Capítulo 6 "O Padrinho de Casamento"

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[ Joe ]

Depois de me despedir de Jessie não tenho cabeça pra seguir pra casa. Não quero mais ficar com isso dentro de mim. Finalmente ele conseguiu tira-la de mim. Maldito! Minhas mãos agarram o volante e controlo o peso do pé sobre o acelerador por que não quero matar ninguém hoje, aliás, uma pessoa. Só que Jessie nunca mais falaria comigo se o fizesse.

Sigo para academia. Estaciono o carro e tranco. Atravesso a porta como um pé de vento e jogo a jaqueta sobre um banco de madeira. Minha cabeça está a mil. Mal sei onde estão as luvas de proteção. Ah, lembrei! Estão no meu armário no vestiário. Corro lá, visto as luvas no caminho de volta. Ligo o aparelho de som para espantar os pensamentos.

"Take My Breath Away" da banda Berlim toca no rádio quando vou de encontro ao saco de areia. Tiffany outra vez deixou seu cd no aparelho. Controlo a respiração procurando limpar minha mente. Inspiro e expiro com calma voltando a cabeça para olhar o alvo a minha frente.

"Eu vou me casar, Joe. Casar!"

A voz de Jessie ainda ecoa forte e dou o primeiro soco com a mão direita.

"Chris me pediu em casamento ontem... Mas, o que há? Você nem parece estar contente por mim..."

- Como vou ficar feliz se... O noivo não sou eu... DROGA! - Dou mais socos alternando as duas mãos. – Sou um grande idiota! Ela não vai me amar por que... – Transfiro mais socos usando mais força – Por que ela já tem a quem amar...

A dor no peito que sempre empurrei para baixo vem à tona. Não quero me sentir um merda. Ela o ama e sou seu melhor amigo.. Aliás, agora sou o padrinho. Padrinho de casamento da mulher que sonhei pra mim, puta que pariu! Deixo a adrenalina tomar conta e lanço uma sequência de golpes no saco de areia. Uso mãos e pernas para bater com toda a forma que consigo por que a imagem de Jessie lindamente vestida de noiva caminhando passo a passo em direção do altar com Chris a espera-la é... Torturante.

Acho que em anos de nunca treinei tão duro. Meu corpo inteiro dói e meus músculos pulsam mesmo depois do banho quente. Visto a roupa que estava, desligo tudo na academia e volto para casa.

É noite quando entro no carro. A rua está iluminada e as pessoas estão caminhando por toda parte. É verão e todos se divertem, menos eu. O trajeto é feito em quinze minutos, o que geralmente o faço a pé, mas como fui almoçar no centro, optei pelo carro. Se você nunca viu um homem na fossa, você não perdeu nada por que somos mais frágeis que as mulheres. Fazemo-nos de forte, mas é tudo fachada. Homem na fossa é uma porcaria! Não consigo comer nada, pois minha garganta está fechada e meu estômago é um poço em chamas. Bebo apenas alguns remédios e vou pra cama. Mas antes de deitar, pego um álbum de fotos dos tempos de universidade. Sim, eu sou nostálgico quando estou depressivo. Abro o álbum e dou de cara com uma foto de Jessie no jantar da nossa turma dos formandos. Ela estava tão bonita naquele vestido salmão que fazia contraste a pele em tom de caramelo que acho linda. Miriam está no fundo falando com Tiffany, como consigo lembrar.

A próxima foto é dela com Tiffany. As duas são grudadas até hoje, mas se veem menos por conta do trabalho. A imagem do sorriso de Jessie me faz sorrir por um momento. É doce e contagiante. Lembro que foi seu primeiro porre logo depois que descobrimos nossas notas e fomos comemorar.

Suspiro e continuou a passar as fotos. Vejo nossa turma reunida e sinto falta dos bons tempos. Hunter é um cara que não vejo desde.. A formatura? Fomos sempre bons amigos e ele me ajudava a proteger nossas meninas: Jessie, Miriam e Tiffany. As três costumavam dizer que éramos seus seguranças particulares, já que éramos altos e fortes. Mas com a diferença que Hunter era loiro, praticamente um surfista.

Nossas férias na Califórnia. Dessa vez levou Chris junto. Não podemos ficar a vontade por motivos óbvios, mas ao menos consegui registrar um momento de distração enquanto ela relaxava na piscina dentro de uma piscina de bolinhas flutuantes. Essa é a minha menina e sempre será.

Continuo a olhar o álbum até que não posso mais encarar as lembranças e compara-las com a realidade. Fecho e coloco na mesinha ao lado da cama. Deito jogando minha cabeça no travesseiro. Olho para o teto e sei que a noite vai ser longa. Suspiro.

- Ah Jess... Por que eu tenho a impressão que sou o único cara que você precisa? Por quê? – Falo sentindo o queixo retesar. Engulo o nó da garganta, mas ele não é suficiente para afastar as lágrimas que descem sem permissão. Estou chorando de novo por ela, merda!

Mais uma chance - Duologia *Livro 1*Onde histórias criam vida. Descubra agora