Capítulo 9 - Liberdade

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Sarah

- Sarah... Sarah - desviei o olhar da janela e encarei Simon. Sua expressão, como sempre, estava serena. - No que está pensando? - questionou.

Nele. Mas não foi o que respondi.

- Em nada - Simon respirou fundo.

- Como está se sentindo nos últimos dias? - voltou ao interrogatório.

- Bem - fui concisa.

- Será que poderia ser mais específica? - insistiu.

Olhei meu relógio, estava na hora de ir.

- Talvez na próxima consulta - respondi, já me levantando. Ele retirou os óculos que usava e me encarou seriamente.

- Sente-se, por favor - pediu.

Suspirei, mas acatei. Esperei o discurso que viria dessa vez.

- Eu quero que fale comigo, Sarah. Nada adianta você chegar aqui, ficar encarando a janela e responder a tudo monossilabicamente.

- Eu estou bem, não quero e nem preciso ficar falando à toa para saber disso.

- Está bem mesmo? - insistiu. Aquilo já estava me irritando.

- Estou. O curso de artes está indo muito bem, saio sempre que posso com meus amigos e estou até trabalhando em uma galeria. Pronto! Já sabe de tudo! Satisfeito? - questionei irônica.

- Não, se estiver fazendo tudo só para preencher seu tempo e não pensar.

- Pensar em quê? - desafiei.

- Em ser feliz, Sarah. É como se você tivesse desistido disso. Nunca mais a vi sorrindo ou rindo. Sei como se sentia pelo...

- Para! - pedi, levantando a mão. - É passado. Eu estou tentando, Simon. Realmente tentando achar a minha própria felicidade sem precisar de ninguém para isso, mas eu preciso de tempo. Estou tomando meus remédios, não deixo de vir em nenhuma consulta - suspirei. - , mesmo não falando nada, isso me faz bem. Só não toque nesse assunto, não estou pronta ainda. Por favor - Simon sorriu levemente.

- Era justamente isso que eu queria, Sarah - disse satisfeito. - Estarei aqui sempre que quiser conversar, ou simplesmente olhar pela janela - completou com um sorriso.

- Posso ir? - perguntei, indicando a porta.

- Claro, semana que vem no mesmo horário - concordei e finalmente deixei seu consultório.

Eu me sentia estranha ali dentro, era como se tudo o que estava na minha mente pedisse para sair, mas ao mesmo tempo eu não quisesse. Sacudi a cabeça. Nada disso fazia sentido.

Saí e encontrei meu novo motorista encostado na porta do carro. Era um homem alto e moreno, com seus trinta anos e muito sério. Assim que me viu correu para abrir a porta. Ainda era difícil me acostumar a não ter a presença dele.

- Para onde, senhorita? - perguntou Gaspar.

- Para casa, por favor - ele assentiu, dando partida no carro.

Olhei pela janela. Hoje tinha um jantar marcado com Clarisse, ela estava aflita quando conversamos à tarde. Pensei em desmarcar minha consulta, mas ela garantiu que podia esperar. Iria tomar um banho rápido e seguir para seu apartamento. Só esperava que não fosse algo grave.

Vinte minutos depois, cheguei em casa e fui correndo para meu quarto. Porém, antes que alcançasse o topo da escada, Joan me chamou.

- Filha, seu pai está no escritório - avisou um pouco tensa.

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