Capítulo 6 - Despedida

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Sarah

Saí do prédio da faculdade bem diferente de como havia entrado aquela manhã. Eu precisava dessa distância para pensar. Iria conversar seriamente com Maxwell e ajeitar toda essa situação. Não seria fácil, mas era o que eu tinha que fazer. Não queria que pedisse demissão e nem estava disposta a manter esse clima insustentável. Queria Maxwell na minha vida, mesmo que só como meu motorista e segurança. Sua presença me trazia conforto e paz. E disso, não estava disposta a abrir mão.

Foi só depois de começar minhas sessões com Simon que pude perceber que tudo tem seu lado bom, mesmo que não pareça. Apesar do que eu sentia não ser correspondido, deveria ser grata por, pelo menos, uma vez na vida me sentir apaixonada. Erroneamente eu supus que Maxwell pudesse retribuir meus sentimentos, mas não era assim e eu precisava entender e aceitar sua vontade. Doía e muito abrir mão do que eu sentia, só que me machucaria muito mais ficar rastejando por migalhas.

Simon garantiu que isso iria passar e eu confiava nele. Demorei a me abrir com meu psiquiatra, mas hoje o via como uma figura fundamental na minha vida. Meu médico e conselheiro. A razão pela qual, após mais uma rejeição de Maxwell, eu não perdi a cabeça e fiz mais uma burrada. Suas palavras pelo telefone trouxeram meu lado racional a tona e naquele instante era tudo o que eu precisava. Estava magoada e brava com Maxwell, mas sabia que era passageiro. Afinal, ele não havia dito nenhuma mentira. O que importava agora era passar um dia de cada vez, encontrar aqueles pequenos fragmentos de felicidade e construir um forte alicerce.

Ri de meus pensamentos profundos. Gostava dessa sensação. Era como se finalmente estivesse conhecendo a verdadeira Sarah.

Andei calmamente até o estacionamento conforme tentava controlar meus batimentos cardíacos. Algo comum quando sabia que veria Maxwell. Quando cheguei no local onde ele geralmente me esperava meu corpo congelou. Ele não estava lá. Olhei ao redor e não vi em lugar nenhum a Mercedes preta que sempre dirigia. Lembrei de como ele estava estranho pela manhã, absorto e abatido, quase batendo o carro no caminho para a faculdade.

Será que havia acontecido alguma coisa? Um acidente?

Peguei meu celular na bolsa e liguei para ele. Nada. Tocava, tocava e caía na caixa postal.

Ele podia ter ido embora sem falar comigo?

Não. Maxwell era responsável demais para fazer algo assim.

- Algum problema, Sarah? - olhei para o lado e vi Clarisse, uma de minhas colegas da aula de estatística, me observando atentamente.

- Não é nada demais, acho que esqueci de avisar meu motorista o horário que iria sair - inventei uma desculpa qualquer. Ela sorriu e balançou os longos cabelos loiros.

- Oras, não seja por isso. Venha. Te dou uma carona.

- Não precisa se incomodar, pego um táxi - Clarisse negou.

- Incomodo algum. Vamos, vai - insistiu. Sorri e acabei aceitando. Seria melhor, já que queria chegar logo em casa. Ela seguiu sorridente até um Jaguar conversível na cor vermelho sangue.

- Belo carro - elogiei entrando pela porta do carona.

- Ganhei do meu pai de aniversário - disse colocando seus óculos escuros. - É meu xodó. Você não dirige? - perguntando dando partida no carro.

- Não - respondi um pouco envergonhada, já que a maioria das pessoas na minha idade já dirigiam.

- Por que não?

- Meu pai nunca deixou - expliquei dando de ombros. Como se não me importasse com tal fato.

- Entendo - retrucou sem fazer mais perguntas.

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