Sarah
Tinha sido um dia cansativo. Estava no estoque da galeria terminando de organizar as obras para a vernissage que teríamos na semana que vem. Ao menos era sábado e faltava pouco para poder ir embora.
- Sarah! - Rebeca, a gerente do ateliê, chamou.
- Aqui! - respondi, atrás de um dos grandes armários do depósito.
Quando me encontrou, veio correndo na minha direção com um sorriso enorme. Já sabia bem o que isso significava. Algum cliente atraente havia aparecido.
- Acabou de entrar um Deus grego pela porta - ela se abanou com a mão e ri do seu exagero.
- É mesmo? - perguntei sem dar muito atenção. Ela assentiu animada.
- E adivinha? Você vai atendê-lo! - arregalei os olhos.
Victoria, dona da galeria, já havia me avisado que eu deveria estar preparada para isso devido a minha evolução. Só não esperava que fosse tão cedo.
- E se der algo errado? - perguntei reticente.
- Não seja negativa. Vai dar certo e você será promovida a marchand - respondeu otimista.
Respirei fundo. Essa era uma grande chance. O primeiro passo para me tornar negociadora de obras de arte. Sem contar que poderia significar alugar meu próprio apartamento e ter um lugar só meu. Ser independente.
- Ok, só me dê um segundo - ela assentiu e saiu, dando-me algum espaço.
Entrei no banheiro e verifiquei minha roupa e meu cabelo, estava tudo em ordem.
Vai com tudo, Sarah!
Fui em direção ao salão principal e vi meu cliente em potencial. Estava de costas enquanto Beca conversava animadamente com ele. Era alto e vestia um terno escuro, mas o que realmente me chamou atenção foi sua nuca e seu cabelo. Parei em choque. Eu conhecia aquele homem.
Antes que pudesse dar meia volta e sumir, Beca me viu.
- Maxwell, essa é nossa nova marchand, Sarah - nos apresentou. Ele se virou e me encarou com um sorriso, como se esperasse me encontrar ali. - Tenho certeza que ela saberá encontrar o que precisa - concluiu.
Não podia fraquejar agora. Reuni todo o meu autocontrole e estendi minha mão. Torcendo para que ele não percebesse o tremor e a frieza dela. Maxwell repetiu o movimento e quando nossas mãos se tocaram, foi como se nada mais importasse. Percebi que ele ainda era capaz de mexer comigo com um simples toque.
- É um prazer revê-la, Sarah - cumprimentou cortês.
- É bom vê-lo também, Maxwell - respondi, timidamente.
Rebeca olhou para nós com um sorriso malicioso e se retirou. Aproveitei o momento e puxei minha mão, ainda sentindo o calor da sua pele na minha.
- Em que posso ajudá-lo? Há algo em específico que lhe interesse? - perguntei, buscando entrar em um assunto seguro.
- Estava pensando em arte abstrata, acho que tem mais minha cara - assenti e o levei até onde estavam os quadros.
Enquanto ia mostrando, explicava um pouco de cada obra. Era uma situação desconfortável. Tínhamos vivido tantas coisas juntos, entretanto, nem parecia que nos conhecíamos. Éramos dois estranhos.
- Gostei desse - apontou para uma pintura de Tomori Dogde.
- Chama-se Daisy Cutter, é uma bela obra, com muitas cores em movimento.
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Detalhes
RomanceSarah Kenneth, nunca soube o que é lutar por algo. Com uma vida cheia de luxos e riquezas, ela está acostumada a dividir a maior parte de seu tempo livre entre baladas, compras e homens, onde o prazer carnal se tornou uma saída para todos seus probl...