Cap. 4. O tiro

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Jimmy

São quase nove horas da noite. Não sei o que fazer, não posso me deitar na cama porque a Lucy está lá.
Ela não fala nada, e parece até que tem medo de mim.
Não quero sentar naquela cadeira de balanço pois daqui a pouco é nela que vou ter que passar a noite.
Não da pra sair lá fora sem roupa com esse frio.

_ Você está se sentindo bem?_
Vou iniciar uma conversa, quem sabe descubro o que está acontecendo!
_ Sim, só minha cabeça dói um pouco.
_ É melhor eu fazer um curativo.
_ Não precisa, está tudo bem.
_ Deixa de bobagem, melhor eu ver isso!
_ Não eu...
_ Lucy! Você teve um corte feio aí, sangrou bastante! Eu fiz um curativo ontem, troquei ele hoje de manhã, e agora vou por outro entendeu?!
Falei me impondo.

Lucy

Ele falou de um jeito que... Bom... Que era melhor obedecer!
Tive que erguer a cabeça enquanto ele passava alguma pomada que pegou numa caixinha. Realmente estava doendo. Mas o que mais me incomodou foi ele ter ficado tão próximo de mim.
Eu podia sentir sua respiração quente em meu rosto.
Antes de colocar uma gase, ele pegou o meu rosto com as duas mãos e olhou o ferimento.
Seu toque é delicado, mas seus olhos são penetrantes.
Me causam uma sensação estranha!

Jimmy

Terminei o curativo e conferi se estava tudo certo. Quando olhei seu rosto, nossos olhos se encontraram e senti como um choque percorrer meu corpo.
Se antes eu tinha dúvida, agora tenho certeza; esses olhos são azuis, azuis claro com contorno azul escuro e pequenos risquinhos em volta da íris.
Fiquei meio sem jeito, e isso não costuma acontecer comigo. Me afastei e guardei os medicamentos de volta em cima do baú.

_ Então Lucy, posso saber quem tentou te matar?_
Percebi que ela congelou, mas eu tinha que perguntar.
_ É melhor você não saber Jimy. É muito complicado._
Ela disse baixando a cabeça e se encolhendo.
_ E porque você não quis que eu chamasse a polícia?
_ Como eu disse... É complicado!... Olha, eu sei que você salvou minha vida, mas eu realmente não posso te falar..._
Eu a interrompi.
_ Tudo bem Lucy, não precisa me contar. Acho que é melhor eu não saber mesmo!._

Porque eu insistiria pra saber da vida dela, quando a pessoa que mais quer ficar incógnito sou eu?!
E se ela me contasse tudo e depois também me fizesse perguntas?!
Não gosto mesmo de muita conversa! Prefiro continuar assim.
Não quer responder tudo bem; porque eu também não quero falar.

Ontem depois que conversamos acabamos vendo que o jeito era dormir, percebi que ela estava meio sem graça por eu ter que dormir na cadeira de balanço, então ela me ofereceu a cama, e sugeriu dela ficar na cadeira.
Eu posso não ser um cavalheiro, mas não deixaria uma mulher dormir numa cadeira enquanto eu me esparramo numa cama.
Não permiti e passei outra noite terrível.

Fez muito frio e acordei de madrugada desejando ter mais cobertas, percebi que a Lucy estava se batendo muito na cama e jogava as cobertas dela conforme se mexia, parecia estar tendo um pesadelo.
Fiquei por um bom tempo olhando pra ela até que ela se acalmou.
Suas pernas ficaram de fora da coberta e não pude deixar de ter alguns pensamentos, afinal sou homem! E as pernas dela são lindas!Mas... Não sou nenhum cafajeste, a solução foi simples! Me levantei e arrumei as cobertas sobre ela.

Lucy

Acordei e lembrei que é quinta-feira, tenho que correr, olho no relógio do meu pulso e já são 7:10 da manhã.
Não importa o quanto seja arriscado, hoje preciso encontrar o Leandro.
Ele pode me dar o que preciso.
Olho para o lado e não vejo o Jimmy, apenas a porta que está aberta.

Levanto e faço minha higiene, então saio e vejo Jimmy à beira do rio.
Ainda está friozinho, mas ele está sem camisa e só de jeans.
Passei uma noite ruim. Tive pesadelos!
Não sei se foi impressão minha, mas senti alguém mexendo nas cobertas em cima de mim.
Será que o Jimy se atreveu?... Não... deve ter sido parte daqueles sonhos!

_ Bom dia!_
Eu disse.
_ Bom dia!
_ Jimy, preciso voltar à cidade. Tenho um compromisso as 9:00 e..._
Ele me olhou com a testa franzida e me interrompeu.
_ Tentaram te matar lembra?
_ Claro! Mas eu...
_ Você nem quis chamar a polícia, porque vai se arriscar a voltar para a cidade? O que deu em você?
_ É muito import...
_ Você é dessas garotas filhinhas de papai que se mete com quem não deve só por adrenalina?
_ O que?...
_ Descarregaram uma arma em cima da gente! E você diz que tem um compromisso e precisa voltar?_
Ele falava com ar de reprovação.

_ Olha aqui, não sei com quem você pensa que está falando, mas não sou nenhuma filhinha de papai...
_ Ah então se acha grandinha pra se meter em confusão?! Que eu me lembre fui eu que livrei sua cara princesinha! Com certeza é por ter alguns idiotas como eu que te livram dessas enrascadas que você ainda está viva!
_ O que? Quem você pensa que é? E porque ta me julgando? Eu sei me defender muito bem e...
_ Ah é ótimo! Então acho que você pode ir para seu compromisso! Mas se vira sozinha!

Jimmy

Ela me deu as costas e entrou na cabana, eu continuei gritando dizendo que eu não iria leva-la de volta, quando fui interrompido por ela, que saiu com a espingarda na mão.

_ O que é? Vai me bater com isso? Você não deve nem saber engatilhar!_
Falei rindo com ironia.
Ela apontou pra mim!
_ Eu tenho que ir Jimmy!
_ Ótimo são 20km até a primeira estrada, e depois mais 250km até a capital._
Falei ainda gritando.
_ O que? Você me trouxe pro fim do mundo?!
_ Sim garota, e quero ver você se virar porque eu cansei de você, e no meu carro você não entra, a não ser que me mate! O que acho difícil, já que você não deve saber nem engatilhar essa arma!_
Então ouço um estampido de tiro.
Filha da p...! Ela atirou nos meu pés!
Fui na direção dela e...

_ Jimmy se der mais um passo vou atirar em você!

Uma estrelinha please?! :*

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