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No dia seguinte, ao voltar do psiquiatra, uma coisa muito importante fez Julia tomar coragem de mandar mensagem para Luca: o fato de que Nanda roubou o celular dela, perguntou o que ela mandaria se decidisse falar com ele, e mandou por ela.

- Eu acho que eu diria que o fim de semana passado foi pura besteira, e que eu queria vê-lo de novo. Mas eu não posso mandar isso.

- Não, não pode. - disse Nanda, com o celular na mão. - Porque senão a mensagem iria duplicada, porque eu acabei de mandar.

- Você não ousaria.

- Ju, você deveria me conhecer bem o suficiente pra saber que se tem uma coisa que eu sou nessa vida, essa coisa é ousada.

- Não!

Ela pulou a cama para chegar até Nanda e tirou o celular das mãos dela.

- Já tem até resposta, mas eu deixei pra você ler!

Tinha mesmo. Que maldita. Lá estava a mensagem enviada e a resposta.

"então, fds passado foi meio besteira, né? queria ver vc de novo."

"claro, baby! quando você puder. amanhã eu to livre se você quiser"

- Nanda, pra começar, eu não escrevo assim. Eu mando mensagem direitinho.

- O importante era mandar antes que você notasse que o celular estava na minha mão. O que ele respondeu?

- Que claro, quando eu puder, e que amanhã tá livre.

- Ótimo, marca aí.

- Mas cara...

- Mas cara nada. Marca aí. Não enche o meu saco. Vai te fazer melhor, e você sabe.

Ela bufou e começou a digitar:

"Amanhã umas 2, você pode? A gente pode ir tomar um café aqui perto"

A resposta veio quase que imediatamente: "estarei lá :)"

Ela sentou na cama e respirou fundo. Nanda tinha, na sacanagem, feito eles voltarem a se falar. E agora a se ver.

- Agora, por favor, vamos escolher a coisa mais linda em todo o seu armário.

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Quando Nanda caprichava, ela caprichava mesmo. Escolheu um vestido branco leve para Julia, mas combinou com meia-calça, bota e jaqueta de couro, tudo preto. Ela ficou se sentindo pelo menos um pouco mais gata depois de uma chuva de elogios da amiga. E quando chegou no café para encontrar com ele, Luca também não estava pra brincadeira. Com uma camiseta preta meio certinha, uma calça marrom e tênis, e aqueles óculos de aro preto, ele estava maravilhoso. Ele estava sempre parecendo um modelo de capa da GQ, mas talvez não vê-lo depois daquele discussão idiota tivesse mexido com ela, e as borboletas invadiram o estômago.

- Hey.

- Hey. Como você tá, Ju? - ele se levantou, um pouco atrapalhado da mesa, e foi abraçá-la. Aquele abraço apertado incrível. Se sentaram de frente um pro outro na mesa.

- Tô indo. E você?

- Indo. Altos e baixos. Sei que faz só uma semana, mas sem falar com você, nem um diazinho... Fez falta.

- É, sei como é.

- Não achei que você ia ficar em silêncio total.

- Não se sinta tão importante. Eu fiquei em silêncio a semana toda com um monte de gente. Não tava bem. - Ele esticou a mão para buscar a dela, mas ela permaneceu com as mãos entre as pernas.

How To Fight LonelinessOnde histórias criam vida. Descubra agora