Quinta feira.
Coloquei um muffin e um café expresso na mesa 8 e olhei no relógio agradecendo mentalmente que faltavam apenas dez minutos para que o meu expediente acabasse.
Algo vibrou no meu bolso e eu sabia exatamente o que era.
Zayn.
Voltei para detrás do balcão com um sorriso maléfico que nada tinha a ver com os agora nove minutos restantes. Meu sorriso ficava ainda maior quando eu me lembrava que Zayn Malik, o poderoso e internacionalmente desejado Zayn Malik, havia sido feito de idiota. E por ninguém mais, ninguém menos do que eu.
O nosso encontro estava marcado para a quarta feira. E desde que decidira que esse encontro aconteceria, Zayn havia me mandado mensagens confirmando essa pequena reunião, ao que eu não respondi nenhuma delas, e na penúltima mensagem do dia anterior ele apenas digitara: "Na minha casa. Às sete."
Dez e cinquenta daquela mesma noite eu recebera mais uma mensagem. "Você não sabe com quem se meteu, Mandy ."
Eu sabia sim. E era justamente por isso que eu não queria mais continuar aquele jogo.
Por mais bad boy e cheio de pose que Zayn pudesse parecer à primeira vista para qualquer pessoa, eu sabia que ele não era daquele jeito. Eu o conhecia e sabia que o drama em que estávamos nos afundando mais e mais só o machucaria. E eu não queria feri-lo.
Tampouco queria ferir Liam e fora justamente por isso que eu o mandara embora de meu apartamento, fora por isso que eu negara os meus desejos e deixara que ele escapasse de minhas mãos.
Para o bem deles. Para o bem do meu filho.
Distraidamente, passei a mão na barriga. Um gesto que havia se tornado rotineiro nas ultimas semanas. A minha barriga ainda não estava totalmente aparecendo, mas eu podia sentir a pequena vida dentro de mim dando os mais belos sinais de que ela estava ali por mim e isso só fazia aumentar a minha vontade de fazer aquilo da maneira mais correta.
Mesmo quando tudo já tivera inicio de uma forma tão ruim.
Eu odiava que as coisas estivessem acontecendo daquela maneira, mas já que tinham acontecido, eu tinha de consertá-las. Era o meu dever para com os dois homens e para com aquela criança.
Retirei o celular do bolso, dando uma conferida discreta e vi que o alerta não era de mensagem, e sim de chamada. Louis.
Ultimamente, Louis me ligando era um sinal de mau presságio, e uma vez que ele já devia estar sabendo que eu não aparecera na casa de Zayn, ele me daria um troco no maior estilo Tomlinson.
Eu o conhecia. Melhor do que a mim mesma.
O relógio marcava que faltavam seis minutos e eu senti o telefone vibrar em minhas mãos. Droga! Louis.
Atendi, nervosa, sem me importar do meu expediente ainda não ter realmente terminado, deixando que os dois outros atendentes cuidassem do balcão enquanto eu saia para os fundos da cafeteria para atender o telefonema.
- Oh, Mandy . Você não deveria ter feito isso. Coitado do Zayn! - foi o que ele disse assim que atendi a ligação.
- Mas fiz, azar. - dei de ombros - E não esqueci o que você fez, Tomlinson, seu fofoqueiro.
- Opa! Fofoqueiro não. Onde está o respeito, queridinha? Eu tinha duas informações privilegiadas e não tive medo de usá-las. O que me tratasse melhor, ficaria com a melhor informação. Mas isso, claro, sem que eles soubessem. Zayn foi mais gentil, por isso deixei que ele soubesse que você está grávida.
- Você ia contar para ele de todas as maneiras, Louis. Você estava se roendo para contar.
Ele apenas riu, deixando claro que eu não havia dito nenhuma mentira.
- Ah, eu acho que contei outra coisinha pro Zayn. Nada demais.
- O que você contou, Louis William? - rosnei.
- Nada demais. Tenho que ir agora, te ligo depois.
A sua risada foi interrompida pelo fim da ligação praticamente no mesmo instante em que Cindy, a outra atendente, colocou a cabeça pelo vão da porta e me chamou, dizendo que um cliente estava lá e exigia ser atendido por mim.
O relógio exibia que ainda faltavam dois minutos antes que eu fosse plenamente liberada do meu expediente. Bufando, segui para a frente da loja e quase desmaiei quando encontrei os olhos escuros e misteriosos de Zayn Malik encarando-me com toda a sua firmeza, fazendo com que eu ficasse ainda mais pálida e nervosa.
- B-boa tarde... Em que.... eu posso ajudar? - as palavras saiam aos trancos da minha garganta seca e os olhos dele não se desgrudaram de mim, como se quisesse ter certeza de que aquela era realmente eu.
- Quero um café. Forte. E quero que se sente bem ali naquela mesa. Temos muito o que conversar.
Cindy me deu uma cotovelada maliciosa e disse que ela mesma pegaria os expressos e que os levaria na nossa mesa, sussurrando em meu ouvido que eu deveria tirar o avental. Meu expediente tinha oficialmente acabado.
Meus passos eram cuidadosos, como se a qualquer momento eu temesse desmaiar de tamanho nervosismo, mas consegui me arrastar até a mesa mais oculta do café, num canto entre duas paredes que nos permitia conversar sossegados.
Assim que eu me sentei, Zayn me encarou e disse, sem perder tempo.
- Essa criança é minha e você está vindo morar comigo.
Para ele parecia tão simples que eu tive de me esforçar para me recordar dos motivos para que eu declinasse de sua oferta.
- Você nem sabe se esse bebê é seu, Zayn. Pare de ser idiota e volte de onde você veio.
- É meu. Eu sinto isso. - ele justificou, sem se abalar.
Ele estava lidando com isso melhor do que eu esperava, melhor do que eu estava lidando e isso era tão estranho quanto era bom. Será que Liam reagiria da mesma maneira?
- Zayn, nem eu tenho certeza de quem é o pai dessa criança. Pode ser que você o seja, mas pode ser o Liam. Não posso fazer isso com nenhum de vocês. - os olhos dele ainda estavam firmes e presos nos meus - Eu já tomei a minha decisão.
- E eu tomei a minha, Mandy . Você vai morar comigo. Mesmo que ele seja filho do Liam, eu serei o pai dessa criança. Eu quero criá-lo ao seu lado. Como uma família.
