Cap.23

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Eu assistia a última luta antes da minha, Dom e Lucas estavam mais do que felizes por já terem a certeza de que estariam na final do campeonato.  Então o juiz determinou o fim daquela luta e logo me chamou para o ringue, junto como meu adversário, Alex.

Ouvi os meninos me desejarem boa sorte, subi no ringue e esperei o juiz  dar início a luta. Comecei a me lembrar que essa competição poderia fazer minha carreira, como lutador, ser garantida. Eu não podia perder de maneira nenhuma.

Alex me olhava sério, enquanto eu o encarava da mesma forma, foi com um primeiro passo em minha direção seguido de um soco que finalmente a luta havia começado. Ele me atacava e eu revidava, eram chutes e socos muito fortes que, infelizmente, não vinham só de mim, foi então que aconteceu e eu nem sei como foi exatamente, eu só percebi que a luta havia acabado quando a lona do ringue foi atingida. Todos que estavam assistindo gritaram para o vencedor e para o perdedor, Dom e Lucas gritavam o meu nome e de longe eu podia ver as meninas e a baixinha me encarando enquanto gritavam junto com a multidão. O juiz se aproximou e decretou o final da luta.

-ALEX É O VENCEDOR!!- o juiz falou por fim, me levantei e desci do ringue indo em direção ao vestiário.

Cheguei no vestiário com muita raiva, eu não podia ter perdido. Que droga, o que adianta treinar tanto, se quando você precisa, você perde? Me sentei em um banco que havia ali, de costas para a porta. Ouvi alguém entrar, mas não me mexi e nem me virei para ver quem era, senti um cheiro bom de perfume e só com isso já sabia quem era.

-Loiro, eu sei que é difícil, você é um ótimo lutador, não fica desse jeito, afinal acontece- a baixinha falou de forma calma.

-Saia daqui Amy- falei sentindo que a raiva de ser um perdedor e ter perdido uma grande chance na minha carreira, só aumentava.

-Loiro, eu te entendo, sei que é difícil e é normal se sentir assim- a baixinha falou tentando fazer com que eu falasse com ela.

-Você entende?- perguntei me levantando e só agora olhando diretamente para ela- AMY VOCÊ CONSEGUE TUDO O QUE VOCÊ QUER, COMO VOCÊ VIRA PRA MIM E FALA QUE ME ENTENDE- acabei gritando com ela.

-Eu sei que você está nervoso, mas não tem porque você gritar comigo- a Amy falou se aproximando de mim- Você fala como se minha vida fosse as mil maravilhas.

-E É, SEJA NA ESCOLA, NA SUA CASA OU NAQUELA DROGA DE BALLET QUE VOCÊ TANTO AMA- eu já não conseguia parar de gritar, minha raiva me consumia aos poucos.

-SE VOCÊ QUER GRITAR, QUE ASSIM SEJA- agora Amy me olhava séria e já levemente nervosa- EU VIM AQUI TENTAR CONVERSAR COM VOCÊ, E VOCÊ SÓ ESTÁ DISCONTANDO SUA RAIVA EM MIM, QUE DROGA CHRIS.

-Eu não pedi que você viesse, nem sei porque você está aqui- falei a encarando e me sentando novamente- Vai lá, sua bolsa de estudos te espera, bem longe daqui. Não vai mudar nada na minha vida mesmo.

-Eu não acredito que você está sendo tão injusto comigo- a Amy disse com uma voz embargada- É assim que você trata as pessoas que se importam com você?

-Nunca pedi nada pra você, virei seu amigo porque você me enchia o saco- falei sem perceber as palavras que eu proferia.

-EU NÃO SEI PORQUE VOCÊ ESTÁ AGINDO ASSIM, VOCÊ NÃO É ASSIM CHRIS- a Amy falou e só agora percebia que lágrimas escorriam de seus olhos, só não sabia se era de raiva ou de mágoa- NÃO SEI SE VOCÊ SE LEMBRA, MAS SE A MINHA VIDA FOSSE PERFEITA, MEU PAI NÃO TERIA CÂNCER- ela continuou enquanto se aproximava de mim, nos encaravamos sem dizer uma única palavra, e de alguma forma eu não me importava se ela estava chorando ou se eu havia a magoado, a Amy respirou fundo fechando os olhos e se afastou de mim indo em direção à porta- Se você queria ficar sozinho, conseguiu- ela falou quase saindo, mas antes que eu a perdesse de vista, ela virou o rosto para mim e concluiu- Pra sua informação, a perfeita aqui, foi recusada e não vou mais ir para fora do país- a Amy me olhava sem sentimento algum- Mas pode ficar tranquilo Christian, eu dou meu jeito de ficar bem longe de você.

Fiquei no vestiário um tempo, encarando a porta por onde a Amy havia passado. Conforme o tempo passava, minha raiva foi sumindo e como se alguém tivesse me dado um soco, eu voltei para a realidade e percebi as idiotisis que eu havia falado para a baixinha. Descontei minha raiva em uma das pessoas mais importantes para mim, disse coisas que eu sabia que a deixaria magoada.

-CHRITIAN COMO VOCÊ PODE SER TÃO FILHO DA P*T*- gritei para mim mesmo saindo do vestiário. Precisava me desculpar.

Olhei em volta, na direção das pessoas na arquibancada e só vi as meninas e seus pais. A baixinha e seus pais não estavam, fui até o Lucas e o Dom, talvez eles tenham à visto.

-Vocês viram a Amy?- perguntei desesperado.

-Ela disse que não tava se sentindo bem e foi embora. Por que?- Dom perguntou vendo meu desespero.

-O que você fez?- o Lucas me perguntou, o Dom me encarava de braços cruzados.

-Depois eu falo com vocês- respondi indo em direção de um dos organizadores da competição- Eu já não estou mais competindo, preciso sair urgente, tem algum problema?- perguntei o encarando, o organizador me olhou e perguntou para um homem que estava falando com outras pessoas do seu lado. Depois que me deixaram sair,fui em direção à casa da baixinha e toquei a campainha, esperei alguns minutos e logo a tia saiu.

-Oi Chris, sinto muito que tenha perdido- ela me falou com pena, dei um sorriso meio triste meio forçado.

-Tia, a Amy tá em casa?- perguntei olhando para dentro, vendo apenas o tio sentado no sofá.

-Está sim, mas ela me disse que não está se sentindo bem- respondeu sorrindo com os olhos fechados- Se você quiser vir amanhã pra falar com ela, pode vim- ela me respondeu gentilmente, pensei por um momento e só então me dei conta de que a baixinha não iria nem deixar eu falar com ela.

-Não, tudo bem, eu falo com ela na escola mesmo, boa noite- falei dando um aceno para o tio que havia me visto agora e dei um  beijo no rosto da tia e fui embora.

Cheguei em casa e liguei para minha mãe avisando onde eu estava, ela me respondeu que ficaria até o final e logo voltaria para casa. Tentei várias e várias vezes ligar para a baixinha, mas no primeiro toque a ligação caia. Droga, o que foi que eu fiz.

Do ringue aos palcos (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora