Sarah
Acordamos cedo no dia seguinte e tomamos café em um local próximo ao seu apartamento. Maxwell não deixava de me tocar ou sorrir para mim, gestos que eu retribuía com o maior prazer. Tudo ainda parecia tão novo, tão gostoso, tão perfeito.
Passamos o restante do dia juntos, fomos almoçar com Joan e Theodore e à tarde visitamos nossos amigos e a pequena Marie. Descobri que a razão pela qual Maxwell não foi seu padrinho, nada tinha a ver comigo e sim, pela pressão dos pais de Clarisse, que queriam que fosse alguém da família. Saber disso me deixou imensamente feliz, ainda mais quando eu soube que a aparição de Maxwell na galeria não havia sido uma coincidência. Ele sabia onde eu trabalhava e foi até lá justamente para me ver.
No fim do dia tudo o que eu queria era continuar ao seu lado, mas ambos tínhamos responsabilidades a cumprir na segunda-feira, e o melhor era que fossemos devagar, não ia apressar mais nada, deixaria o tempo se encarregar de tudo. Estávamos juntos, o resto ia se ajeitando.
**
Um mês. Um mês de pura felicidade ao lado do meu amado e ciumento namorado. Maxwell se mostrava a cada dia o homem mais carinhoso e atencioso, e eu vivia mimando-o, só que nada disso era o bastante para eliminar seus ciúmes, especialmente de Eric. Era só nos ver juntos, que ele fechava a cara e ficava o dia emburrado. Devia ficar chateada, mas geralmente eu achava graça. Eu o abraçava, dizia que o amava e o beijava até um sorriso surgir em seus lábios. Sabia que minha proximidade com Eric, de certa forma deixava Maxwell inseguro, mas éramos só amigos. Maxwell era tudo para mim. Só esperava que uma hora ele entendesse isso, afinal, íamos morar juntos e eu não queria ficar brigando com ele por bobagens.
Há três semanas, havia sido promovida a marchand na galeria, isso significava um aumento considerável no meu salário além de um bônus por venda realizada. Queria procurar um apartamento para morar, mas tive uma ideia melhor, propus à Maxwell que dividíssemos um lugar juntos. Sabia que ainda era cedo, mas também não via razão para esperar mais tempo, além do que, eu passava mais tempo em seu apartamento do que no de Theodore. Um lugar maior para ambos seria perfeito. Achei que Maxwell iria se opor, mas não, ele aceitou na mesma hora e já estávamos em busca de um lugar para nós.
Saí da galeria com pressa, ainda precisava passar em casa e me arrumar para encontrar com Maxwell em seu apartamento. Passava em frente as grandes lojas de departamento do centro de Nova Iorque quando estanquei. Steven estava na televisão, cercado por homens engravatados. A noticia abaixo da reportagem dizia:
Steven Kenneth é preso por contrabando internacional de drogas e acusado de manter um prostibulo com menores de idade na Europa
Eu simplesmente não acreditava no que meus olhos viam. A reportagem ainda anunciou que os advogados entraram com pedido de liberdade provisória até o julgamento, mas que havia sido negado, Steven ficaria preso até que fosse julgado por seus crimes. Voltei a caminhar, perdida em pensamentos.
Aquele criminoso era o homem que um dia eu chamei de pai?
Sem pensar duas vezes, segui até a avenida e chamei um táxi. Algo me dizia que não podia deixar as coisas assim, eu precisava saber o porquê.
O local onde Steven estava não lembrava em nada uma cadeia, parecia mais um escritório. Ainda assim, a placa: "segurança máxima" , quase me fez dar meia volta. Me levaram para uma sala toda branca, onde havia uma mesa, com uma cadeira de cada lado, e no meio, dividindo o ambiente, um vidro. Percebi claramente que aquele local era realmente seguro.
Sentei e esperei.
Não demorou e a porta do lado oposto se abriu. Steven estava usando uma calça larga, assim como sua camisa, ambos na cor cinza. Ele não demostrou qualquer emoção ao me ver. Perguntei-me o que estava fazendo ali, só sentia que precisava disso. Assim que ele se sentou, peguei o telefone que estava ao meu lado, já que o vidro aparentemente impedia que eu pudesse ouvir qualquer som do outro lado. Indiferente, Steven ergueu o braço e fez o mesmo.
- Eu vi o que aconteceu pela TV - murmurei, ainda sem saber ao certo o que dizer.
- E veio aqui para confirmar que eu estava preso? Saiba que meus bens estão bloqueados e não vai conseguir nada - completou com desdém. Engoli em seco. Estava pouco me importante com seu dinheiro.
- Eu não sei o que estou fazendo aqui, na verdade - confessei. - Talvez esperasse encontrar alguma resposta, ouvir que todas aquelas acusações são mentiras, que meu pai...
- Eu não sou seu pai! - repudiou entredentes.
Senti toda aquela confiança e força que adquiri quando saí da sua casa se esvaindo. Parecia novamente uma criança recebendo uma bronca. Alguém que só queria ouvir uma palavra de carinho ou o colo de seu pai.
- É sim - solucei. - Apesar de tudo o que aconteceu, apesar de tentar renegar seu nome e você, o senhor é meu pai - seu maxilar travou.
- Para, Sarah - pediu, sacudi a cabeça.
- Não, não vou parar, agora nada me impede de dizer o que eu sinto. Você não pode me segurar pelos braços e me expulsar daqui! - Steven me olhou visivelmente espantado. - Tudo o que eu sempre quis foi sua atenção, seu amor, mas só recebia gritos, tapas... - meus lábios tremeram, enxuguei meu rosto da melhor forma que pude. Tudo o que estava guardando desde o dia que fui expulsa estava sendo liberado. Toda magoa e dor.
- Vá embora, Sarah - Steven disse, apoiando a cabeça com uma das mãos.
- Não! Não vou até me explicar porque é incapaz de me amar. Porque destruiu minha vida me tratando como lixo - insisti. Ele ergueu a cabeça e me encarou com seriedade.
- Porque você é a lembrança constante dos erros que cometi! Porque você lembra tanto a sua mãe que tenho vontade de matá-la assim como fiz com ela! - gritou, meu corpo ficou parado em choque.
Steven abriu um sorriso de lado, que fez meu sangue gelar, e se aproximou do vidro.
- Isso mesmo, querida. Eu matei a vadia da sua mãe, mas antes fiz questão de matar o vagabundo com quem ela estava me traindo - seu sorriso aterrorizante aumentou e minha cabeça começou a latejar - Eu matei seu querido papai, filhinha - sussurrou ameaçador.
Tudo ao meu redor simplesmente desapareceu. Ouviportas abrindo, gritos e de repente não ouvia ou via mais nada... absolutamentenada.
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Detalhes
RomanceSarah Kenneth, nunca soube o que é lutar por algo. Com uma vida cheia de luxos e riquezas, ela está acostumada a dividir a maior parte de seu tempo livre entre baladas, compras e homens, onde o prazer carnal se tornou uma saída para todos seus probl...