As duas sentaram no café por horas, com os mesmos copos na mesa, e Julia tentou só ouvir o que Nanda tinha a dizer, enquanto Nanda tentava falar o máximo para distraí-la. Depois do café, conseguiu convencê-la a ir andar pelo bairro, até que parassem na frente do Celsius, enquanto ele ainda nem tinha sido aberto.
- Nanda, não quero, sério.
- Eu não vou sair do seu lado, eu juro. Mas te faz bem. A gente vai embora cedo. Olha quem tá vindo aí, por sinal.
Léo chegava no trabalho com os fones de ouvido, e ao ver as meninas, abriu um sorriso. Ele já tinha trabalhado com Julia por anos em uma agência e desde que largou o mundo da publicidade, continuou muito próximo dela. Tirou os fones, deixando-os pendurados nos ombros e cumprimentou as duas.
- Oi Nanda, Julia. Chegaram antes de mim, que pressa é essa?
- To tentando convencer a Julia aqui a aproveitar a noite, me ajuda, Léo.
- Claro, fiquem ai, gente. Vocês são sempre bem vindas. Vou abrir aqui pra vocês ficarem lá dentro comigo.
Ele tirou o bolo de chaves do bolso, e abriu o bar. Acendeu as luzes, e foi para trás do bar arrumar tudo. Nanda se apoiou no balcão e puxou Julia para fazer o mesmo.
- E ai, Léo, como estão as coisas aqui? Alguma bebida que você quer testar se é boa e precisa da nossa opinião, sei lá? - ele riu enquanto organizava as garrafas.
- Eu acho alguma coisa legal pra você aqui, deixa só eu me achar nessa bagunça. A menina nova é meio enroladinha. E já devia ter chegado pra me ajudar.
- De boa. Vou no banheiro e depois roubo sua mercadoria. - Nanda piscou e foi para o fundo do bar, onde o banheiro ficava. Léo levantou os olhos para Julia, que não tinha aberto a boca ainda, e parou de arrumar as coisas por um segundo.
- E como você tá, Ju? Eu não te vejo faz quase um mês, um dia que você mal chegou e já foi embora.
- Ah, esse dia. Uma menina derrubou cerveja em mim e em outro cara, e a gente saiu pra conversar. Sabe, típica história. Menina conhece menino, menino tem ex que ainda curte, menina fica sozinha de novo.
- Relaxa, acontece nas melhores famílias. E o Diego, te deixou em paz? Porque se não deixou, to precisando só de mais uma desculpinha pra comer aquele moleque de porrada.
- Eita, mas brigou com ele assim?
- Confesso que tomei dores que não eram minhas. Eu te adoro, Juju, fiquei revoltado com o que ele fez, embaixo do meu nariz. Mas ele veio me acusar de demitir a Malu por isso, pra começar. Que não é verdade, eu demiti a Malu porque ela era uma irresponsável, que vinha trabalhar quando tinha vontade, e quebrou copos o suficiente pra igualar o salário dela. E eu demiti antes de saber, além de tudo. E daí ele esnobou foda que tinha arranjado um emprego melhor, que ela arranjou e tava indo embora em uma semana. Colou uma maluquinha pedindo emprego dois dias depois, eu nem senti falta.
- Aqui jaz menino humildade. Vida longa menino arrogância.
- Exato. Mas espero que você esteja bem. Você tá com uma cara muito apagada.
- Você também. Tá com a cara mais deprê que eu já vi.
- Ah, to caçando outro emprego, talvez voltar pra propaganda. Aqui não tá bem das pernas, o dono é um cuzão, o público tá cada vez pior...
- Oi Léo, desculpa o atraso! - uma menina entrou correndo no bar, gritando pra ele. Quando viu Julia, abriu um sorriso e foi direto cumprimentá-la com um beijo no rosto - Oi, tudo bem? Cecilia, prazer.

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How To Fight Loneliness
AléatoireA primeira coisa que você quer vai ser a última coisa que você precisa. Trilha sonora: https://open.spotify.com/user/tatihc/playlist/2muj15JD4A6cGFwXAiS05o Board: https://br.pinterest.com/tatihc/how-to-fight-loneliness-inspira%C3%A7%C3%A3o/