Cap.1. O encontro

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Eu só preciso beber uma cerveja antes de continuar esta viagem!
Não costumo beber quando dirijo, mas aquela cidade me perturba de uma maneira quase insuportável.
São muitas lembranças e eu, eu só quero esquecer.

Entrei num posto de gasolina à beira da estrada, e dirigi pelo pátio olhando para a lanchonete. Haviam alguns carros estacionados, mas lá dentro estava quase vazio.
Acho que a maioria dos motoristas estavam na parte de trás do posto onde ficavam os bares com mesas de sinuca e as prostitutas.
Ótimo!

Deci rápido do carro colocando meu boné. Baixei a aba para cobrir mais meu rosto afinal não queria correr o risco de encontrar algum conhecido.
Peguei uma garrafinha de cerveja no balcão e fui para uma das mesas encostadas na parede que era toda de vidro, assim poderia ficar olhando para fora.

Alguém passou ao meu lado se dirigindo à mesa da frente.
Era a garçonete, que levava um suco de laranja para uma moça, ou seria uma mulher?! Não sei como devo defini-la, ela tem um rosto tão... tão encantadoramente jovem; mas estava vestida com uma roupa tão formal!

Um terno cinza não parecia ser a roupa comum de uma jovem. Ainda mais para um lugar daqueles!

O que ela está fazendo aqui? Tão fina! Deve estar perdida!

Sua expressão parecia de preocupação.

No que ela tanto pensa com este olhar distante? E que olhos lindos! São azuis? Os raios de luz que entram pela vidraça refletem tanto nesses olhos que não consigo definir a cor.

Ela nem sequer vai beber o suco? Vai ficar ali mexendo ele com o canudo?!
Nossa ela é tão branquinha! Parece um pouco abatida! Mas ainda assim é muito bonita!

Ela definitivamente não se encaixa numa lanchonete de beira de estrada como esta.
Mas e daí onde estou com a cabeça?! Ela nem faz o meu tipo. Deve ser uma dessas garotas mimadas da cidade, e esta roupa cafona deve ser algum tipo de uniforme.

Quando fui dar mais um gole na minha cerveja virei a garrafa antes mesmo de chegar em minha boca.
Oh merda! Derramei em minha camisa!

A garçonete se aproximou e me perguntou se queria comer alguma coisa, e neguei. Ela percebeu que fiz a cagada porque não tirava os olhos da garota à minha frente.
Fiquei meio sem graça.

_Bonita ela né?_ Pergunta.

Eu meio envergonhado dei um sorrisinho de canto, e olhei para a garota que ainda estava olhando pro horizonte.

Nossa que bom que ela não percebeu minha gafe, embora me perturba ela nem me notar, afinal eu não sou de se jogar fora! A garçonete mesmo está me dando o maior mole!

Ah claro... ela é chique demais! Não olharia pra um cara como eu, todo tatuado e suado como estou.
Deve ter até medo! Essas patricinhas da cidade grande!

Quer saber nem sei porque to tão incomodado com essa garota.
Vou pro banheiro e depois caio fora, tenho muita estrada pela frente, e não to com cabeça pra mulher agora.

Quando paguei minha cerveja no balcão notei que a garota também já havia saido e estava se dirigindo ao estacionamento.
Saí da lanchonete pensando em tudo que passei nos últimos três dias. Não aguentava mais aquele lugar, só queria chegar logo na minha cidadezinha, na minha casa, no meu esconderijo; onde ninguém sabe quem eu sou, e posso andar tranquilo de cabeça erguida.

Dei mais uns passos olhando pra baixo quando esbarrei... na garota!
Ela se assustou e alguns papéis que tinha nas mãos junto com a bolsa cairam no chão.
Ela se abaixou pra juntar e eu também; porém antes mesmo de pedir desculpas ouvi tiros vindo em nossa direção.

_Continue abaixada!_
Gritei, empurrando-a para trás dos carros, e jogando meu corpo ao lado do dela.
Uma Hilux preta passou com dois homens dentro. Era o carona quem estava atirando.

Puts, disparou toda a arma em nosso rumo, por pouco não me acertou, mas o corolla que a garota estava abrindo ficou todo perfurado!

Então olhei para ela rápido, pra ver se estava bem, e percebi que ainda estava caída.

_Ei você está bem? Te acertaram?_

Ela gemeu e resmungou baixinho:
_Ai, bati minha cabeça!_
Tinha um pouco de sangue na na testa, rente aos cabelos e ela estava pálida.
Verifiquei o corpo dela, não parecia ter sido atingida.
Verfiquei suas pupilas e vi que estavam normais.
Então segurei sua cabeça em meu colo.
_Os caras já foram. Espera vou chamar uma ambulância, e ligar para a polícia!
Então ela com uma mão agarrou meu braço, e com a outra minha camisa, fez uma expressão de pavor olhando nos meus olhos, e disse com a voz embargada.
_Não, por favor não! Não chame a polícia! Me tire daqui por favor, por favor polícia não..._
E desmaiou.

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