Tudo o que preciso

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Luna não para de nos dar ordens o tempo todo. É a única que não se cansa de andar dois quarteirões inteiros sem nenhum descanso. Com seu jeito meigo e encantador de garota aventureira, Luna não perdia o equilíbrio nos saltos enquanto caminhava quase desfilando nas ruas de Nova York. Não posso dizer o mesmo dos outros. Cansados, torturados, e mortos. Parecendo os zumbis de "The Walking Dead". Quando Luna virou a esquerda e depois a direita numa esquina, achamos que ela tinha esquecido o endereço do cara. Mas não. O cara mora tecnicamente nos fundos de uma loja de bijuterias. Um pequeno apartamento estilo casca de ovo. Kevin Heley. Olhos castanhos, cabelos escuros, físico forte, e um quarto muito, muito foda. Guitarras, CDs do "30 Seconds To Mars, Evanescence, Avenged Sevenfold, The Fray, Link Park, Paramore, e Nirvana". Letras de musicas nas paredes, revista da Playboy jogada na cama, uma TV super foda, e uma coleção de All Star. Kevin tinha tudo para ser um garoto interessante, se não fosse por seu vício por cigarros e outras coisas. Não consigo imaginar Luna se agarrando com esse cara. Tudo bem que ele é bontinho e tudo mais, mas... Cigarros? Drogas? Numa boa, não rola não. Cody evita até de dar um "oi" para cara. Ele fica nos esperando no estreito corredor, enquanto July, Nick, Luna, e eu, ouvimos Kevin tocar um pouco. Hoje às quatro da tarde ele vai tocar em um bar. Já estou até vendo, bebidas, gritaria, danças loucas, caras sarados que vivem esfregando o pau nos outros, garotas oferecidas, drogas, e mais drogas. Tudo isso em pleno dia em um bar ridículo. Talvez Nick irá gostar disso tudo.

Estamos todos reunidos em uma mesa próxima ao pequeno palco iluminado por algumas lâmpadas minúsculas, esperando Kevin tocar em sua banda de rock alternativo. O lugar é pequeno e chato, e está cheio de jovens safados que não conseguem se recusarem ao álcool. July não se sente a vontade em lugares como este, ela sempre acaba se refugiando nas batatas fritas e nos palitinhos de queijo. Luna e Nick se soltam na pista de dança, tentando chamar a atenção de alguns garotos ao lado. Um deles pisca para Nick e o chama para conversar. Cody me chama para ir lá fora. Deixo July com suas batatas fritas, enquanto sou puxado pelo braço com um pouco de força.

- faça-me companhia - diz Cody com seus olhos penetrantes - não estou me sentindo bem lá dentro. Acho que Luna foi longe demais com essa ideia de diversão.
- também acho - concordo - eu te faço companhia. Estou gostando desse seu novo jeito de ser.
- é mesmo? - ele pergunta enquanto se aproxima um pouco mais de mim - e se eu te disser que estou cada vez mais apaixonado por você? Você se abre comigo?

O vento frio bate em meu rosto. Olho para baixo, tentando não deixar a tristeza invadir meu sorriso. Tarde demais.

- ei? Não fique assim. Quando você estiver pronto para conversar sobre isso, é só me procurar. Quero te ajudar Isaac, quero te ter ao meu lado para todo o sempre. Eu te amo.
- não posso dizer o mesmo - digo com o coração apertado - não agora. É cedo para dizer o que sinto por você, mas... Sinto que vou precisar ter você ao meu lado algum dia. Preciso da sua ajuda com alguma coisa que estar por vim.
- tudo bem. Vou estar ao seu lado sempre. Sempre.

Ele me abraça. Beija minha testa e então, sinto-me seguro.

- é disso que preciso.
- de quê?
- de seus abraços seguros. De seu calor. De sua proteção. É tudo o que preciso para esquecer meus momentos ruins - digo ainda em seus braços, enquanto o sol ia se pondo lentamente, como se estivesse esperado minhas palavras saltarem com verdade. Como se ele soubesse o que o amanhã me traria.

IsaacOnde histórias criam vida. Descubra agora