(DEBORAH)
- Ele deu o anel da mamãe! - escuto o Bruno arquejar.
Estou dentro do meu pior pesadelo, só pode, nunca na minha vida eu pensei em estar no noivado do Breno, ao menos não ele com outra pessoa. A dor que estou sentindo é tão grande e intensa que luto para segurar as lágrimas, pois todos os parabenizam e ao mesmo tempo me olham de solaio esperando uma reação minha. Eu tiro forças que nem sabia que ainda tinha, e sorrio como se estivesse feliz por eles, um sorriso que mostro apenas meus dentes.
Eu olho para Mariana, e ela já está com o rosto banhado em lágrimas, alguns podem pensar que é por emoção ao seu pai, mas eu sei que não é isso, ela tinha esperança de nos ver juntos, e por mais que eu negase dizendo que não iria acontecer, bem lá no fundo do meu coração eu tinha uma certa esperança.
Ficar aqui nessa casa e presenciar eles brindando ao noivado deles, está me sufocando, estou no meu limite e não sei se consigo mais segurar minhas lágrimas que estão lutando para sair.
- Eu vou lá fora - susurro para Mariana.
- Eu vou com você - ela diz.
- Não minha querida - e lhe dou um beijo em seu rosto molhado - Seu pai precisa de você aqui nesse momento importante para ele.
- Mas você também, eu quero ir.
- Eu preciso de um momento sozinha - antes de sair eu dou uma última olhada no casal, e o Breno está me olhando de uma forma intensa como se tivesse arrependido e me pedisse desculpa. Não acredito no que estou vendo, pois todos esses olhares eu interpretei de maneira errada, e dessa vez deve ser só mais uma, meu coração busca conforto então entende tudo errado, é a única justificativa que tenho pois o sorriso da vadia da Amanda é de extrema felicidade.
Meu único pensamento agora é sair daqui, ando muito rápido, já que correr é impossível com esses salto alto, passo pelo jardim, e logo que atravesso o portão e estou na rua, solto o ar que eu estava segurando, e já não me seguro e despejo a minha angústia e minha infelicidade em lágrimas.
Vagueio pelas ruas e quando dou por mim estou então frente a casa dos meus pais, tiro meus sapatos e sento na calçada pouco me importando com o meu vestido.
E me pergunto porque o Breno tinha que fazer isso comigo, porque me humilhar dessa forma, custava ao menos ter avisado que também seria comemorado o seu noivado junto com a sua festa de aniversário. Todos aqueles olhares que ele me deu ao longo do dia, o quase beijo, e sempre me apresentando como a mãe da sua filha e não como apenas Deborah, eu idiota cheguei até acreditar que fosse como uma marcação de território, e deixei-me passar como uma idiota, tudo não passava de mentiras.
- Deus se você existe mesmo, porque eu tenho que passar por mais isso? Eu já não sofri o suficiente? - digo aos prantos olhando para o céu.Não sei quanto tempo estou sentada na calçada dos meus pais perdida em pensamentos, noto pela minha visão periférica um carro estacionando, levantou meu olhar e vejo nada mais e nada menos a pessoa que menos queria ver no momento.
- O que você está fazendo aqui sozinha a uma hora dessas Deborah? - ele pergunta logo que desce do carro e vem em minha direção - Eu e a nossa filha estavamos desesperados com o seu sumiço!
A raiva me consome, quem ele pensa que é em vir querer se preocupar comigo agora depois de tudo que esse desgraçado fez, me levanto furiosa e o empurro.
- Vai se fuder Breno, você vem se preocupar agora?! Seu mentiroso de uma figa.
- Ei se acalma - E tenta me segurar, pois a cada palavra que eu pronunciava lhe dava um empurrão.
- Me acalmar?! Eu só quero saber o porque? Tudo isso é porque você ainda me culpa pela morte da sua mãe e pelo acidente que acarretou que perdesse-mos nossa filha? Eu não tenho culpa - digo entre soluços.
- Eu que te pergunto porque você está perguntando tudo isso? Claro que eu não te culpei por nada disso, foram fatalidades que me deixaram revoltado e descontei no primeiro que vi e que acabou sendo você. EU não posso acreditar que você passou todos anos acreditando nisso - diz exasperado
- Como não acreditar Breno?! Eu passei a minha gravidez sozinha sem você se quer olhar em meus olhos, e quando nós tínhamos acreditado que a nossa filha havia morrido nem se quer um abraço você me deu.
- Olha pra mim - ele diz segurando meu rosto - Por vergonha eu não fui atrás de você, me sentia o pior lixo dos homens que existia, mas não pense nem por um segundo que eu não te queria, as suas últimas palavras a mim naquela maternidade quase me levaram aos joelhos e te pedisse perdão, mas eu fui um fraco e me arrependo a cada segundo que respiro.
- Então porque me fazer presenciar o seu noivado? Porque não me avisou antes? Me humilhar dessa forma, nós tivemos um passado juntos poxa, tivemos planos e sonhos.
- Eu não sabia Deborah, eu não planejei aquele anuncio foi obra da Amanda. - Mais uma vez essa vadia, penso - Eu quero que você entenda que eu nunca quiz te machucar - ele diz e olha minha boca de forma intensa, e para não me iludir mais uma vez eu pergunto.
- Porque você está me olhando assim?
- Eu quero te beijar Deb, estou louco por isso amor - a forma como ele me chama carinhosamente, me deixa mais emocionada, e faz lembrar-me o quanto nos amavamos, mas hoje ele ama a Amanda e isso não passa de desejo.
- Não Breno - o afasto - Você está noivo e a ama, você vai acabar se arrependendo e eu me machucando.
- Quem disse que a amo?
- Eu disse, você não teria lhe dado o anel da sua mãe se não à amasse.
- Eu não dei anel nenhum, ela que achou...- eu o toco seus lábios para que não continue a falar.
- Breno por mais difícil que seja dizer isso, por mais que seja iracional eu dizer que te quero feliz e estando com outra pessoa, nós chegamos ao fim, estamos no presente e o passado como dissemos vamos deixa ele lá.
- Vamos pra casa? - ele pergunta.
- Vamos - eu pego meus sapatos e seguimos para entrar em seu carro - Meus Deus! O que vou dizer para todo mundo com essa cara choro? - digo já dentro do carro.
- Não vai precisar dizer nada, a maioria dos convidados já foram embora e o restante já estão dormindo, apenas eu e a nossa filha que sentimos sua falta.
- Menos mal - murmuro, em menos de dois minutos estamos na casa do seu pai, e antes de decermos do carro ele diz.
- Deb, a nossa filha é uma prova de que nem tudo fica no passado - eu não digo nada, pois não quero interpretar de forma errada suas palavras e muito menos criar espectativas.- MÃE!!! - grita Mariana vindo correndo ao meu encontro e se jogando em meus braços - Quem bom que você voltou, estava preocupada com você, onde você estava?
- Dando uma volta por aí, e perdi a noção do tempo - dou-lhe um beijo em sua testa e a solto- Agora vamos para cama que já é tarde.
- Está bem, mas antes eu quero comer alguma coisa estou morta de fome.
- O que você quer comer pequena? - pergunta o Breno.
- Você não comeu nada na festa filha? - pergunto preocupada, antes dela responder ao seu pai.
- Não - diz envergonhada - Eu não gosto muito dessa comidas chique, prefiro um sanduíche - Eu e o Breno caimos na risada.
- Vamos lá pequena eu vou fazer o melhor sanduíche que você já comeu.
- Não me diga que você vai fazer seu pão com ovo - digo, pois era a única coisa que ele sabia fazer na época em que namoramos, e fica uma delícia com os outros ingredientes que ele acrescenta.
- Esse mesmo - me pego pensando que nunca mais comi pão com ovo em todos esses anos desde aquela época.
- Eu nunca comi pão com ovo, eu quero pai.
- Eu também - digo sorrindo
- Então pão com ovo para todo mundo.Depois de feito os sanduíches, sentamos na varanda para não acordar ninguém e comermos tranquilamente.
- Pai está delicioso - diz a Mariana entre mordidas.
- Está mesmo, sempre adorei esse seu sanduíche Breno - o elogio.
- Obrigado, sempre que quiserem é só me chamar que eu faço porque até então é a única coisa que eu sei fazer - e todos nós damos risada.
Depois que terminados de comer eu digo.
- Agora filha para cama.
- Aí eu estou com uma preguiça, acho que vou ficar aqui mesmo - ela diz se aconchegando no sofá.
- Vamos pequena eu te levo de cavalinho.
- Sério pai - diz com todo entusiasmo que não tinha segundos atrás.
- Vem pequena sobe aí - ela se levanta do sofá e pula em suas costas.
- Gente sem fazer barulho, vocês vão acordar todo mundo - digo entre risos, pois é tão fofo ver eles juntos se divertindo, mas a risada da minha filha é muito alta.
- Pronto está entregue - diz o Breno na porta do nossa quarto e a Mariana desce da suas costas.
- Boa noite pai, eu te amo - e o abraça.
- Boa noite pequena eu também te amo - ele a solta e me olha - Boa noite Deb.
- Boa noite Breno - digo.Assim que entramos em nosso quarto eu noto que não ouvi em nenhum momento o barulho da porta do quarto ao lado.
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No caminho do destino
Любовные романыO que você faria, se o seu bebê que você acreditou ter morrido ao nascer, bate em sua porta quinze anos depois?