Maxwell
Os meses seguintes passaram como um borrão. Graças aos cuidados de Sarah consegui me recuperar antes que minha tia retornasse da sua viagem. Naquela mesma semana recebemos a notícia do retorno do pai de Sarah.
O senhor Kenneth parecia preocupado e agitado e sequer questionou-me sobre a segurança da filha, ou o que ela fazia, algo que era comum quando retornava de suas viagens. Já havia planejado estrategicamente o que diria, guardando o segredo de minha patroa. Entretanto, antes que pudesse piscar, ele viajou novamente. Sarah pareceu aliviada com isso, especialmente porque os dois, pelo que pude perceber, não haviam trocado sequer uma palavra.
Um pouco antes do retorno do pai ela teve uma séria crise emocional. Trancou-se no quarto e não permitiu a entrada de ninguém, estava arredia e ansiosa, felizmente eu ainda não havia me livrado da câmera e pude me certificar que ela não faria nenhuma besteira, a maior parte do tempo passou encolhida na cama e chorando copiosamente.
Aquela cena acabou comigo.
Sem esperar mais nada liguei para Simon e com certo esforço ele conseguiu que ela abrisse a porta. Os dois ficaram no quarto por horas. Compreendia que ele era fundamental para a recuperação de Sarah, mas ainda assim aquela proximidade me incomodava. Sarah estava cada dia mais distante de mim e próxima dele. Não podia reclamar, claro. Foi o que eu pedi. Para que ficasse longe de mim. No entanto, podia apostar que não foi uma tarefa difícil, já que agora nem sequer me olhava direito.
Especialmente após essa última crise, Sarah havia se tornado outra pessoa. Tanto que nem a presença do pai a incomodou e assim que ele foi embora mudou de curso na faculdade e vivia cercada por novos amigos. Parecia que finalmente tinha se encontrado.
Estava feliz por ela. Era assim que tinha que ser. Ou era isso que eu precisava acreditar. Afinal, ela tinha continuado a vida dela e eu precisava fazer o mesmo. Ainda que todos ao meu redor se negassem a deixar isso acontecer.
- Maxwell! - senti um safanão bem na nuca e virei a cabeça irado.
Tobias riu alto, atraindo a atenção de todos na biblioteca. A senhora Jones nos lançou um olhar assassino e fez sinal de silêncio. Tobias segurou o riso e assentiu.
- Imbecil - declarei voltando minha atenção ao livros.
- Não me culpe por querer chamar sua atenção, você anda muito distraído ultimamente, mais do que o normal. O que está pegando, cara?
- Nada, Tobias, não está pegando nada - rebati irritado.
- Clarisse me contou que Sarah está saindo firme com um carinha, é por isso? - porra! Porque ele tinha que tocar nesse assunto?
- Pouco me importa com quem minha patroa sai, Tobias - respondi secamente.
- Ah tá, assim como o porco e a galinha são parentes - fiquei em silêncio, fingindo que não prestava atenção aos absurdos que ele dizia. - Não sei porque fica fugindo do que sente, Maxwell. Poderia insistir, Sarah é uma garota tão legal, se você desse uma chance...
- Cala a porra da boca! - gritei me levantando. Sem que percebesse a senhora Jones estava na minha frente.
- Vou pedir que se retire, rapaz. Não permitimos escândalos aqui - pediu seriamente. Fechei os olhos por um instante e em seguida comecei a reunir meu material.
- Maxwell... - Tobias tentou dizer algo, mas levantei a mão.
- Não quero ouvir nada, Tobias. Fico feliz por você estar com a pessoa que ama e sei que Sarah ajudou nisso, mas nada que disser vai me fazer mudar de ideia. Nós não temos um futuro. Eu não a amo! Coloque isso na sua cabeça e pare de encher meu saco - disparei de uma só vez.
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Detalhes
RomansaSarah Kenneth, nunca soube o que é lutar por algo. Com uma vida cheia de luxos e riquezas, ela está acostumada a dividir a maior parte de seu tempo livre entre baladas, compras e homens, onde o prazer carnal se tornou uma saída para todos seus probl...