Capítulo 2 - Em paz

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Aviso: esse capítulo contém cenas fortes, como tentativa de estupro e suicídio. 

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Sarah

Jesse não voltou a falar comigo depois da nossa discussão, e isso era o que menos me importava. Havia sido uma perda de tempo querer um relacionamento. Assim como tudo o que eu tentava fazer.

Eu estava no limite. Dia após dia, mais inquieta e cansada. Passava as noites em claro chorando, sentindo uma dor que ultrapassava meu estado emocional e se tornava física. Nada era capaz de me interessar. Nem de sair com minhas amigas ou ir para a faculdade. Mas o pior foi perder o prazer em desenhar, algo que eu amava. Joan estava preocupada, claro, e só por isso me forçava a seguir minha rotina. Era como se tudo ao meu redor se movimentasse, menos eu. Embora soubesse qual era a melhor saída, era como se algo ainda me segurasse aqui.

Era sexta à noite e encarava o teto completamente inerte. Estava tudo escuro exceto pela luz da lua cheia, fazendo com que a sombra da árvore em frente à minha janela formassem diversas figuras abstratas. Ouvia o tilintar dos galhos contra o vidro e uma brisa suave adentrar meu quarto. Fechei meus olhos com força e deixei que uma lágrima escorresse pelo canto do meu rosto enquanto uma agonia sem tamanho tomava conta de mim. como se minha vida ansiasse por um sentido que eu não conseguia enxergar. Era como se estivesse amarrada por correntes invisíveis.

Passei a mão pelo rosto, enxugando-o, e sentei na cama. Precisava sentir que estava viva, não podia continuar assim. Levantei e segui para o closet com o plano perfeito para sair dessa maldita fossa.

Coloquei um vestido preto, justo e curto, um salto altíssimo e fiz uma maquiagem leve. Terminei de me arrumar, desci até a sala e pedi que Joan chamasse meu motorista.

- Me chamou, senhorita? - virei e o vi me analisando de cima a baixo.

Aquilo fez o sangue correr mais rápido pelas minhas veias e disparar meu coração, mas logo em seguida eu percebi como estava sendo boba. Ele não sentia nada por mim, eu era bonita, só isso.

- Sim, vou sair. Pegue o carro - ordenei séria e um pouco rude.

Não queria ser educada hoje, ainda mais com ele, que despertava todos esses sentimentos que eu preferia esquecer. Ele assentiu educadamente e saiu.

Assim que trouxe o carro para frente da casa, entrei, sem esperar que abrisse a porta para mim. Maxwell me olhou como se perguntasse: 'O que essa garota vai aprontar hoje?'

- Me leve para a boate Pacha - ignorei-o e lhe dei as coordenadas. Suas sobrancelhas se uniram, formando um pequena ruga sobre o nariz, mas não disse nada. Ligou o carro e partimos.

Pacha era a boate mais cara e badalada de Manhattan e que felizmente não ficava longe de onde morávamos. Como meu pai odiava apartamentos, e em Manhattan era impossível encontrar uma casa com um grande quintal, viemos morar em Manhasset, no condado de Nassau e perto de tudo o que poderíamos querer. Era considerado o melhor lugar para criar uma família. Fechei os olhos com esse pensamento. Nós nunca fomos uma família, nem mesmo quando minha mãe estava viva. Antes que me afundasse ainda mais em lembranças amargas, o carro parou.

- Chegamos, senhorita - olhei pela janela e vi a fila imensa para entrar, algo que eu não precisaria me preocupar.

- Está com seu celular, certo? - questionei já esperando uma resposta positiva.

- Sim, senhorita - confirmou me fitando pelo espelho retrovisor.

- Assim que estiver saindo, eu ligo - ele assentiu e quando estava prestes a sair do carro, o parei. - Não precisa, eu sei abrir uma porta - respondi acidamente, descendo do carro.

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