Capítulo 3 - Emergência

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Maxwell

Eu não conseguia entender o que estava acontecendo comigo. Lutava entre uma ilusão e a realidade. Entre o beijo de Sarah e o fato de saber que ela não era para mim, que eu devia ser apenas um capricho de uma menina rica, mimada e carente. Um passatempo. Assim como o filho da puta que ela pegou na boate. Sentia um ódio crescente só de lembrar que o desgraçado ousou bater nela, forçá-la. Queria matá-lo. Se Sarah não estivesse ali...

A pequena sedutora era mais ardilosa do que podia imaginar. E eu caí direitinho na sua armadilha. Sinceramente, eu nem sei o que passou pela minha mente, só que ela estava tão próxima que eu podia sentir seu aroma suave e tudo o que eu queria era tomar seus lábios nos meus.

Inconsequente.

Era exatamente isso que eu fui. Um merda de um inconsequente.

Talvez eu devesse ter insistido na demissão. Ficar aqui só iria piorar minha situação. Entretanto, ao mesmo tempo que eu queria ir embora, algo me impedia. Sabia que não devia me preocupar com ela, mas era inevitável. Aquele maldito instinto de proteção estava mais forte do que nunca. Ainda mais nas últimas semanas, em que ela parecia tão abatida. Não queria nem pensar na hipótese de ocorrer algo assim novamente e ela estar sozinha. Era meu trabalho protegê-la e eu precisava cumpri-lo. De um jeito ou de outro.

- Maxwell! - ouvi minha tia chamar desesperada enquanto batia na porta com insistência. Peguei meus documentos sobre a mesa de centro e fui correndo até a porta. O rosto pálido de Joan deixou-me ainda mais alarmado.

- Maxwell, é a menina. Está desmaiada no quarto e não parece estar respirando, achei seu frasco de remédio vazio na pia... - nem deixei que terminasse e saí correndo até o quarto de Sarah.

Puta merda! Podia ser pelo o que aconteceu ontem?

Entrei em seu quarto e a encontrei deitada no chão. Completamente branca. Não! Ela não podia ter feito isso. Fui em sua direção e segurei seu pulso, procurando algum batimento cardíaco. Nada. Com cuidado, coloquei o ouvido sobre seu peito e uma das mãos em seu pescoço. Tentei não me alarmar com a temperatura baixa de sua pele. Só quando eu ouvi seu coração, respirei aliviado. Estava muito fraco, mas ainda batia. Peguei-a no colo e disparei para fora do quarto.

Por favor, que ela sobreviva. Por favor.

Pedia como um mantra em minha mente.

- Vou levá-la para um hospital - avisei passando por minha tia que subia as escadas chorando.

- Eu chamei um médico - avisou aflita, me seguindo.

- Não vai adiantar, tia. Se ela tomou tantos remédios vai ter que fazer uma lavagem para tirar, um médico em casa é perda de tempo - expliquei enquanto corríamos até o carro.

Joan abriu a porta de trás e entrou, acomodei Sarah nos seus braços e fui para o lado do motorista dando partida no mesmo instante. Tentava com muito custo não demonstrar meu desespero, mas no fundo estava temendo pelo pior. Sarah era tão jovem. Tinha uma vida inteira pela frente. Sentia-me culpado por de alguma forma tê-la julgado tão duramente. Eu não sabia nada sobre aquela garota.

Chegamos no hospital em tempo recorde. Carreguei Sarah nos braços até a recepção, explicamos rapidamente o que tinha acontecido enquanto traziam uma maca e levavam Sarah para a emergência. Em seguida, minha tia foi para a sala de espera conforme eu preenchia os papéis do seguro.

Depois de ter acertado todos os detalhes burocráticos, segui até a sala de espera onde minha tia estava.

- Acha que ela fez isso pelo que aconteceu ontem? - perguntou assim que me aproximei.

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