4.

122 12 89
                                        

Sem sair debaixo das cobertas, ela puxou o celular, e eram 17:42. A tela cheia de notificações. Duas da Nanda, uma dizendo "voltando pra casa agora, ao meio-dia, SIM SENHORA" e outra "tá tudo bem?". E outras de Luca. Ela sentou na cama para ler.


"primeiramente, bom dia"


"segundamente, espero que minha esquisitice não tenha te assustado pra sempre"


"mas eu curti você, e sei lá, quiser companhia aí... me liga, me manda um telegrama"


"se algumas das mensagens queimou meu filme, deleta e finge que não existiu: MAGIA"


Ela deixou escapar um sorriso enquanto lia, e por um segundo esqueceu todo o resto das confusões à sua volta. Luca era um respiro depois do inferno que foi viver um mês debaixo do mesmo teto que Diego, sem dormir até ele chegar às 5 ou 6 da manhã do trabalho, mesmo que ela tivesse que acordar as 8 pra trabalhar. Sem comer porque o tal nó na garganta não ia embora e tirava todo o seu apetite. Sem conseguir raciocinar se não bebesse de vez em quando. O timing estava uma merda pra um cara ótimo aparecer.


Tentando ignorar a cabeça, ela respondeu:


"Eu aceitaria um café ou uma cerveja um dia desses"


E conhecendo a amiga, logo depois respondeu Nanda dizendo que "parabéns, campeã, e tá tudo bem sim", antes do bombardeio de preocupação começasse. Não deu nem um minuto, e o celular vibrou com uma notificação de resposta. Ela jogou o celular sem querer, surpresa. Se arrastou até o outro lado da cama pra pegar o telefone de volta.


"não to fazendo nada agora que já cochilei, quer fazer algo?"


Será se? A primeira vez que ela viu o cara, quase se desmontou chorando, será que encontrar ele agora seria uma boa?


"Eu to meio chata que nem ontem, serve?"


E quase de imediato, a resposta: "olha, aviso que quem está na bad vibe agora sou eu, não queria te contaminar mais. mas se estiver vacinada..."


E o que ela tinha a perder mesmo? Já começou na brodagem mesmo. E se não fosse, Diego já tinha saído, não tinha mais nem a chave. O apartamento era todo dela, não devia satisfações a ninguém.


"Tomei as doses todas. Vamo aí."


____________


Ele estava mesmo a cara da bad vibe. Sentado no boteco onde combinaram de se encontrar, com um moletom cinza com o capuz cobrindo a cabeça abaixada enquanto mexia no celular de óculos (e que gracinha ele ficava de óculos), com um bico do tamanho do mundo. Quando ela se aproximou, ele abriu um sorriso, levantou e deu um abraço apertado. Ela ainda ia precisar de um tempo pra acostumar que isso era o jeito dele abraçar normal.


- E aí, estranha? Conseguiu dormir?


How To Fight LonelinessOnde histórias criam vida. Descubra agora