28 - "Matando" a Saudade

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O tempo passou tão rápido que eu estava desconfiado de que até ele queria que eu me encontrasse com o Murilo. Então, duas semanas depois da chegada de Luciano, eu estava decidido à voltar ao Rio. Não só pra me resolver com Murilo, mas para ver todos aqueles que eu estava morrendo de saudades.

- Tudo pronto, vamos? - Perguntei a Luciano que terminava de arrumar algumas coisas.
- Vamos! - respondeu ele - Antes que a gente se atrase pro vôo.
Pegamos o táxi com destino ao aeroporto e quando chegamos ainda faltavam um pouco mais de uma hora. Fomos até a praça de alimentação onde tomei café da manhã e comprei algumas revistas pra ler durante o vôo - já que eu nunca conseguia dormir - E alguns chocolates.

- Sabe - disse Luciano - Estou cansado de tudo isso.
- Tudo isso o quê? - perguntei com certa desconfiança.
- Da minha vida. Sabe? - respondeu ele vagamente
Fechei a revista na qual estava dando uma olhada e percebi que havia acontecido algo com Luciano.
Desde quando ele chegou eu percebi que havia algo de errado, mas desde sempre eu sabia quando Luciano estava passando por algum momento bad ou que estava lhe incomodando.
- Então Luciano Rangel, diga-me o que aconteceu?
- Como assim? - Perguntou ele.
- Bom você acha mesmo que eu acreditei que você apenas sentiu saudades de mim quando foi parar no meu apartamento? - respondi dando um gole no café que eu havia comprado e que estava começando a ficar com uma temperatura desagradável. - Você acha mesmo que eu não notei nessas duas semanas que você estava diferente ou que algo está te incomodando?
- É impossível esconder alguma coisa de você, né?
- Aliás, não há necessidade. - respondi - Você sabe que você pode contar comigo pra tudo e que eu prefiro você me enchendo com seus problemas ao invés de ficar se corroendo por dentro pensando numa solução para eles.

Com um longo suspiro e com olhos marejados ele começou a desabafar e contou que estava passando por um momento turbulento - problemas com os pais, entrada na faculdade, milhões de sentimentos, entre outras coisas - e que não estava aguentando tanta pressão psicológica.
- E pra completar, estou gostando do Thiago. Mas tenho certeza que mesmo que eu dissesse nada mudaria entre nós. - respondeu ele entre um soluço e outro - Ai que saco! Já não basta eu estar cheio de problemas, ainda tenho que estar apaixonado por um garoto retardado que não sabe nem quando uma pessoa está afim dele.
- Ei coisinha, vá devagar. Você tá parecendo uma típica mulher de trinta anos de TPM. - disse eu rindo para descontrair.
- Mas é como eu to me sentindo. - disse ele esboçando um leve sorriso. - Só falta o pote de sorvete de chocolate, um filme de romance bem sad, com Lana Del Rey na trilha sonora.
- Pode deixar que quando a gente chegar em casa, eu tento arranjar tudo isso. - disse eu gargalhando - Por enquanto coma uma dessas trufas que eu comprei.
Ouvimos no alto falante que nosso vôo já estava pronto para o desembarque. Pegamos nossas e fomos pro avião.
O vôo foi tranquilo. Luciano cochilou e eu passei boa parte da viagem dividindo minha concentração na revista e uma parte dos meus pensamentos em Murilo que tentou me convencer de que precisava me buscar no aeroporto, mas que eu consegui convencê-lo de que não precisava.
Logo após chegarmos ao Rio, pegamos um táxi que nos deixou na casa da minha avó que me recebeu com muitos abraços, beijos e um imenso bolo de chocolate que desde pequeno eu comia sem medo.
- Di, vou dar uma passada lá em casa. - disse Luciano com um ar de tristeza.
- Ei! Fica assim, não. - disse eu - Você sabe que pode voltar pra São Paulo comigo se quiser. Você viu que o apartamento é muito grande só pra mim.
- Obrigado amigo - disse ele ainda entristecido - Mas de qualquer maneira não posso fugir.
Luciano foi embora e eu fui para o meu antigo e aconchegante quarto. Peguei algumas roupas no armário e fui para o banheiro tomar um banho. Após o banho, peguei o celular e mandei uma mensagem pra Murilo - informando que já havia chegado - que logo foi respondida com um "Passo pra te pegar em 1 hora". Voltei pra sala onde encontrei minha avó assistindo novela.
- Meu filho, o que aconteceu com o Luciano que estava tão estranho hoje? - perguntou minha avó.
- Ele teve uma briga feia com os pais. Bom, na verdade só com o pai. O pai dele acha que ele não quer nada com a vida e fica enchendo o saco. - respondi com o pensamento em como deveria estar as coisas na casa do Luciano - E o pai dele é muito arrogante, fala coisas horríveis pra ele e ele fica assim.
- Não é pra menos, né? - disse ela - E como ele te achou em São Paulo?
- Ele já tinha ido comigo lá quando éramos mais novos - falei - Lembra da época em que meu padrinho vivia levando a gente pra lá?
- Lembro!
- Então, ele perguntou ao meu padrinho, comprou a passagem e foi. Agora tá meio receoso de ir em casa. - respondi.
Meu telefone tocou e era Murilo avisando que estava indo me buscar.
- E as coisas com ele? - Perguntou minha avó referente à Murilo. - Tô sabendo que vocês não tiveram uma despedida legal.
- Mas gente, fofoca voa nessa casa, hein? Quem contou? - perguntei indignado.
- Não é por eu sou velha que eu não sei das coisas, meu amor. - disse ela pra mim - Bom, de qualquer maneira. Me conte depois, porque agora tenho que ir na casa da sua tia Marília. Nós vamos no aniversário do filhinho da vizinha dela, quer ir?
- Não posso, Murilo está vindo me buscar pra gente sair. - disse pegando o controle e zapeando os canais. - Manda um beijo pra minha tia.
Não demorou muito e Murilo chegou e ele havia mudado dentro dessas três semanas. O cabelo estava maior e assim como ele a barba também, ele parecia uma pouco mais magro, mas nada que tivesse interferido na sua boa forma. Os olhos dele brilharam ao me ver e percebi que ele soltou a respiração quando abri um sorriso pra ele, que me abraçou forte.
- Que saudades de você - disse ele ainda me abraçando. - Não aguentava mais ficar longe de você.
- Que mentiroso - disse eu brincando - Aposto que enquanto eu estive em São Paulo, você aproveitou a vida de solteiro.
A expressão dele que era de felicidade se fechou quando eu disse a palavra solteiro, fazendo-o ficar pálido em segundos.
- Então é sério mesmo? Acabou?
- A gente tem que conversar e de verdade sobre isso. - respondi
- Eu sei que já te pedi desculpas, mas me desculpe de novo. - disse ele quase que sussurrando - Eu sempre faço coisas erradas. Sempre reajo de forma infantil quando o assunto é você.
- Ei, pare. Você não é o culpado sozinho. Eu tenho parte dessa culpa por não ter te contado. - disse eu
- Mas eu que causei aquele estardalhaço todo desnecessário. - disse ele - Eu fiquei desesperado achando que tinha te perdido e agora sei que perdi mesmo.
- Eu acho que deixei bem claro que eu sou uma pessoa difícil desde o início. - disse eu - Sou completamente impaciente, chato, ignorante...
- E frio - interrompeu ele.
- Não te culpo por achar isso. - retruquei - Mas acho que o temos vai além disso.
Ao fim das minhas últimas palavras, a cor de Murilo voltou, fazendo-o despertar e avançar em mim com um beijo e fazendo-me ficar deitado no sofá.
- Pera aí - disse ele ainda em cima de mim. - Onde está o resto das pessoas dessa casa?
- Todo mundo saiu, relaxa - respondi. Ele soltou em suspiro de alívio e voltou pra sua sessão de beijos intensos.
Eu havia me esquecido do quão bom são os beijos dele, que me faziam ferver de dentro pra fora. A forma como ele passava as mãos dele, nos lugares certos, nas horas certas e que aumentava mais o meu calor.
- Acho que seria melhor se fôssemos para o seu quarto - surgeriu ele
- Eu pensei no mesmo.
Corremos para o quarto, onde tranquei a porta e ele me deu mais uma sessão de beijos calorosos. Ele tirou a camisa que ele vestia - uma camisa pólo rosa - deixando à mostra o corpo que eu já havia sentido o gosto num passado não tão distante. Logo depois ele desfivelou o cinto e tirou sua bermuda branca - que se embolou um pouco por causa dos sapatos - ficando apenas com uma cueca preta e meias. Admirei todo aquele corpo e em todo o volume que estava embaixo de sua cueca. Aquela visão me excitou e logo eu também estava apenas de cueca e agarrado à Murilo. Ele foi descendo a mão livre dele por toda a minha barriga e passou-a por baixo da minha cueca, segurando e dando leve apertões no meu pênis - que imediatamente foi à loucura - seguido de leves movimentos de sobe e desce. Eu soltava leves gemidos entre um beijo e outro e isso fazia Murilo ir à Loucura. Passei por cima dele sentando exatamente no colo dele - que riu e falou "Mate minha saudades" - curvei-me sobre ele beijando-o, fiz alguns movimentos ainda em cima dele que o fez ficar em ponto de bala e eu sabia que aquele era o momento. Tirei rapidamente nossas cuecas e sentei nele lentamente, senti uma explosão de prazer em mim e acho que aconteceu o mesmo com Murilo que sussurou um gemido, com ele em mim, comecei os movimentos e acelerando até uma velocidade agradável. Murilo segurava em minha cintura enquanto eu estava por cima dele - fazendo me sentir uma atriz de filme pornô. - e ambos soltando leves gemidos de prazer. Ele não parecia se cansar nunca e eu que há dias estava exausto, estava começando a cansar. Ele por sua vez percebeu fazendo-me trocar a posição pela quarta vez. No fim apenas trocamos carícias enquanto estávamos deitados, em silêncio e nos olhando. Ele estava muito mais lindo, radiante e com um sorriso contagiante.
- Se toda vez que a gente for resolver nossas brigas for resolvida como fizemos hoje, quero pelo menos ter uma briga dessas uma vez por semana - disse ele rindo, seguido de um beijo. Fazendo aquilo ser mais que especial.

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