Capítulo Doze

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Eram nove horas da manhã de uma sábado, eu já estava me sentindo completamente cansado e com sono. Muito sono. Levantei da minha cama e me espreguicei para afastar a preguiça, ansioso para enfim desvendar tudo por trás do paradeiro de Megan. Eu sabia que ela estava jogando e sabia também que isso era muito perturbante. Eu tinha certeza que ela me daria algo relacionado aos Power Rangers. Eu queria que não fosse.

Depois de um banho rápido e de ter tomado meus remédios diários, eu descia até o andar de baixo onde ouvi minha mãe conversando com uma pessoa. Era a voz de uma mulher, muito roca e grave, me lembro de já ter ouvido aquela voz uma vez, e lembro-me de também não gostar dela. Quando já estava descendo os últimos degraus da escada, minha mãe apareceu no aro da porta usando luvas de proteção não mão e um avental no corpo. Ela estava lambuzada de alguma coisa que parecia massa.

– Bom dia querido. – ela disse toda alegre. – Temos visitas hoje, venha dizer oi.

Desci pulando os últimos degraus, não porque eu estava com vontade de ver aquela pessoa, mas sim para acabar com toda aquela angustia desconfortante.

Mas logo me impressionei com que estava sentada no balcão da cozinha, e uma senhora mais velha da voz chata que ajudava minha mãe no preparo do almoço. Lisa e sua mãe de cara de pêssego.

– Olá. – disse Dona Martinez.

– Oi. – respondi curto, sem tentar parecer grosso.

– Estávamos falando de você a pouco. – disse minha mãe batendo algo num grande pote. – Soube que já conhecia Lisa, você não me disse nada sobre ela.

Eu encarei Lisa e ela lançou um sorriso para mim.

– Acho que estamos kits nesse quesito. Não me lembro de mencionar Tommy para minha mãe. – falou Lisa sorridente.

As duas mães trocaram olhares.

– Eles são tão fofos falando um do outro. – disse minha mãe, mas ao ver que eu estava ficando vermelho, acrescentou. – Leve Lisa para ver a casa, ela disse que gostaria. Voltem para o almoço.

Acenei com a cabeça e indiquei que Lisa me seguisse. Ela saltou do banquinho com as mãos nos bolsos da Minicalça e me seguiu cozinha a fora. Embora eu não reparasse muito no que as mulheres usavam hoje em dia, eu com certeza reparei no que ela usava. Uma camisa simples regata branca, onde ficava a mostra o aro do sutiã no ombro. Uma minicalça que chegava ao meio de sua perna, deixando a mostra suas lindas e delicadas pernas. Exatamente como eu imaginava, Lisa estava usando pulseiras de veludo de cores diferentes em ambos os braços; e verde e um vermelho, para ser mais exato. Seus pés calçados com um sapato simples.

– Devo te agradecer por me tirar de lá. – disse Lisa assim que saímos para o hall de frente para a escada. – não suportaria mais um segundo das histórias de quando éramos bebê.

– Considere um privilégio. – eu disse me sentando na escada. – eu não entendo "mães". Porque o assunto que mais falam é sobre os seus filhos?

– Vai ver porque amam demais e não tiram da cabeça.

– Posso afirmar que sim. – eu sorri por ver o sorriso dela. – está a fim de ver o meu quarto?

– Considere um privilegio. – ela disse subindo primeiro as escadas.

Eu a segui acompanhando suas pegadas leves.

Enquanto subia eu me lembrei de uma coisa meio constrangente no passado. A primeira vez em que eu e meu pai falamos de sexo. Eu tinha treze anos e estava tendo uma paixão platônica por uma colega de classe. Lembrava-me de seu rosto perfeito e seu delicado jeito de se mover. Como uma verdadeira dama. Quando perguntei para meu pai oque eu estava sentindo quando via aquela garota, ele me disse: "isso é o maldito amor". Não questionei mais sobre oque queria dizer aquilo, mas ele prosseguiu como se percebesse que eu queria uma explicação sensata: "Quando uma pessoa se apaixona, sabe-se que ela ficara cega e não enxergara nada a não ser aquela pessoa". Eu havia esperado um momento até perguntar: "mais porque sinto essa sensação de vazio? Como se eu precisasse do corpo dela?". Ele não havia rido, ao contrário, ficou sério e disse: "São os hormônios atingindo uma idade, acredite, não voltara a ter essa sensação depois de fazer sexo com ela". Foi ali que terminou minha primeira conversa familiar de sexo.

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