O final - Parte II

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Depois deste acontecimento, eu e Robert só nos falaríamos dez anos depois, quando eu tivesse vinte e três anos e ele vinte e oito (somos um pouco velhos, admito). E depois daquele terrível dia, parecia que uma maldição havia se abatido sobre minha vida. Minha avó morreu e confessou que grande parte da minha vida foi uma mentira, que meu pai, na verdade, me enviava dois mil dólares mensalmente mas que ela gastava todo o meu dinheiro em bebidas, cigarros e apostas, restando para mim apenas migalhas.

Logo em seguida perdi minha bolsa de estudos em minha faculdade de matemática pois minhas notas pioraram após a morte de minha avó (ela podia ser uma velha broaca mas ainda assim era a única família que havia me restado e logo após a sua morte eu entrei em um sério estado de depressão, triste né?). A casa onde eu e minha avó morávamos era alugada e sem emprego e sem ter de quem emprestar, eu tive que me abrigar na casa de um amigo da faculdade.

Tempos difíceis aqueles.

Eu sempre dizia ao meu amigo que era minha estadia era temporária, que logo eu arrumaria um lugar para morar e tal... Resultado? Passei dois anos da minha vida trabalhando como atendente de telemarketing, escutando clientes mal humorados e um chefe mais ainda. Dois anos que passei na casa do meu amigo, sem ter outro lugar para morar graças ao péssimo salário que recebia.

Por sorte minha, a casa onde eu e meu amigo estávamos era dos pais deles,  que haviam cedido a ele para que pudesse terminar sua faculdade sem ter que morar longe da faculdade (esse safado morava a duas quadras de distância de sua faculdade) o que livrava a gente de ter que pagar aluguel. Mas em 2010 ele já estava se formando e logo iria voltar para belo horizonte a fim de trabalhar perto da cidade onde nasceu. E adivinhem só? Eu teria que arranjar outro lugar para morar.

- Foi mal cara. Ele disse um dia. - mas acho que você não vai mais poder ficar aqui.

- Não esquenta, eu me arranjo.

Eu respondi, mentindo.

Chegou o final do ano, ele se formou e eu tive que arranjar um novo lugar para morar.

Não foi tão difícil assim, pois qualquer lugar que houvesse um teto e um chão para mim já bastava. Arrumei um muquifo em uma parte desvalorizada da cidade e lá fiquei, até terminar minha faculdade. Nesta altura do campeonato eu já estava desacreditado da vida. Já havia cansado de perseguir meus sonhos desde o dia em que meu amigo bateu a porta e foi embora. Só me restava as lamentações e um desejo enorme de recuperar o "tempo perdido".

Foi justamente nesta época, quando eu já pensava seriamente e em abandonar tudo e sair por aí sem rumo, que eu recebi uma mensagem em meio email. E ela dizia o seguinte:

Meu caro amigo, já faz tanto tempo... Eu sei que aconteceu algumas desavenças entre nós alguns anos atrás mas agora tudo é passado. Quero voltar a falar com você. Quero voltar aquelas conversas bobas que tínhamos quando éramos mais jovens. Por favor, venha ao meu encontro. Preciso muito falar com você.

De seu amigo do peito, Robert.

Não vou mentir aqui. Meus olhos se encheram de lágrimas ao ler aquela mensagem enviada por meu amigo. Fazia tanto tempo... tanto tempo que nos sequer sabíamos alguma notícia um do outro. Eu nunca soubera o porquê de Robert ter indo embora tão furioso naquela dia e nem o porquê de uma simples briga podia ter posto fim em nossa amizade.

Mas isto era exatamente o que eu iria descobrir. Robert havia deixado um endereço no anexo do e-mail. Era lá que eu iria o encontrar, não importasse aonde fosse. Pois quando eu chegasse no local demarcado eu finalmente iria descobrir o que separou eu e meu irmão por tantos anos. 

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