Capítulo 27

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Já estava perambulando sozinho a mais de duas horas, o sol já havia desaparecido e a lua jazia no céu, brilhosa e imponente. Minhas pernas doíam como se elas estivessem sido esmagadas por um enorme peso. Deveras ; eu estava carregando quatro quilos a mais do que o necessário e isto somado com mais de duas horas de caminhada por uma estrada feita exclusivamente de pedras e gravetos, davam uma enorme dor nas costas, pernas e coxas. 

Apesar de quase não aguentar mais meu próprio peso, eu persisti em meu caminho, já estava condenado mesmo, não custava nada tentar um pouco mais.

As horas começaram a passar ainda mais lentamente;

Minhas pernas pareciam que iriam explodir com tanta dor que eu estava sentindo;

Eu já começava a perder as esperanças, minha visão começará a ficar turva quando eu avisto, distante, dois pontos de luz branca: Um veículo, minha salvação!

Sem pensar duas vezes, eu vou em direção onde a luz passava, corro desesperadamente em direção ao que parecia um veículo, salta alguns trocos caídos no chão deixando para trás algumas peças que já não me importavam mais: o importante naquele momento era sair daquela área inóspita e sobreviver por mais alguns meses. Quando finalmente chego na beira da estrada, a luz que eu vira era de um caminhão que passou rapidamente por mim, como um vulto, não me dando chances de sequer tentar acenar pedindo carona.

Agora, definitivamente sem mais esperanças, eu começo a caminhar pela estrada vazia e fantasmagórica, com a esperança que algum veículo surgisse e me desse uma carona para a cidade mais próxima. Um outro veículo havia surgido mas ele nem havia parado para saber se eu precisava de ajuda ou não, simplesmente passou por mim mostrando o dedo do meio.

Sem mais o que esperar, eu resolvo voltar um pouco para a floresta. Eu me deito em baixo de uma enorme árvore e me cubro com meu cobertor artificial. Não era, nem de longe, comparado com a antiga cabana, mas pelo menos eu estava a salvo...

Acordo com uma baita dor de cabeça no meio da madrugada, a lua já começava a se aproximar do horizonte e deduzo que são mais ou menos três horas da madrugada. Eu tentei dormir novamente mas por alguma razão minha mente estava agitada, como se algo perturbasse meu subconsciente.

E foi aí que eu ví duas luzes se aproximando de mim. Não eram de guardas florestais, com certeza não, estava muito tarde e não havia razão para eles estarem em serviço, era perigoso demais. Antes de falar alguma coisa, eu esperei estes sujeitos se aproximarem mais, eles pareciam estar cochichando algo e eu queria descobrir do que se tratava...

- ele deve estar dormindo. Disse uma voz grave, abaixando o tom de voz a cada palavra - além do mais, ele é só um garoto idiota, não deve estar longe.

Meu coração quase para. Será que eles estavam falando de mim? Será que estes caras trabalhavam para a mesma organização que meu pai também trabalhava,  e agora estavam querendo o tal protocolo? Eu não sabia responder, mas por precaução, eu me levantei e segui uma trilha que eu não sabia onde iria me levar, mas era bem melhor do que ficar ali, sentado, esperando levar um tiro no meio da cara. 

Me Afasto com passos lentos e precisos: o minimo erro ali poderia me custar a vida. Caminho por uma trilha extensa e começo a pensar em retroceder, mas todas as vezes que eu vejo as duas lanternas se reaproximarem, eu continuo com mais rigidez meu caminho.

Após alguns minutos de caminhada, eu finalmente consigo despistar aqueles homens; as luzes de suas lanternas já não estavam mais a vista.

"Foi por pouco" disse, em cochicho para mim mesmo.

A lua havia sido ofuscada pelo numero de arvores enormes que me circundavam, eu estava na completa escuridão e não conseguia enxergar nem a palma da minha mão.

Mas quando eu menos percebo, um cano de metal frio é encostado na minha nuca. Sem ter o que pensar, eu fecho os olhos, se era para acabar assim, que acabasse rápido e de forma indolor.

- boa ideia Lúcio, sem ascender a luz de nossas lanternas ele realmente não soube perceber que estávamos perto dele.

Eu fico em silêncio total, esperando o momento correto.

- chega de papo Steve, pegue o pingente e vamos embora! Disse o outro, em um tom de autoridade. O que estava apontando a arma para mim meteu mão no meu peito e tentou arrancar meu pingente a força, mas foi aí que eu coloquei meu plano em prática: puxei o braço dele para baixo, forçando suas juntas contra meu ombro, com a dor de sentir o braço quase quebrando, o homem larga a arma e solta um grito agonizante. Automaticamente eu tento apanhar a arma deste homem mas um tiro é disparado em minha direção; havia me esquecido que havia outro homem. ele disparou um outro tiro, desta vez acertando um galho próximo. O homem que eu havia desarmado tenta me agarrar mas eu o acerto um soco certeiro em seu joelho, o fazendo cair imediatamente. Eu segurei seu pescoço como eu podia e tentei o manter imobilizado: aquele homem não seria capaz de atirar no seu próprio comparsa, seria?

Mas para minha surpresa ele foi capaz e acertou três tiros no peito do seu próprio comparsa. Logo depois ele tentou infligir outro em mim; mas eu fui mais rápido e rolei pelo chão esverdeado me afastando da mira da sua arma.Eu acabo encontrando a arma do outro homem por acidente e a empunho, mirando-a na direção que eu achava que aquele outro homem poderia estar. Pude ouvir a sua voz. 

- apenas escute garoto - pronunciou ele - não precisa passar por isso, apenas passe o pingente e tudo vai ficar bem, OK? Não, não estava "OK". Eu sabia que no momento em que eu desse o pingente para ele, ele jamais iria deixar eu ir embora sem antes me assassinar. Não precisei pensar muito: bastou eu lembrar do que estava em jogo para disparar contra o homem, podia ver que ele estava bem perto de mim quando havia disparado o tiro. Acerto alguma área do seu peito e ouço algo caindo no chão - ele já devia estar estirado no chão, morto. Eu corro desesperadamente sem saber por onde eu estava indo e quando eu me dou conta, estava bem no meio da uma pista. Vejo duas bolas de luz se aproximando de mim em meio ao negrume da noite. Ouço um ruído de freios próximo  e... Minha visão obscurece por completo. 


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