou nenhum dos dois? - continou a mulher.

Senti uma tristeza ao ouvir aquelas palavras. Não podia acreditar nisso.

   - Sou adotada! - disse com a voz trêmula.

  - Pois bem, a senhorita está ciente de que o exame irá apontar se a sua afirmação é verdadeira ou falsa! Então não há motivos para mentir não é? - disse um dos homens.

  - Sim senhor! - falei.

  - Então estarei aqui às 9:00 para realizar seu Teste. Se a senhora faltar ou se recusar a fazer, irá ser presa.

  - Sim senhor!

  - O resultado do exame irá ser lido na frente do palácio pelo rei. E claro, vai ser transmitido pela televisão para que todos, principalmente as meninas de Jacobsen possam ver.

  - Se por acaso a senhorita for a filha do rei, viremos lhe buscar no dia seguinte. Você não precisará levar roupas ou comprar. O rei irá cuidar disso. Alguma pergunta?

   - Se eu for a filha do rei, vou ter que me mudar para o palácio certo?


   - Certo! - disse a mulher.

   - Eu poderia levar minha família para ir morar comigo?

Os três se olharam. A mulher pegou uns papéis na bolsa e começou a ler. Depois se virou para mim.

   - A senhorita poderia levar sim a sua família.

Meu alívio foi notado por todos. Se caso eu fosse filha do rei não o enfrentaria sozinha iria ter minha família.

  - Já que tudo que viemos falar já foi dito, já estamos indo! - disse o outro homem.

  - Claro, eu acompanho vocês até a porta. - falei.

  - Tchau Srt. Gordon - disse a mulher para a minha mãe.

Fui acompanhando os membros do palácio até a porta.

  - Boa sorte senhorita! - disse um dos homens.

Não queria aquela sorte, então apenas dei um pequeno sorriso e fechei a porta.

Ao voltar para a sala, minha mãe estava muito nervosa. Estava sentada no sofá à minha espera.

  - Você está bem querida? - perguntou minha mãe.

Não estava. Apenas queria seu colo para poder descansar e chorar. Não era hora de mágoas nem raiva. Só queria o seu carinho de mãe. E foi isso que eu fiz. Me atirei em seus braços com um abraço inesperado. Mas ela o retribuiu. E fiquei ali por horas em seu colo, chorando. Às vezes eu parava, mas depois imaginava que eu poderia ser filha do rei e então voltava a chorar.

   - Minha querida se acalme, mamãe está aqui com você viu?

  - Desculpe mamãe, não queria tratar a senhora daquele jeito é que tudo aquilo foi demais pra mim. Precisava de um tempo para pensar. - falei aos prantos.

  - Não se preocupe minha filha, a culpa foi minha. Não devia ter mentido para você!

Foi então que percebi que era daquilo que eu precisava : de um amor puro, sereno e maternal. Não de um palácio, uma coroa e um pai. Um pai que não merecia ser chamado como tal.

Era evidente minha torcida para eu não ser a filha roubada do rei, precisava apenas que isso fosse  verdade.

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