Capítulo Quinze

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A casa de Jake era o oposto da casa de Kian. O lugar era infestado de beleza. Logo no hall de entrada havia um arco bem decorado com folhas e plantas coloridas, a parede e a porta de entrada mostravam que recebera a pintura recentemente, e a cor era vivida. Uma visão encantadora.

Jake nos levou até uma sala confortável no andar de baixo. Sentei-me em um grande sofá ventilado por dois enormes ventiladores de teto. Lisa olhou para mim e deu de ombros. Observei-a olhar para as coisas em volta da sala de Jake com certo entusiasmo. A luminosidade do local deixava seu rosto ainda mais belo e encantador.

Jake se sentou defronte a mim se largando no sofá. Era óbvio que também sentia o calor daquela tarde fervente. Um silêncio perdurou por breves segundos.

- Então é isso? – perguntou Lisa. – Vamos apenas esperá-lo?

- Eu mandei uma mensagem. – disse Jake encostando a cabeça no sofá. – Uma hora ou outra ele vai acabar verificando o celular. Ele não pode estar fazendo algo tão importante assim.

Na verdade, querendo ou não, o que Kian andava fazendo poderia não ser importante para ele ou para Jake, mas era profundamente importante para mim. Aquela carta de Megan em mãos erradas e o que havia por trás daquilo tudo, bem antes de nos mudarmos, bem antes do ocorrido poderia significar um desastre. Bom, isso era péssimo. Você não pode mudar as coisas se os fantasmas de seu torturante passado viver na cola de sua sombra, e te revivendo em pensamentos todo o mal que viveu.

Não demorou muito, até uma mulher loira e bem bonita aparecer na porta da sala. Ela olhou sorridente para mim e eu retribuí envergonhado. Tinha aparentemente uns quarenta e poucos anos de idade, mas tinha uma pele lisa e colorada nas bochechas, usava um vestido branco e rendado. Tentava encaixar um brinco na orelha esquerda, parecendo ter grande dificuldade. Era realmente uma mulher muito bonita.

- Oi mãe. – disse Jake ainda largado no sofá.

- Chegou cedo. – disse a mãe dele em uma tentativa frustrante de encaixar a tarraxa do brinco. – Novo amigo?

- Mãe, este é Tommy. – apresentou Jake.

Levantei-me no mesmo instante e cumprimentei a mulher. Ela me puxou pelo braço e me deu um beijo na bochecha. O cheiro de perfume invadiu meu nariz. Doce e leve, me lembrando do perfume que Megan costumava usar. Essa pequena lembrança me gelou. Talvez achasse que era da minha cabeça, mas um pressentimento ruim me chegou à tona.

– Muito prazer em conhecê-lo Tommy. – disse a mãe de Jake. – Meu nome é Megan.

Um segundo e tudo passou pela minha cabeça. As conversas fiadas com Megan nos corredores do antigo colégio. Nossa saída para a festa de baile. E todas as nossas brigas infantis por causa de melhores cantores de bandas, ou series que nunca terminávamos de assistir. Naquele momento, eu tinha certeza que estava branco.

- Tudo bem com você, querido? – perguntou a Megan-Mãe.

- Oh, claro. – eu respondi percebendo minha face queimar de vergonha. – Pra-prazer em conhecê-la também.

Megan-Mãe deu um sorrisinho e se virou para Lisa. Sentei de volta no sofá como uma bomba, a vergonha preenchendo casa centímetro de meu corpo.

- Oi, Lisa, tudo ótimo? – perguntou a Megan-Mãe.

- Estou sim senhora. – Lisa abriu um grande sorriso iluminado. – Está com o problema com o brinco?

- Essa merda não encaixa. – a mãe de Jake rio de si mesma.

Lisa se levantou e foi ajuda-la.

- Não que seja de minha vida, mas, senhora, esse vestido está muito mal em você.

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