July estava no banheiro feminino. E já que era o banheiro feminino, eu não podia entrar. Fico sentado no piso do corredor esperando que ela saia mas parece que ela desceu pela descarga. Depois de alguns minutos que pareciam horas, ela surge na minha frente com as mãos na cintura e olhos cerrados. Ela não quer conversar sobre Cody Lee. Nem até mesmo sobre livros. Mesmo ao meu lado, mesmo sendo minha namorada de mentira, July não solta uma palavra se quer comigo. Permance em silêncio por onde quer que vamos. Enquanto caminhava pelo corredor vazio de High School Newt, o barulho de seus saltos era minha conversa. Ela não estava chateada comigo. Estava chateada com o que eu pretendia dizer ao Cody. Perdoá-lo? Talvez.
Ainda tínhamos duas aulas, mas July resolveu ir para casa. Fiquei no colégio sozinho. Sem companhia. Pra falar a verdade; eu também não queria assistir aula mas não queria voltar pra casa a essa hora. Mamãe não iria acreditar na desculpa de voltar cedo do colégio. O refeitório está vazio então decido-me ficar lá. Coloco meu fone de ouvido e simplesmente viajo na música "Look After you" da banda The Fray. Mas minha tranquilidade termina. Alguém me puxa pelo braço com a maior brutalidade. Stefan Walter. Um garoto da minha classe. Alto, olhos verdes, cabelos castanhos, e belo físico. Ela sorri para mim com um olhar terrivelmente assustador. Dou um passo para trás. Stefan vai acompanhando. Dou outro passo, mais um, até que fico sem saída por conta da mesa. Stefan chega bem próximo a mim sem tirar os olhares fortes. Passa a mão no meu rosto pálido de medo, e em seguida começa a desliza-la lentamente pelo meu corpo trêmulo.
- você tem os olhos mais penetrantes que já vi - diz ele, parando a mão na barra da minha cueca - e tem o cabelo mais caxeado dos garotos desse colégio.
- por favor... Me deixe em paz.Ele volta a mim olhar com os olhos cerrados, e bate na minha face. Ferindo-me nos lábios. Tento gritar mas ele abafa meu grito com uma das mãos, enquanto a outra me prende junto ao seu corpo. Ele me beija no pescoço. Sinto seu pênis duro na minha coxa. Ele me aperta com força. Com mais força ainda. Fico gemendo de medo. Começo a chorar. Ele me joga no chão e me chuta. Cospe em mim em seguida. Fico no chão sem saber o que fazer. No momento, só sei chorar em silêncio.
- conte isso à alguém, e acabo com sua vida - sussurrou Stefan, beijando-me na orelha direita - se eu souber que você andou dizendo alguma coisa sobre o que eu acabei de fazer, só te falo uma coisa. Não vai prestar.
Ele sai andando como se nada tivesse acontecido. Vira a esquina no corredor, e desaparece. Enquanto eu... Ainda no chão, não parava de chorar. Sinto gosto de sangue em minha boca. Um pequeno corte se formou no meu lábio por conta do forte tapa que ele me deu. Como faço para explicar a marca no meu rosto a minha mãe? Estava perdido. Desesperadamente perdido. Completamente assustado com o que passei. Loucamente... Atormentado.
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Isaac
RomanceVivemos em mundo, onde o preconceito vem à tona, onde a dor precisa ser suportada, para que nos momentos de fraqueza, possamos nos permitir agir de uma forma extremamente agressiva, acorrentado a sensibilidade.