Mais uma chance - Duologia *Livro 1*

Capítulo Final

{ Joseph }

Uau! Passamos da primeira fase. Jessie se casou com o homem a quem de verdade ama. Olhando para o rosto da minha melhor amiga vejo o quanto está feliz agora. Muito mais do que pude fazer um dia. Imagino que agora se sente completa. Não sei se devo me considerar um santo ou o cara mais idiota do mundo por pensar nisso. As coisas passaram tão depressa. Os anos correram por nossas mãos como a chuva cai sobre a terra e segue seu caminho. Impossível não lembrar tudo que passamos juntos. Momentos alegres, divertidos e até os nem tão alegres assim que ficarão guardados com carinho na memória. Desde que conheci essa mulher fui um espectador da sua vida. Estive ao seu lado o quanto pude. Brigamos e fizemos as pazes muitas vezes. Deus sabe como a Jessie é teimosa quando encarna com algo. Ela consegue ser pior que eu, por incrível que pareça. Claro que depois de toda a discussão, alguns beicinhos emburrados ou o silêncio completo da minha parte, um dos dois acabava por terminar o clima pesado com alguma coisa boba ou então apenas chegávamos quietinho ao lado e pedíamos desculpa pra tudo voltar ao normal. Rimos e choramos quase na mesma proporção. Olha... Não tenho como descrever o quanto rimos nessa vida! Jessie é a energia cósmica em pessoa. Não consegue ficar parada e nem deixa ninguém quieto quando está por perto. Quando estávamos no colégio, na hora do intervalo especialmente, corríamos pelo pátio todo com ela gritando que podia me dar uma surra por ser tão chato. Tenho sorte de ter as pernas compridas, então sempre a deixava pra trás. Ouvia seus gritos na janela quando chamava pra andar de bicicleta com o resto da turma. Aqueles eram bons tempos! Suspiro saudoso ao lembrar. Foi então que o cupido fez o seu trabalho lançando uma flecha certeira no meu peito. Droga do amor!

Desde então não consegui mais afastar o coração dos sentimentos que permitiram tudo mudar entre nós. Comigo principalmente. Os dias que passamos juntos na Califórnia foram surreais. Picos de tensão, tesão e amor se misturavam numa coisa que pensei ser uma segunda chance que a vida me dava. Hoje, percebo que a segunda chance está acontecendo agora, com Sofia. A vejo neste momento do meu lado e não imagino ninguém mais propícia para ocupar este lugar. Jessie foi o meu primeiro e grande amor. Nunca a esquecerei e sei que ela também não me esquecerá, mas as coisas são diferentes agora. Quero vê-la feliz com o homem que ama de verdade. Podemos ter cometido um grande erro em se envolver em outro nível além a amizade, porém, as experiências servem para isto. Para mostrar que caminhos devemos tomar e seguir adiante depois dos acertos ou tropeços da vida.

Assisto a cerimônia com atenção. Na festa vejo o casal sorrir enquanto dança sob um holofote e música romântica. Eu seria feliz ali no lugar dele? Sim. Jessie estaria feliz? Imagino que sim. Seríamos felizes no futuro? É a resposta que dificilmente poderia afirmar com exatidão. Creio que todo o dia teria de lutar por isso. Lutar por nosso amor. E no fundo será que não estaríamos sendo apenas convenientes, afinal? Não é uma regra geral, mas amigos que se casam pelos motivos errados geralmente se divorciam mais rápido que os casais que se uniram por amor.

Bom... O que importa agora é o que todos aprendemos. Sinto que amadurecemos. Ficamos adultos e nos comportamos assim finalmente. Minha mãe já me chamou de lado, discretamente, para perguntar se eu estava bem. Ela sabe desde o começo o quanto lutei por essa mulher, e com um sorriso sincero e tranquilizador disse que estava bem e tranquilo por minha melhor amiga estar feliz e que Sofia estava me esperando em nossa mesa. Com carinho ela alisou minha barba e beijou no rosto como se tivesse dez anos de idade. Sei que a intenção é reconfortar-me, mas não preciso de conforto. Estou bem. Não quero que sintam pena de mim por que a Jessie escolheu o outro cara. Aprendi a lidar com perdas melhor do eu esperava. Pela Jessie sinto um amor diferente agora. Algo que superou nossa amizade entende? Continuo observando a festa de um ponto estratégico. De longe posso ver minha garota sorrir com meus pais. Como se eu tivesse cutucado seu ombro ela olha em volta a minha procura. Ao encontrar-me, seus olhos verdes brilham. Sorrindo um pouco acenei pra ela. Retribui o sorriso e pede licença ao pessoal, vindo à minha direção.