Enjaulando a raiva.... temporariamente

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Estava acordada e estranhava o fato de não ter nada para fazer, fiquei encarando o tempo. Já tinha uma idéia do que fazer no dia da festa. Seria engraçado. Minutos se passaram e senti a necessidade de tomar um pouco de ar. Olhei as ruas com aqueles tijolinhos pretos estranhos. Imaginava como tudo seria antes dos enterworlds, devia ser uma selva louca e todos iriam evoluir por conta própria; não porque uns carinhas com poderes apareceram e trocaram tecnologias por matéria prima. Casinhas bonitinhas estavam em volta do hotel. Quando minha mãe o comprou, ela conseguiu uma boa localização: Entre o Centro (onde os ricos moram com seus quase castelos ) e a periferia ( onde os pobres vivem em seus casebres feitos de madeira, eles mal tem o que comer).

Me sinto suja só de pensar que um dia andei pelo centro e usufrui um pouco de todo aquele luxo quando tinha gente passando fome na periferia. As pessoas devem pensar que tenho sorte, depende do ponto de vista. Se você acha que uma vida sem amor, amizade, companheirismo mas com o alimento na mesa todos os dias é sorte, então, neste caso sou sortuda. Estava refletindo e andando, não percebi quando esbarrei em uma cigana. Os olhares das pessoas logo pairaram em mim; a cigana estava no chão. Ajudei - a levantar. O medo das pessoas pelo sobrenatural ou pelo desconhecido faz com que elas ignorem, que independente de tudo, de maneira de pensar, religião , etc, essas escolhas são pessoais e mesmo sendo diferente, a pessoa não deixou de ser um humano. Nunca acreditei nessa coisa de "cigano" mas a moça, quando eu a levantei, sussurrou em meu ouvido :

- Você tem um bom coração e fez escolhas erradas, cuidado! Você está sendo enganada! Descubra a farsa antes que seja tarde demais!

A convicção com que aquela mulher me falou aquilo me deixou arrepiada. Já nem me importava mais com os olhares tortos das pessoas sob mim, precisava saber o que aquela mulher quis dizer. Procurei - a pelos lados mas a cigana já tinha se misturado a multidão. Tinham muitos acampamentos ciganos perto da periferia; apesar de minha cidade, Vulnur, ser pequena é impressionante o fato de caber tanta gente. Gente tão diferente, descobri andando que mais pessoas estão se mudando para cá. Minha cidade continua sendo uma das mais pequenas, mas acho que isso irá mudar. Resolvi visitar a periferia, iria tentar ver aquela cigana e depois, iria para a floresta.

Chegando ao meu destino , vi as casas simplórias de madeira e crianças brincando felizes. Logo teriam que adotar responsabilidades que não combinam com a jovialidade delas, elas começariam a procurar opções como aprendizes; senão, passariam fome. Eu queria ser aprendiz quando menor, para fugir de minha "família ". Nunca pude escolher o queria e quando queria, a vida não é fácil. Uma onda de raiva me atingiu. Soltei um murmúrio :

- Isso não ficará desse jeito.

O lampejo de memória da cigana me passou pela mente e assim, corri para floresta. A chuva começava a cair.

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Me desculpem pela demora e por não responder os comentários. O Wattpad deu bug :( briguei com minhas amigas. Tá tudo dando meio errado. Espero que tenham gostado do capítulo ❕♥

Perdida(REESCREVENDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora