Depois de toda aquela confusão na cafeteria, chego em casa quase morto. Minha camisa estava suja de chocolate, e meu cabelo estava com alguns cristais de açúcar. Minha mãe quase teve um infarto ao me ver nesse estado. Mas não por eu estar completamente acabado, nervoso, pálido, e sujo. E sim, por saber que quase levei um tiro. Mas... Algum idiota que não tem o que fazer, acabou contando o que aconteceu, ou "o que não aconteceu". Cody Lee. Fiquei me perguntando como foi que ele soube do que tinha acontecido, e ligou ligeiramente para minha mãe, contando uma outra história completamente falsa. Puta que o pariu.
- só me responda uma coisa - começou mamãe - você é gay?
Meus olhos ficam maiores do que são. Sinto um pequeno aperto no peito e mergulho na mentira.
- não. Por que?
- porque você sai do colégio e vai direto à uma cafeteria com seu amigo Nick, que é gay. E sem falar que você quase morreu num fogo cruzado entre a garsonete, que era dona do estabelecimento e contrabandistas, e um ladrão que era ex-parceiro dela!
- mãe? - indaguei - eu estava com a July. E... Como você sabe de tudo isso? Foi mais uma obra do Cody Lee? Ou virou uma detetive, e não fiquei sabendo?
- não minta pra sua mãe garoto. Eu apenas quero o seu bem, você deveria ter um pouco de consideração com a coitada aqui. Não quero que você deixe de se divertir, jogar, fazer sexo quase todos os dias, não. Não é isso. O que quero é que pare de andar com esse Nick. Só isso.
- só isso? Você quer que eu deixe de ser amigo de alguém, só porque essa pessoa é gay? É isso?
- sim.Quase chorei. Mas minha raiva foi mais forte, e simplesmente suspirei forte e me dirigi às escadas para me trancar no meu quarto. No meu mundo.
Sete da noite, minha mãe bate na porta do quarto. Não a abro. Não respondo. Deitado na cama olhando para o teto, ouvindo aquelas insuportáveis batidas segundo a segundo. "Quero ficar sozinho". Digo com a voz sonolenta. Então ela me diz o que veio me contar. Não entendi. Era definitivamente impossível, e definitivamente ridículo. Então... Pergunto:
- quem quer me ver?
E ela mais uma vez me diz:
"Sua namorada te espera no fim da rua".
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Isaac
RomansaVivemos em mundo, onde o preconceito vem à tona, onde a dor precisa ser suportada, para que nos momentos de fraqueza, possamos nos permitir agir de uma forma extremamente agressiva, acorrentado a sensibilidade.