Capítulo Dez

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A vida de Kian Walker era cheia de mistérios e sucessos. Como um pobre menino indefeso virou o centro de um império? Eu nunca iria saber, mas sabia que apenas ele estava me ligando ao que eu realmente queria para minha vida. Era surreal, eu sei, mas está realmente acontecendo.

Algum tempo atrás eu me imaginava chegando a um novo colégio e receber a prestigiada puxada de cueca, ou ter minha cabeça entalada na privada, até mesmo ser derrubado constantemente com a bandeja de comida na mão. Porém em Alfa eu estava me sentindo diferente, como se fizesse parte de um grupo popular escolar onde todos se respeitavam. Onde suas opiniões fossem escutadas e avaliadas. O lugar em que todos e tudo eram importantes.

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Eu estava caminhando segurando a mão de meu pai. Eram pouco mais do fim da tarde quando ele me buscou no colégio. Não seguimos para casa, fomos direto para um lugar que eu conhecia bem.

– Porque a gente veio aqui? – eu perguntei quando chegamos ao Lar dos Montes. Uma cachoeira enorme que ficava bem ao fundo na cidade, um lugar cercado por mata e florestas pequenas. O lugar ideal para esquecer o estresse do dia a dia. – mamãe não vai gostar.

– Mamãe entende o motivo certo. – meu pai respondeu, se sentando em um banco de frente ao rio formado pela cachoeira.

Havia muitos banhistas e pessoas fazendo piqueniques. Uma vez fizemos tudo isso quando papai estava de férias do trabalho. E era uma das coisas que eu mais gostava de fazer.

– O que vamos fazer aqui? – perguntei.

– Eu gostaria de saber seu primeiro dia de aula. – ele me pôs no colo e nós dois passou a observar a água caindo em sucedidas quedas. – se arranjou um amigo, se fez amizades com algumas pessoas. Como foram os professores...

– Sim. – eu disse. – conheci um menino que se chama Vitor. Porque quer saber?

Foi então que meu pai tirou de dentro do bolso da camisa uma moeda antiga. Ele a girou entre os dedos para que eu pudesse ver perfeitamente os dois lados da moeda. Era grande, tinha a figura de um homem em um dos lados e uma enorme coroa do outro lado. Era amarela e bela.

– Oque é isso?

– Minha moeda da sorte. – disse meu pai todo sorridente. – todos os amigos que conheci e que são meus amigos até hoje, foram escolhidos pela moeda. Se você se encontrar com uma nova pessoa, jogue na moeda, se o lado escolhido cair para cima, está pessoa se tornará seu amigo.

Eu segurei a moeda entre minhas mãos, era gelada. Olhei para ambas as faces e franzi a testa para meu pai.

– É apenas uma moeda.

– Moeda essa que mudou a minha vida. – disse meu pai. – a muitos e muitos anos essa moeda vem passando de geração a geração e nunca nos decepcionaram. Não funciona apenas por amizade; ela nos da às aquilo que precisamos e não oque nós queremos.

Olhei novamente para ter certeza do que estava vendo. Meu pai não era homem de se encantar com fantasias e contos de fada. Ele sabia que aquilo não era possível. Mas eu acreditava a todo o momento em meu pai. Ele me deu essa liberdade, me deu a confiança.

– Então você quer que eu veja se Vitor vai ser meu amigo.

– Amigo ou não. Devemos confiar em nossos extintos. Quando se tem pelo menos um amigo na vida, seu mundo é mais feliz.

– Pai?

– Sim, campeão.

– Você é meu melhor amigo.

Meu pai sorriu.

– Seu amigo e seu pai. – ele disse.

– E meu herói. – eu fechei a moeda em minha mão.

KianOnde histórias criam vida. Descubra agora