Cap.8

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Eu ainda estou tentando entender a necessidade que essa professora tem de lotar a lousa de texto. Hoje o dia não estava tão ruim na escola, até porque teríamos 2 provas apenas e essa seria a última e depois iríamos embora, mas foi só lembrar que era literatura e se tornou o pior dia da semana. Eu odeio letras.

Ela primeiro passa um texto que foi preciso apagar a lousa umas 3 vezes, depois a seguinte frase é escrita "Escreva o seu entendimento do texto", até aí tudo bem, mas aí que ela acrescenta "Narrativa-argumentativa, em 3° pessoa, linguagem não sei o que, use não sei o que lá e mais um monte de regra. PO**A.

Eu não sou muito de falar palavrão, até porque eu não gosto, mas as vezes não dá para segurar.

E aqui estou eu olhando para uma folha em branco, segurava uma caneta e tentava não entrar em desespero. Olho para o meu lado e encontro a baixinha de cabeça baixa e o lápis estava em sua mão, estranhei normalmente ela é boa com textos, mas quando ela se mexe eu percebo a folha completamente escrita do lado. Por isso que ela está quieta, deve ter resolvido dormir. Depois de umas tentativas quase falhas, a merda do texto saiu, não é aquele texto que poderia ganhar um 10 ou talvez um elogio da professora, mas da para tirar uma nota.

O sinal bateu, levantei para entregar a folha e percebi a baixinha ainda quieta, peguei a folha dela e a entreguei junto a minha. Fui para a sua carteira e tentei acorda-la, eu a balançava e ela soltava uns resmungos que eu não entendia.

-Baxinha, o que você tem?- perguntei fazendo carinho em seu cabelo, ela levanta a cabeça e da um sorrisinho.

-Cólica, mas eu estou bem- ela me responde suspirando e se levanta para irmos embora.

-Quer que eu faça alguma coisa?- perguntei a seguindo, essa é uma das poucas vezes que eu me torno mais carinhoso com ela, eu sou homem e não entendo essa dor que vocês mulheres sentem, a baixinha já me disse que é diferente para cada uma e a dela só doí as vezes, mas quando acontece só falta ela parir um filho, teve uma vez que ela até desmaiou.

-Não, estou bem obrigado, hoje é seu aniversário e vamos comemorar- ela me respondeu ao chegarmos ao bebedouro, tomou um comprimido e depois esboçou um sorriso maior que antes.

Fomos andando até minha casa e encontramos o povo no meio do caminho. Almoçaram na minha casa mesmo, lasanha e coca-cola, que combinação maravilhosa. Aline e Elizabeth precisaram ir embora e arrastaram o Lucas junto, hoje seria uma reunião de negócios da mãe dos gêmeos, o pai da Liza é sócio então os três precisavam comparecer. Ficaram apenas a baixinha e Dom, fomos para o meu quarto e o viciado já foi ligando o vídeo game, a baixinha se jogou na minha cama e eu só fiquei olhando os dois. Folgados? Nem um pouco.

Tirei a roupa da escola ali mesmo, a baixinha tinha ido ao banheiro e Dom não se importava. Jogamos vídeo game por um tempo e mais para o final da tarde Dom foi embora, foi então que a baixinha resolveu ir até a cozinha e preparar um bolo, insinuando que não havia comido o bolo de manhã porque um idiota, vulgo eu, havia a obrigado a voltar para casa.

Eu a olhava sentado à mesa, a baixinha pegava alguns ingredientes necessários para um bolo: ovo, leite, farinha e essas coisas. Colocou tudo sobre a mesa e me olhou.

-Vai só ficar olhando seu preguiçoso?_ ela me perguntou erguendo as sobrancelhas.

-Não, depois eu vou te ajudar a comer- falei esboçando um sorriso.

- Se você não ajudar, não vai comer, eu levo esse bolo pra minha casa- ela falou pegando uma tesoura para cortar o saco de farinha.

-Primeiro o aniversário é meu e segundo os ingredientes estão na minha casa, então anda logo baxinha- respondi abaixando minha cabeça na mesa.

-Mas eu que estou fazendo_ ouvi ela falar meio indignada, resmunguei um "hum" e logo senti alguma coisa em mim, ela não fez isso.

Levantei a cabeça e vi a farinha caindo dela, olhei para frente e a baixinha estava querendo rir, me encarando com os braços cruzados e um sorriso de canto. Suspirei me conformando com o que ela tinha acabado de fazer, dei uma bagunçada no cabelo e não parava de cair farinha dele, olhei para mesa e aquela louca tinha jogado quase a metade do saco em mim.

-Isso é pra você aprende a parar de ser folgado- ela me respondeu e começou a dar risada, a encarei sério e depois dei um sorriso mínimo. Fui andando calmamente até o quintal enquanto a baixinha se afastava, ela ainda podia me ver da onde estava mesmo sendo uma boa distância, peguei um balde e comecei a enche-lo- O que vai fazer loiro?- ouvi suas palavras em um tom de voz preocupado.

-Se eu fosse você, eu correria- falei ao ver o balde quase completo de água, acho que foi então que ela entendeu e começou a correr, a segui calmamente com o balde na mão e ela se disispererava, a porta da frente estava trancada a impedindo de correr para fora de casa.

-Chris essa água deve tá gelada, tá frio hoje- ela falou encurralada entre a porta e eu, aqueles olhinhos de alto piedade não iriam adiantar.

-Não se preocupa Amy, depois você toma um banho- respondi e joguei a água toda em cima dela e comecei a rir da sua cara, o cabelo ensopado grudando em seu rosto e uma parte de sua roupa também estava molhada.

-CHRISTIAN SEU IDIOTA- ela gritou tremendo de frio, revirei os olhos e a abracei- Agora você está me sujando de farinha- falou me olhando e revirou os olhos mas logo deu risada- Vou tomar banho.
               
-Só depois que você limpar essa sujeira, baixinha- falei e ela me olhou com uma cara de "Tá brincando"- Eu vou te ajudar anda logo.

Começamos a limpar a sala que estava toda molhada e depois fomos para a cozinha e limpamos tudo, nem fizemos mais o bolo resolvemos pedir uma pizza. A baixinha foi tomar banho no banheiro de cima e eu usei o de baixo. Me sentei no sofá vendo televisão, não demorou muito e já foi possível ouvir a buzina da moto, paguei e arrumei as coisas para que pudéssemos comer e assistir um filme que ainda iríamos escolher.

Subi e fui chamar a baixinha para comer, a porta estava entreaberta  e acabei a vendo apenas de calcinha e sutiã enquanto procurava uma roupa dela no meu armário, por estar de costas nem percebeu que eu estava ali. Fiquei a encarando por um tempo, olhei para cada parte do seu corpo e tentei não fazer barulho, percebendo que isso não era muito certo balacei minha cabeça meio envergonhado e desci. Melhor esperá-la lá embaixo.

           

Do ringue aos palcos (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora