Capítulo Treze

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Avisamos nossas mães, e saímos pela rua. Era pouco mais de uma da tarde e o sol estava fervente. Tão quente que fui me desidratando em poucos segundos enquanto seguíamos livremente pela calçada quente. E quando avistamos o Pilar Torcido pude agradecer por termos chegados antes de um desmaio.

O suor grudava meu cabelo na testa, eu tirei meus óculos para esfregar os olhos ardentes. Joguei meus cabelos para trás com uma das mãos e recoloquei os óculos em seguida, em ponto de ver Lisa me encarando, sem suor, sem nenhum sinal de cansaço.

– Quanto por cento de vista você ainda tem? – perguntou ela quando voltamos a andar em direção a pista de skate.

– Vinte por cento. – eu disse bufando de cansaço. Por eu ser muito magro eu me cansava fácil, mas não era exatamente pela minha magreza e sim porque eu nunca fiz nenhum tipo de atividade física. – E não tem nada haver com a Heterocromia.

– Tenho certeza disso. – ela disse apontando depois para o horizonte, para a pista de skate. – Acho que encontramos nossos necessitados.

Kian estava em pé ao lado da pista segurando o Chico ao lado. Ele gritava para as pessoas que praticavam dentro da pista, parecia gritar para uma em especial, pois seguia os movimentos com a cabeça. Vi Jake largado num banco próximo com a cabeça para trás e os olhos fechados, respirando lentamente. Ele não se mexeu quando me aproximei deles.

– Kian! – chamou Lisa assim que chegamos.

Kian nos olhou e abriu um sorriso branco e chamativo. A cânula em seu nariz deu uma mexida quando os músculos de seu rosto se contorceram com o sorriso.

– Olha só, ela trouxe o Novato. – disse Kian pulando o Chico até o nosso encontro. – Bem que eu disse que vocês dois se dariam muito bem.

– Não estamos aqui para isso. – disse Lisa constrangida. – Porque me chamou?

Kian fez uma careta e apontou para a pista de skate. Logo localizei Kate indo de uma ponta a outra da pista, ela parecia ter medo de dar impulso com o pé. Provavelmente por causa daquele episodio a qual machucou o joelho. Ela usava todo o tipo de proteção existente na Terra para se proteger de uma queda. Incrivelmente e também muito esquisito, ela usava um colete a prova de balas rosa.

Eu esperasse que Kian desse alguma explicação para isso, mas ele apenas rio.

– Na boa. – ele disse. – se eu ter que dar mais alguma explicação de como se manter em pé em cima de um skate para Kate, acho que eu surto. É por isso que te chamei.

Kian chamou a irmã. Quando ela olhou para a gente deu um sorriso. Pegou o skate e veio correndo.

– Lisa! – disse toda sorridente. – e oi, Tommy.

– Oi.

– Não me diga que você está outra vez decaindo no sei treino? – perguntou Lisa completamente raivosa. – venha aqui agora mesmo. – Lisa segurou o braço de Kate e a puxou para a pista.

Observei as duas conversando a uma distancia afastada. Depois, Lisa retirou o capacete de Kate e o colocou em sua própria cabeça. Eu já estava imaginando oque viria a seguir. Mas confesso que não era e nunca seguia oque eu esperava. Mais uma vez, não imaginava a capacidade de Lisa de esconder muito bem seus segredos e suas qualidades mais profundas e bonitas. Lisa só não deu uma aula a Kate sobre Skates e manobras, deu um belíssimo show. Todos que lá estavam, os que praticavam e os que observavam, pararam seus afazeres para vê-la brilhar.

Qualquer sinal de murmúrio e movimentação estava dispenso. Elisabeth era o único e perfeito movimento sincronizado diante de mim. Eu nunca gostei de skate, mas vê-la me deu uma vontade de praticar o esporte mais que qualquer coisa na vida. Ela ia de um canto a outro, mostrando em mínimos detalhes para Kate como que poderia perder o medo e deixar-se levar pelo movimento leve e suave. E ainda arriscou a fazer algumas manobras como: Backside e Kickflip. E outras menos mortais como o Ollie e o Crab. Tá legal que eu não entendia de skates, mas todo menino aprende algo de meninos, como o futebol, por exemplo. Não me sinto gratificante, porém Lisa devia ser melhor que eu em tudo.

KianOnde histórias criam vida. Descubra agora