Zayn Malik.
Cocei a cabeça, frustrado, enquanto colocava a chave na porta, entrando no apartamento que agora eu já chamava de meu.
O ensaio fora cansativo, saber que uma turnê nova começaria em breve me deixava preocupado com Mandy . Não gostava da idéia de deixá-la sozinha em Londres, grávida, morando naquele subúrbio e trabalhando naquele café de quinta.
Quando minha mãe me ligou, pedindo para jantar comigo para matarmos a saudade, eu já tinha tudo planejado. Pediria para que ela deixasse Mandy morar com ela por alguns meses, enquanto eu estivesse na turnê. Saber que minha própria mãe estaria cuidando de Mandy enquanto eu estava longe me deixava mais calmo, antes mesmo de tudo acontecer. Minha mãe havia tido quatro filhos, ela com certeza saberia o que fazer caso algo acontecesse, além de ajudar Mandy na alimentação, nos preparativos para a chegada do bebê. E eu sabia muito bem que Doniyha iria adorar passar as tardes no shopping comprando coisinhas para o bebê.
Daria tudo certo.
Mas não foi bem assim. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, minha mãe deixou bem claro que era completamente contra a idéia de eu sequer ficar perto de Mandy e que tinha certeza de que uma promíscua, como ela mesma dissera, não me daria o devido valor, além de ser mal aceita pela nossa religião.
Eu passara mais de uma hora escutando sermões sobre o que eu estava fazendo, sobre como o meu amor por Mandy era completamente insano e que por mais forte que ele fosse, por mais que eu estivesse disposto a estar lá por Mandy , minha família estava igualmente disposta a me dar as costas caso eu a escolhesse ao invés de enxergar a realidade pelos olhos de Alá.
- Por favor, mãe.
- O que escolherá, Zayn? A sua família, a sua religião ou a essa garota?
Mesmo agora, depois de haver deixado a minha mãe no seu hotel, a sua pergunta ainda ecoava na minha cabeça dolorida, junto com os gritos dos vizinhos brigões que logo estariam gemendo palavrões, como sempre faziam.
Assim que abri a porta e coloquei a chave ao lado da mesma, notei que havia alguma coisa errada.
Estava tudo escuro e quieto demais.
Acendi a luz da sala e algo me alertou de que estava tudo errado. Tudo. A cozinha estava deserta, por isso atravessei a sala a passos largos e abri a porta do quarto do meu filho, notando que tudo estava do jeito que eu havia deixado antes de sair. Mas igualmente vazio. O móbile de Liam não estava mais ali e isso me alertou de algo, ainda que eu não pudesse saber exatamente do quê. Abri a porta do quarto de Mandy , esperando vê-la ali. Liam provavelmente estava com Niall, os dois haviam saído juntos do ensaio e o meu irlandês preferido havia dito que queria ir a algum bar.
Mas Mandy não estava ali. Em cima da cama estava um envelope vermelho e meu coração se aperta ao ler meu nome nele. A letra de Mandy é inconfundível e antes mesmo de ler aquela carta, eu já sei o que ela vai dizer.
Eu perdi.
Ela me manteve perto por tempo o suficiente para me deixar acreditar que eu poderia ser a sua escolha. Eu me empenhei para fazê-la ver que eu era o melhor que ela poderia ter, que não havia nada que eu não pudesse fazer para que ela e a nossa criança ficassem bem e ela escolheu a outra opção.
Eu não era bom o bastante?
Chutei a cama, irritado e andei para a cozinha, perdido, com o envelope vermelho queimando as palmas das minhas mãos e notei um bilhete preso na geladeira, mas dessa vez não era a caligrafia de Mandy e sim a de Liam.
"Desculpa, mas esse era um jogo de um homem só. E esse homem sou eu. x Payne".
A fúria rugiu tão forte dentro de mim que eu arremessei tudo o que estava em cima da pia para o chão, para as paredes, crendo que quebrar alguma coisa me faria sentir melhor, rasgando o bilhete em milhares de pedaços, as mãos trêmulas, achando que acabar com o bilhete ajudaria, mas depois que quebrei os utensílios domésticos, que chutei a geladeira e arrebentei a porta do microondas, o vazio silencioso do apartamento me recebeu, deixando claro que aquilo não resolvera nada.
Até mesmo os vizinhos haviam silenciado.
Me sentei no chão, evitando os cacos de vidro e abri a carta, sentindo o meu coração bater mais lentamente, como se doesse bater mais forte, eu sentia a pressão estranha em meus olhos, prestes a liberar as lágrimas, mas chorar não me levaria a nada, da mesma forma que quebrar a cozinha não me ajudara.
- Por que, Mandy? Por que não eu?
Abri o envelope e fechei os olhos, reunindo forças antes de ler as palavras que ela havia rapidamente escrito ali.