Malu (Parte#2)

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Estabeleceram que Gus iria passar mais tempo com as pessoas e que Arthur monitoraria as notícias com atenção redobrada. Eles não faziam idéia do que buscavam, não sabiam onde procurar, a ordem era estar atentos a qualquer coisa fora do comum...

Arthur passava o dia lendo notícias e assistindo reportagens. Gus, não podia-se dizer que estava enturmado, porém, pelo menos se esforçava em escutar as conversas alheias.

Foram dois dias sem ir a floresta, o menino já não aguentava mais escutar banalidades, decidiu que passaria pela Alta pelo menos por um tempinho sem que o avô soubesse.

_Eu to indo dar uma volta por aí, vô.

_Muito bem, meu neto. Lembre-se, ouvidos em pé e olhos em guarda.

_Claro que sim.

Gus não queria mentir para Arthur, seu avô era a única pessoa pela qual Gus sentia um pouquinho de respeito. Decidiu que antes de ir para a floresta daria a tal volta prometida, dessa maneira não estaria, de todo, enganado o velho. O garoto não esperava encontrar dom algum naquele povoado, aquelas pessoas não podiam ser mais comuns... Ele tinha a certeza de que os outros dons estariam bem longe daquele lugar e que cedo ou tarde alguma notícia, em um desses jornais desacreditados e sensacionalistas, surgiria: "Extra, Extra, menino afirma poder controlar as águas", ou "Menina diz poder criar vento".

Depois de zanzar sem rumo pelo povoado foi em direção ao pequeno corredor. Gus se assegurou de que ninguém o via e entrou com tudo no caminho estreito. Ele pôde sentir a ansiedade das plantas com o seu aproximar, pensou que a ansiedade diminuiria mas só fez aumentar, cresceu tanto que virou uma enorme pressão no seu peito, quanto mais perto chegava mais elas o exigiam.

_O que está acontecendo aqui?

Ele tentou se comunicar, tentou se unir, mas nada as acalmava, sua presença estava sendo requisitada...e era do outro lado do rio.

_Eu não posso cruzar, prometi pro meu avô.

O chamado era cada vez mais forte, Gus se esforçava em resistir: falava alto consigo mesmo e se repetia uma e outra vez:

_Eu não posso ir. Não posso._As plantas não podiam entender suas palavras, mas Gus as dizia mesmo assim, tentando desesperadamente manter-se racional e não perder o foco.

O menino percebeu que elas não desistiriam, ou atendia seus chamados, ou dava meia volta pra casa. Seu peito já não aguentava mais de tão apertado...

_Que se dane!_Gus começou a saltar as pedras do rio e imediatamente a pressão que sentia foi diminuindo, porém a ansiedade das plantas ia aumentando.

_Satisfeitas? Aqui estou! Agora que? O que estão tramando?_gritava Gus.

_Com quem você está falando?

Gus pulou ao escutar outra voz, girava sua cabeça por todas as direções buscando sua interlocutora.

_Quem está aí? Aparece!_exigiu o menino.

Uma menina despencou de cima da árvore e surgiu bem na frente de Gus com o dedo em sua cara:

_O que você está tramando? O que está fazendo aqui? Não sabe que é proibido cruzar o rio? Com quem estava falando?

_Eu...eu estava passeando e acabei me perdendo, eu sou novo aqui, me perdi._ inventou Gus.

A menina estava com cara de poucos amigos, olhou pra cima e depois disse em tom de desafio:

_Mentira.

_Não, é sério. Eu não sabia.

_Você já esteve aqui antes, o que você quer? O que está procurando?

A PROFECIA DOS TRÊSOnde histórias criam vida. Descubra agora