Shadows of the past - VAMPIRE ACADEMY FANFICTION

Capítulo 4

Quando entrei, pude prestar atenção nos detalhes e absorver o ambiente, respirando fundo. Lar... Ou pelo menos tudo o que eu sabia sobre isso.

A casa era, na verdade, uma cabana, mas estava em bom estado, com uma varanda e janelas grandes. Eu não fazia ideia de como havia parado ali, mas, desde que fui encontrada, essa era a coisa mais próxima de pertencimento que eu tinha.

Coloquei minha mochila na poltrona e me joguei no sofá, soltando o cabelo e sentindo uma sensação de liberdade e segurança que há tempos não experimentava.

Não sei exatamente o quão rápido eu adormeci, mas senti minha mãe se sentar ao meu lado, pegar meu rosto e colocá-lo em seu colo, me abraçando de lado.

— Senti sua falta — ela disse, emocionada.

— Eu sei, eu senti minha falta por você também — brinquei.

Ela me abraçou e, assim, eu soube que estava perdoada.

Não era como se nosso relacionamento fosse fácil, pois eu sabia que não era exatamente uma pessoa fácil. Além de toda a escuridão que ser uma shadow kissed trazia, eu sempre me bloqueava de todas as pessoas, e muitas vezes até dos meus pais. Mesmo assim, isso não diminuía o afeto e o amor que eu recebia desde sempre.

Oksana era uma usuária do Espírito, um dos cinco elementos que os Moroi podiam possuir. O Espírito era um dos dons que ainda precisava ser estudado, e tudo o que sabíamos era o que eu, minha mãe e meu pai havíamos aprendido entre nós.

Ela e meu pai se formaram juntos, e ele se tornou o guardião dela depois que ela o salvou. Eles se apaixonaram e passaram a viver juntos desde então. Não era muito comum que uma Moroi e um dhampir vivessem casados, e por isso eles preferiam viver um pouco isolados do mundo lá fora.

Sendo um shadow kissed há mais tempo que eu, meu pai me ensinou a controlar os deslizes para dentro da cabeça da minha mãe, os fantasmas que me cercavam, e minha mãe conseguiu curar um pouco da escuridão que o Espírito trazia para todos nós.

Minha mãe também conseguia ler mentes, mas não o tempo todo. Era quase como se ela pudesse fazer um download dos pensamentos e memórias de alguém. Isso fazia com que ela soubesse tudo o que já aconteceu comigo, mas ela respeitava meu silêncio e evitava falar sobre isso.

Além disso, sempre foram abertos comigo e me contaram sobre como fui encontrada. Tudo o que nós sabíamos era que eu havia sido encontrada próximo a um cemitério, dentro de uma cesta, literalmente. Eu honestamente achava isso muito bizarro e louco, e sabia que isso só poderia significar que meus pais biológicos realmente não me queriam por perto.

Minha mãe tentou me colocar na escola da Baía quando eu tinha idade suficiente, mas, digamos que isso... não deu muito certo. Mesmo assim, passei cerca de três anos lá, o suficiente para ser alfabetizada. A partir daí, minha mãe começou a me ensinar em casa, e tecnicamente, já é como se eu tivesse concluído o ensino fundamental.

Sei que, um dia, precisarei voltar e enfrentar uma escola de verdade para conseguir um diploma, mas isso não era uma preocupação no momento. Talvez um dia eu pedisse para que Abe falsificasse um diploma de conclusão para mim.

Enquanto eu estava sentada à mesa, depois de tê-la colocado, e meus pais preparavam o café da manhã, pude observar o quanto eles se completavam. Meu pai me ensinou como desligar a mente da minha mãe da minha, mas ele quase nunca fazia isso. Na verdade, segundo ele, a mente da minha mãe completava a dele, e por isso ele quase nunca a desligava.

Apesar de vivermos numa cabana, havia espaço o suficiente para nós três, e não é como se eu fosse ficar aqui para sempre. No fundo, me sentia sortuda por ter pais compreensivos, quando nem eu mesma me entendia, ainda mais quando me sentia da maneira como sempre me sinto ao vê-los próximos um do outro.