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Abri os olhos e não consegui identificar onde eu estava. Havia uma claridade que faziam meus olhos arderem e isso me incomodava.
Eu não conseguia mexer meu corpo, na verdade eu não conseguia sentir meu corpo.
Olhei tudo em volta e consegui visualizar e identificar um Murilo cansado e esparramado numa poltrona ao lado de onde eu estava deitado.

"Onde eu estou?" pensei, mas aos poucos fui identificando o lugar, eu estava em um quarto de hospital.

"Mas por quê?" pensei, mas fui interrompido com Murilo se levantando.

- Di, fala comigo. - falou ele com certo desespero na voz.
- O que aconteceu? Por que eu estou num hospital?
- Você não lembra? - perguntei
- Não! Mais ou menos. Não sei. - respondi. - Está tudo tão meio confuso.
- Amor, você sofreu um acidente e quero que você me diga o que você lembra de antes do acidente.
- Eu nao sei, eu nao lembro muita coisa. - respondi ainda confuso - Só lembro que as fortes dores de cabeça começaram enquanto dirigia, eu tentei resistir à elas, não sei.
- Tudo bem, o médico deve passar por aqui pra te ver. Os seus pais já estão vindo pra cá.
- Onde eu estou? - falei com um pouco de dificuldade. Estava começando me sentir cansado.
- No Hospital Nossa Senhora do Socorro.
- Eu tô muito mal? - perguntei
- O médico disse que sua situação no momento é estável. - respondeu ele tentando não parecer nervoso/triste/preocupado. - Você pode me dizer se você está sentindo algum tipo de dor?
- Não! Na verdade estou um pouco dolorido, mas acho que seja normal.
- Eu vou chamar um médico, enfermeiro, algo do tipo pra vir te ver. - falou Murilo saindo do quarto e nem me dando a chance de dizer que não precisava.
- Alguns segundos depois volta ele com uma enfermeira segurando uma prancheta.
- Boa noite, senhor Diego! - falou a enfermeira. - Vou te fazer algumas perguntas para o seu prontuário, tudo bem?
- Ok! - respondi.
- Você está sentindo alguma dor forte?
- Não, só estou me sentindo dolorido mesmo.
- Você consegue lembrar o que aconteceu com você?
- Bom, na verdade ainda está tudo muito confuso, mas lembro de algumas poucas coisas. - respondi.
- Ok, você consegue me contar?
Repeti pra ela o que havia contado pra Murilo e ela foi anotando tudo. Depois das perguntas ela fez alguns exames que levaram alguns minutos.
- O médico deve aparecer por aqui assim que os exames estiverem prontos. Vou pedir para que tragam sua janta.
- Tudo bem. Obrigado!

E assim ela saiu do quarto. Murilo não saía do meu lado e isso me deixava mal. Ele estava cansado e estava claro que ele estava odiando me ver naquela situação. Eu conseguia enxergar como ele fazia esforço pra não chorar e aquilo me matava.
- Te amo, tá? - falei pra ele - E para de ser tão chorão. Pelo amor de Deus!
- Você sempre implicando com meu jeito, nem quando não está em condições de falar.
- Se eu não implicasse, não estaria sendo eu. - falei tentando rir, mas meu corpo todo doeu, me fazendo soltar um gemido.
- Está tudo bem? Tá com dor onde? Vou chamar a enfermeira - soltou Murilo desesperado.
- Calma, tô bem. Relaxa um pouco. - falei.
- Diego, olha o que você está me pedindo na sua atual situação. Como não vou me preocupar com a única pessoa que importa pra mim? Como? Me diz?
- Não diz isso. Você tem sua família. - falei com esforço.
- Sim, você é minha família, Diego. - disse ele segurando o choro - Você, meu noivo. O garoto que mudou meu jeito de agir e pensar, o garoto que me fez amadurecer, o garoto que me fez acreditar que amar não é uma perda de tempo, o garoto que eu sonho toda noite dormindo e acordando ao meu lado, o garoto que vai criar um filho comigo e o garoto, que na verdade é mais homem que eu.
Nessa altura Murilo não aguentava mais segurar as lágrimas que já estavam escorrendo por seu rosto. Tentei não chorar, mas era difícil. Peguei a mão de Murilo é apertei o mais forte que pude, o que não era muita coisa, já que estavae sentindo completamente fraco.

- Eu sonho a mesma coisa que você, eu quero o mesmo que você, então por favor, pare de chorar. Depois que eu sair dessa situação vamos tornar cada um desses sonhos em realidade.
- Eu queria que fosse surpresa, mas eu já comprei um apartamento pra nós dois.
- Sério?! Eu queria escolher junto com você.
- Eu queria que fosse surpresa - falou ele tentando fingir que o humor tinha mudado.
- Não deixou de ser, né? Mas estou feliz por isso. De verdade!
- Eu te amo! - falou ele olhando nos meus olhos.
- Eu também te amo, Murilo.
Ele ia começar a dizer alguma coisa quando meus pais entram no quarto e interrompendo o que ele iria dizer.

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