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O churrasco estava ótimo e animado, curti bastante a piscina com alguns amigos de Luciano e observava Murilo conversando com o desconhecido que estava muito cheio de graça pra cima dele. Se eu dissesse que não estava com ciúmes, estaria mentindo, mas preferi fingir que estava tudo bem.

Eu estava com certo receio de ir ao churrasco por saber que iria me senti deslocado em meio a tantos desconhecidos, mas me enganei. Luciano soube dar atenção à todos e inclusive me apresentou a todos como "Esse é meu irmão!" e eu apenas sorria e tentava parecer simpático.

Alguns dos convidados pareciam meio bêbados e/ou animados demais, eu não fazia muita questão em beber, pois nunca fui muito fã e também não sabia se Murilo estava bebendo e se estivesse, eu teria que ir dirigindo pra casa.

O dia ia acabando dando lugar à uma noite estrelada e ao meu cansaço também, eu ainda tinha que voltar pra casa e dormir pelo menos duas horas pra poder voltar de carro para São Paulo e eu tinha que estar no mínimo descansado, já que tinha resolvido voltar de madrugada.

Voltei ao quarto de Luciano, peguei minhas coisas e me vesti. Me despedi de todos e Murilo fez o mesmo e então fomos para casa.

- Nossa, não te via soltinho assim desde quando você era solteiro. - falou Murilo no banco do carona.
- Então tecnicamente você nunca me viu soltinho, pois você não me conheceu nem 10% de mim enquanto estive solteiro. - respondi
- Mas na festa parecia que você estava se sentindo muito a vontade.
- E eu estava. - respondi rindo - Porque não estaria?
- Talvez porque seu namorado estava ali junto com você. - falou ele agora aborrecido.
- Bom, até onde eu sei, eu não fiz nada de mal. - falei. - E é melhor fazendo na sua frente do que as escondidas. Não acha?!
- Aff, você me irrita! - falou ele
- Você que começa a falar besteira e eu que sou o irritante? - falei - Pensei que você já soubesse que quando quiser discutir comigo, você teria que vir com argumentos concretos, caso contrário você não vai ter muito sucesso.
- Não começa! - falou ele ainda aborrecido.
- Eu não estou começando nada, estou apenas dizendo. Por exemplo: qual sua defesa para se explicar à respeito daquele menino que você estava conversando perto da churrasqueira?
- Não tenho do que me defender, apenas estava conversando com ele. - respondeu ele.
- Sério? Porque ele estava te mostrando tanto os dentes dele que eu comecei a pensar que você tinha trocado sua faculdade pra Odontologia. Ele estava sorrindo tanto pra você.
- Diego, não seja infantil. - respondeu ele sério.
- Eu infantil? Murilo, pelo amor à luz elétrica e à quem a inventou, reveja o que você está falando, por favor. Reveja enquanto ainda há tempo.

- Pelo menos eu não estava me esfregando em ninguém.
- Murilo, desce do carro!
- Tá maluco?!
- Desce do carro agora antes que eu enfie essa marcha em um lugar onde você nunca imaginou que ela entraria. - falei sério
- E como eu vou embora? - perguntou ele assustado.
- Se vira! - respondi.
Ele me olhou ainda confuso sem saber se era sério ou não, o que me fez sentir pena dele.
- Permaneça calado até chegarmos em casa, senão eu te largo no primeiro ponto de ônibus, táxi, vassoura ou qualquer coisa do tipo. - falei.
- Existe ponto de vassoura? - perguntou ele rindo.
- EU FALEI CALADO!

Ao chegarmos em mim casa, Murilo foi direto pro banheiro tomar banho, eu arrumei minhas coisas para a viagem.

- Amor - falou Murilo saindo do banheiro. - Sabe, eu estava pensando enquanto tomava banho, eu queria te pedir desculpas pelo o que falei.
- Relaxa! - Falei dando um beijo rápido nele - Tá tudo bem, só evite falar merda da próxima vez.
- Prometo!
Tomei meu banho e ao voltar pro quarto, Murilo ainda estava acordado mexendo em seu celular. Me vesti e me deitei ao lado dele que logo passou o braço por cima de mim, formando a famosa conchinha.

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