Cap. 47 A BUSCA

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Lavei o rosto e troquei rápido de camisa colocando uma camiseta.
Dei um beijo no rosto de Flávia.

_ Me desculpe, mas eu tenho que ir!_ Ela acente com a cabeça mas continua olhando para baixo.

Não consigo continuar mais nem um minuto perdendo tempo.
Corro para o carro que aluguei em Mápolis e saio estrada a fora, pelo caminho que eu conhecia e me lembrava tão bem; a casa de Julie.

Eu tremia muito e as vezes soltava o ar que insistia em ficar preso em meus pulmões na tentativa frustrada de me acalmar.

A medida que eu ia me aproximando da casa, fui dimuindo a velocidade do carro, tentando criar a coragem necessária para aquela conversa, que cada vez mais eu me convencia que seria muito difícil, já que eu devia um enorme pedido de perdão à Julie.

Quando finalmente cheguei diante de sua casa, uma sensação terrível tomou conta de mim ao constatar que...
Ela se foi!

Tentei organizar meus pensamentos, processar alguma coisa que eu deveria fazer.
Eva disse que Julie não conseguiu vôo até Mápolis, então ela teve que vir dirigindo.
Saber que ela se esforçou tanto pra falar comigo, que até dirigiu mais de mil quilometros em um dia, faz eu me sentir ainda pior pela maneira que a tratei.
Como fui estúpido!

Perdido em meus pensamentos e mergulhado na angústia de não encontrar mais a Julie, quando me dei conta estava na estrada à toda velocidade, chegando em Mápolis.
Tinha a esperança de encontrá-la em algum hotel.

***

São quase oito da noite.
Ontem procurei Julie por todos os hotéis de Mápolis e não a encontrei.
Foram malditos dezoito hotéis e em nenhum ela estava.
Busquei Flávia na casa de Eva e retornamos pegando o primeiro vôo disponível.
Não conversamos muito durante a volta. Só o suficiente para me desculpar com ela e terminar nosso namoro.
Ela ficou triste, mas entendeu o peso de todas as coisas.
Eva lhe contou tudo sobre Julie e acho que ela até se sensibilizou.

Já a deixei em casa e estava decidido a ir pra meu apartamento também.
Mas acabei vindo parar aqui, em frente ao prédio em que vi Julie.

Fiquei ali por mais tempo do que imaginei. Quando me dei conta já beirava as dez.
Não dormi quase nada desde sábado!
Estou um bagaço, mas vou praquele prédio outra vez.
Com certeza hoje ela estará trabalhando.
Queria ter ido cedo, mas o pouco que dormi foi essa manhã de segunda.
Avisei para não me esperarem no hospital.
Comi um almoço forçado, só porque dona Ana praticamente me obrigou.
Tomei um banho e quando me olhei no espelho vi como estou abatido.
Queria estar mais apresentável!
Coloquei um terno, afinal o prédio onde ela tem o escritório é de alto escalão.

Cheguei no prédio e vi na placa com seu nome que o andar é o vigésimo.
Fui para o elevador e comecei a tremer.
Não imaginei que eu fosse ter um treco outra vez!
Pensei que já havia surtado o suficiente neste fim de semana.

A elevador se abriu e de longe vi uma placa com seu nome.
Me dirigi até a secretária tão lentamente que parecia que meus pés estavam arrastando uma âncora.

Bom dia em que posso ajudar?
_ Gostaria de falar com a Ju..._ Pigarreei.
_ doutora Vivian Damasceno.
_ Certo! Podemos marcar pra amanhã a tarde?_ Não, de jeito nenhum vou esperar até amanhã.
_ Na verdade eu pensei que ela poderia me receber ainda hoje.
_ Infelizmente a doutora não está aqui hoje. Ela só vira amanhã!_ Será que ela nem veio trabalhar? Não consigo disfarçar minha frustração.
A secretária percebe.
_ Eu posso anotar seu telefone e passar pra ela assim que ela chegar amanhã cedo._
Percebi o olhar meloso dela e decidi me aproveitar.

_ Poxa meu anjo! Eu queria muito falar com ela hoje. Você não poderia me dar o endereço dela?_ Digo forçando meu sorriso mais sensual.
_ Eu não posso falar o endereço dela pra um cliente! Me desculpe eu queria poder ajudar!
_ Ah você pensa que sou um cliente?
Pois não sou. Sou um velho amigo, e como soube que ela retornou à pouco pra cidade, resolvi fazer uma visita surpresa.

A moça mordeu os lábios e me encarou por um momento. Não desgrudei os olhos dela a incentivando, até que ela pegou um papel e anotou algo e me entregou dizendo.

_ Como eu disse eu não posso falar o endereço da doutora Flávia._
Olhei para o papel e vi que ela anotou o nome de um prédio e o número do apartamento.
Meu coração disparou, e agradeci a moça saindo as pressas.
Ela não fez nada errado, pois de fato não falou onde Julie mora.
Bendita secretária!

Não foi difícil chegar ao prédio onde ela mora.
Porém difícil será convencer o porteiro a me deixar passar sem me anunciar.
Tenho medo dela nem querer me deixar subir se souber que estou aqui.
Afinal devo te-la magoado profundamente.

Arrumo minha gravata e chego diante do porteiro cheio de possíveis desculpas e até faço uma conta mental de quanto tenho disponível na carreira para suborná-lo caso seja preciso.
Não posso correr o risco de não falar com ela.
Mas o que acontece a seguir me surpreende.

_ Boa tarde! Apartamento 56 por favor!
_ Ah sim a doutora Vivian está esperando._ O cara me deu passagem sem nem pestanejar.
Que estranho! Como assim ela está me esperando. Meu coração já estava saindo pela boca, e de repente aquele terno tinha começado a me sufocar.
Fui até seu andar e depois de tentar pôr um mínimo de oxigênio em meus pulmões, bati na porta.

Não sabia mais nem onde por as mãos. De repente me senti sem saber o que dizer ou fazer.
Então, enquanto pensava na possibilidade de sair dali correndo e me acalmar primeiro, a porta se abriu.

Senti falta dos comentários! :(

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