Capítulo Nove

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A aula do Sr. Gates foi excelente. Era o típico professor que pega no pé de seus alunos como vontade do que faz. E eu adoro quando os professores são assim, porque eu realmente aprendo tudo que eles falam. Kian mais gargalhava do que prestava atenção, sempre dizendo: "esse cara é um gênio" oque não deixava o professor aborrecido.

Tivemos mais duas aulas antes da hora do almoço e depois que saímos da terceira sala da aula de Inglês, da Sra. Catarina, uma velha rabugenta e verruguenta; seguimos juntos para o refeitório do Alfa. Eu a todo o momento queria que as pessoas me olhassem e pensassem: "Cara, ele é amigo de Kian Walker!" e pudessem ter um pouco mais de respeito. Mas acontece o seguinte: em toda a minha vida escolar eu nunca vi nada igual. Todos os estudantes se comportavam, um ajudava o outro. Não havia brincadeirinhas e coisas do tipo ali. Um jogador de futebol pegou a bandeja para um deficiente de cadeira de rodas e entregou a ele. Uma menina loira de óculos e rabo de cavalo chorava em uma das mesas e outras meninas "as patricinhas descoladas" a consolavam com palavras leves e calmantes. Não havia divisão de classes sociais, nem de raças.

Eu entrei na fila para pegar a minha bandeira da merenda do colégio, como todos os outros estudantes. Quando cheguei, uma senhora gorda e ruiva sorriu para mim e estendeu a bandeja.

– Você é Novato. – disse ela sorrindo um sorriso gordinho. – meu nome é Wanda e espero que goste da minha comida.

– Oi, sou Tommy. – disse pegando a bandeja com ambas as mãos. – e parece sim, muito delicioso.

– Cuidado Wanda, esse Novato aqui é todo do certinho. – disse Kian atrás de mim segurando o carrinho com uma das mãos. – ninguém ainda deu uma coronhada estilo Alfa pra ele acordar.

– Espere. – eu disse assustado. – ser certo aqui é crime?

– Ser certo aqui é desvantagem, você não diz obrigado para um cara que acabou de enfiar sua cabeça na privada. – disse Wanda.

Tem sentido.

– Vou tentar ser... hã... descolado.

Wanda e Kian riram.

– Ninguém aqui é descolado Tommy. – disse Kian. – Todos são como você, e todos são como eu, ou Wanda.

– Escute seu amigo, meu amigo. – disse Wanda.

– Obrigado Wanda Delicia. – disse Kian enquanto pegava sua bandeja com apenas uma mão. Se retirando comigo.

– Bon appétit, seu gostosão. – disse Wanda em francês, enquanto saiamos.

Kian se livrou para mim e sussurrou:

– Acho que ela quer me comer.

Kian e eu nos sentamos a uma mesa vazia. Assim que coloquei minha bandeja sobre a mesa tomei a liberdade para ajudar Kian, segurando a bandeja e colocando na mesa. Ele se sentou e colocou o carinho com o cilindro mais para perto. Sentei-me ao lado dele a fim de saborear a refeição.

– Parece cada dia mais pesado. – disse Kian. – Minha mãe não pretende comprar outro Chico para mim, então vou ter que roubar um do hospital.

Eu o encarei.

– Chico?

– Segundo Lisa, meu carrinho faz tanto barulho quando o arrasto, que lembra muito o seu tio Chico que mora no interior. Achei o nome legal. – Kian sorriu enchendo a boca com purê de batata.

Olhei para minha bandeja, uma refeição simples e nada muito chamativa. Peguei a colher e enfiei nela, levando até minha boca. Estava tão deliciosa que eu quase não mastigava. Coloquei a colher outra vez, e outra.

KianOnde histórias criam vida. Descubra agora