O final - Parte III

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Quando eu havia terminado de recordar todos estes acontecimentos que vocês, leitores, acabaram de ler, já havia amanhecido. Sem perceber, eu havia cochilado no banco traseiro do Jeep, encostado com a cabeça na porta.

Quando eu abri meus olhos (o que foi difícil, já que o sol estava muito forte e minha visão ainda muito turva) eu vi que Ruth ainda dirigia. É claro, ela nunca pararia no acostamento, nunca iria querer correr este risco.
Mas mesmo assim, eu tive que perguntar.

- Ruth? Você dirigiu a noite toda?
Minha voz saiu quase como um sussurro.

- Bom dia para você também.

Eu fiz uma careta.

- Quer dizer... Bom dia também.

- Sim Sr. Caio, eu dirigi a noite toda, sem pausa ou descanso. Tudo isto para manter seu traseiro magrelo a salvo.

Vish... Ela ainda está com raiva.

- Eu lhe agradeço por isto, Ruth. E queria lhe pedir desculpas pelas baboseiras que disse ontem. Eu estava em pânico sabe, mas reconheço que perdi as estribeiras. Me perdoa?

- E quem disse que eu estava com raiva? Ela meio que sorriu ao olhar pelo retrovisor - Caio, não me leve a mal, mas eu não sou uma adolescente que acabou de sair do ensino médio. Sou uma agente de campo, pressões como aquela são comuns para mim.

- Mas... Tipo, você realmente parecia abalada naquele momento. Tanto que respondeu a mim com o mesmo tom de voz, lembra?

- E você teria feito o contrário? Apesar de ter aprendido a "domar" meus sentimentos, ainda assim não sou imune a eles, Caio. Robert foi uma parte importante da minha vida, acredite em mim, ele significa tanto para mim quanto para você.

- É... Você tem razão.

Senti um alivio, pensei que Ruth ainda estaria com raiva de mim. Mas eu acho que, bem lá no fundo, ela ainda possuí um bom coração. Caso contrário nem olharia na minha cara ou me teria trazido para dentro do Jeep. Ou talvez ela apenas esteja sendo profissional, agentes de organizações secretas tem fama de serem "frios". Sei lá, apenas sabia que eu estava vivo e queria permanecer assim.

Eu me recostei na cadeira de trás. Olhei para a paisagem e relaxei por alguns instantes. Queria que tudo voltasse ao normal, mas eu sabia que não era possível. Robert havia tentado me manter longe disto de todas as formas possíveis, mas mesmo assim eu ainda consegui me meter em sérios apuros varias e várias vezes. Talvez eu tivesse um motivo para estar ali, naquele carro, conversando com Ruth. Talvez as coisas realmente deveriam ter acontecido daquele jeito.

- Imagino que você deve estar pensando o que vai acontecer com você agora?

Virei meus olhos direto para ela e me endireitei na cadeira.

- É... Tipo, vocês vão me trancar ou algo assim? Nunca poderei voltar a minha vida normal?

A vida de miséria e chatice? Não, por favor, diga que não! Diga que não!

- Claro que vai.

Droga! 

- Ah... Bom...

- Mas certamente sei que você não gostaria de voltar para ela, não é mesmo?

Aceno com a cabeça, tentando levantar um sorriso.

- Veja Caio, Alexander não mentiu quando disse que havia destruído a A-41. Ele realmente, por meio do seu informante, havia localizado nossa base e a destruído. Mas quando ele disse que todos nossos agentes estavam sendo executados ou mortos, estava mentindo. Era um blefe e eu sabia disto. Robert não. Tome, olhe isto aqui.

Ela jogou um panfleto colorido no meu colo, eu o abri e vi que nele estava a imagem de um prédio tipicamente Europeu. Não sabia, entretanto, o que aquilo significava.

- O que é isto?

- É a nova Base da A-41. É neste lugar, bem distante dos holofotes, que iremos recomeçar Caio. Pois Robert não morreu em vão, ele deixou um legado para nós, e mais do que isto: Ele nos deixou uma missão - Impedir que homens como Alexander consigam realizar seus planos. Robert estava fazendo algumas investigações, ele temia que o exército que Alexander está planejando criar fosse usado em terceiro conflito global. Uma guerra de dimensões inimagináveis, que poderia por fim em toda a humanidade.

Fiquei calado e escutando, extasiado com as informações que recebia.

- Robert conseguiu, em um último esforço, impedir que os dados da base de Alexander fossem enviados para a sede principal. Mas isto não é o suficiente. Precisamos impedir que Alexander termine seu projeto, precisamos alertar as autoridades do mundo para a guerra que poderá ocorrer muito em breve. Temos uma grande batalha pela frente Caio, disto não tenha dúvida.

- Bem... Mas então eu já até sei onde eu me encaixaria no meio disto tudo...

- Sim, é claro, você se encaixaria perfeitamente em um agente de campo. Seria nosso aliado integral.

WHAT?

- QUE?

Ela soltou uma leve risada.

- Vamos Caio, não seja modesto. Você matou homens em campo, sobreviveu a uma enxurrada de mal feitores e agentes muito bem treinados e ainda assim continua vivo, será que você ainda precisa de mais alguma prova?

- Mas tipo... Eu? Euzinho aqui? O Franzino e meio palerma Caio Feron?

- Sim, você mesmo. É claro que você irá precisar de treinamentos, e não saíra para o campo logo em sua primeira missão, vamos ser lógicos aqui. Mas acredito que você tem potencial garoto e gostaria de ter você na nova equipe que irei montar.

Eu me enchi de alegria naquele momento. Eu? Parte da A-41? Inacreditável!

- Sério mesmo? mesmo? mesmo?

- Mesmo, mesmo.

Eu era pura alegria naquele momento. Eu iria fazer parte da organização do meu amigo, eu iria ajudar a mudar o mundo! Eu! Um simples estudante de TI! Quem, em sã consciência poderia imaginar isto?!

- Mas agora. Continuou ela. - Vamos providenciar um transporte para nós dois. Não se preocupe, o local não deve estar longe agora.

Sim senhora, poderia demorar o tempo que fosse, mas eu esperaria. Pois eu seria um agente de campo, um agente de verdade e tals! HAHA

Ainda continua...



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