Cap.27

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Depois da baixinha ter a coragem de duvidar da minha pessoa, eu me senti na obrigação de mostra para ela que sim, eu era capaz de dançar naquele palco na frente da escola inteira. Mas só depois de ver aquele sorrisinho no rosto dela, que o idiota aqui percebeu que a baixinha estava me manipulando, sabendo muito bem da minha idade mental. Não me julguem, sei que muitas pessoas são bem motivadas com a simples frase "eu duvido", ou seria influenciadas?!? Que seja.

Bom, como a diretora havia falado, estamos no final do ano e as provas finais estão me deixando cada vez mais nervoso. O jeito era estudar, a teoria todo mundo sabe mas quando chega a hora de colocar em prática, até parece que alguém no meu subconsciente fica me levando para o mau caminho, "Para que estudar? Vai jogar video-game" ou "Olha seu skate com saudades de você" já até ouvi "Você e eu sabemos que estudar é chato e você não quer fazer isso". Ok, concordo com tudo isso, mas a minha mãe não, então nesses dias, os livros e os cadernos da escola serão minha companhia, em todos esses incontáveis dias.

As meninas resolveram que os ensaios poderiam ser apenas nos finais de semana, sei que não era só eu que precisava cair de cara nos livros. O único sortudo, era nada mais nada menos que o senhor Dominique, não posso dizer que ele era um nerd daqueles que só vivem para os estudos, o infeliz só é muito inteligente, mas fazer o que né?! Deus dá o que pode para cada um de nós, é nítido que a beleza foi o ponto escolhido para mim, seria injusto eu ter nascido lindo e inteligente. Mas é aí que vocês se enganam, sou ótimo em exatas, sim tenham inveja.

Já era tarde da noite de uma sexta-feira, e como as primeiras provas são redação e química, a baixinha resolveu vir estudar comigo. Eu poderia ter chamado o Dom, mas até parece que eu não estou aproveitando cada segundo, tendo motivos para ficar a encarando, já aconteceu de várias vezes eu ficar a olhando sem dizer nada e a baixinha rir de mim, me perguntando em que mundo eu estava. Essa vida de estar apaixonado pela melhor amiga não é fácil. Friendzone é uma tristeza.

Depois de horas da baixinha quase quebrando a cabeça com os cálculos, e eu quase chorando porque não conseguia fazer um simples texto coerente, descemos para jantar a comida maravilhosa da minha mãe. Comíamos com a minha mãe perguntando para nós dois, sobre a escola e a academia, quando minha mãe resolveu dirigir a pegunta só para a baixinha.

-E então Amy, muitos garotos lindos na sua vida?- a minha mãe perguntou e eu quase engasguei com o refrigerante, a baixinha começou a rir, só não sei se pelo meu quase afogamento ou pela pergunta da minha mãe- Tudo bem Chris?- minha mãe perguntou com aquela cara de "não estrague meu plano", fiz um gesto positivo com a cabeça e continuei comendo, mas ouvindo claramente a conversa das duas.

-Não existem muitos garotos bonitos por aí, tia- a baixinha respondeu com um sorriso tímido, até parece que é tímida desse jeito.

-Sei, então não tem nenhum garoto em mente?- a minha mãe perguntou sem rodeios, Senhor, me leva que eu quero ir. Minha mãe não sabe os limites que fazem uma pergunta se tornar constrangedora.

-Talvez- a baixinha respondeu rindo enquanto bebia seu refrigerante. Comassim talvez?!?

-Hum, então a minha pequena Amy está gostando de um garoto?!!- a minha mãe se levantou puxando a baixinha pela mão, elas se sentaram no sofá da sala e eu fiquei sem entender essa reação repentina- Me conta como ele é.

-Não é nada de mais, tia- a baixinha respondeu enquanto ela apertava as mãos da minha mãe que haviam a segurado desde aquele momento, mas não como se fosse a machucar, mais como um conforto.

-Vai me dizer que está com vergonha da sua tia favorita- minha mãe disse, sempre modesta.

-Não tia, claro que não- a baixinha respondeu sorrindo.

-Então me diga- via minha mãe olhando nos olhos da baixinha como se tentasse ler seus pensamentos.

-Bom, ele é igual a muitos garotos que conheço, mas é gentil, educado e tudo mais- a baixinha falava olhando para suas próprias mãos- Não sei dizer ao certo, não é como se eu gostasse dele, eu não sei na verdade, eu não entendo, é difícil de eu conseguir entender o que eu sinto- eu escutei tudo com atenção, isso não pode ser verdade, a baixinha está gostando de um garoto, droga.

Antes que eu conseguisse terminar de ouvir a conversa, resolvi subir para o meu quarto. Me deitei na cama e fiquei encarando o teto, eu estou enloquecendo com isso tudo.

-Calma Christian, a Amy disse que não sabe o que ela está sentindo- respirei fundo colocando um sorriso no rosto, e este sumiu em poucos segundos- Eu também fiquei confuso quando comecei a gostar dela- me segurei para não gritar de desespero que se misturava com a minha raiva e decepção- DROGA!!

-O que é uma droga, loiro?- me sentei com um pulo na cama, como se eu tivesse levado um choque- Por que subiu? Tédio das conversas que eu tenho com a tia?- a baixinha perguntou rindo e se sentando na minha cama, não a respondi, só me deitei na cama e a puxei junto comigo- TÁ LOUCO LOIRO- aparentemente ela havia se assustado, mas logo a ouvi rindo- Pra que todo esse amor?
_-Só to com sono- respondi com um sorriso pequeno, ela me olhou séria levantando um pouco seu corpo, se apoiou nos cotovelos para que enxergasse meu rosto.

-Mentira- a baixinha falou e ficou quieta como se esperasse uma resposta minha- Eu fiz alguma coisa?- perguntou se sentando e indo para trás de mim, a olhei sem entender até que ela coloca a minha cabeça em seu colo, logo mexendo carinhosamente em meu cabelo- Eu sei que eu sou ignorante, bruta, meio estérica, dramática e outras de mais qualidades...- ela começou a dizer rindo pelo nariz e eu sorri com os olhos fechados porque o carinho estava muito bom-... Mas você sabe que eu não suportaria fazer algum mal pra você, não é?!? Se eu fiz, me desc- a cortei antes que ela completasse frase.

-Você não fez nada baixinha, só to com dor de cabeça- respondi abrindo os olhos, ficamos um tempo em silêncio com os nossos olhos fixos um no outro, como se ambos esperassemos alguma reação do outro, suspirei e comecei a me levantar, mas a baixinha me segurou.

- Deixa eu mexer no seu cabelo um pouquinho, você sabe que esse é um dos meus maiores fetiches- a baixinha disse rindo, deixei que ela fizesse o que pediu, até porque amo quando mexem no meu cabelo.

Peguei o controle da televisão e a liguei, procurei algum canal interessante mas não passava nada que me fizesse querer assistir, até que encontrei um canal que passava filme de terror, deixei nele com um sorrisinho de canto e logo ouvia a baixinha.

-Filme de terror, sério?- não tinha coisa que a baixinha tinha mais medo do que esse gênero de filme- Loiro, muda por favor.

-Ah, agora você está com medo de um filminho, medrosa- falei dando risada, a baixinha me fuzilou com os olhos.

-Não estou com medo é só que...- a baixinha não continuou e eu apenas ergui minhas sobrancelhas.

-Não esperava isso de você- disse quase mudando de canal mas a baixinha segurou minha mão.

-Pode deixar- ela falou forçando um sorriso, a olhei com uma cara de"tem certeza", a baixinha suspirou cruzando os braços e olhando para a televisão- Vamo logo ver isso.

Começamos a assistir e eu sabia que a baixinha ficaria com medo, muito medo, não pensem que eu seja ruim ou algo do tipo, só estava devolvendo na mesma moeda. Porque logo depois que o filme acabou, a baixinha se enfiou em baixo das cobertas e deu um grito, a minha mãe subiu entrando no meu quarto só de camisola desesperada.Levei uma bronca por assustar a baixinha, mas eu não me arrependo.

-Você fez isso de propósito, confesse loiro- a baixinha falava deitada do meu lado- Só porque eu te convenci a dançar comigo sem você perceber- a olhei e dei um sorrisinho travesso, a baixinha revirou os olhos mas retribuiu o sorriso.

-E só pra corrigir, você não me convenceu, você me manipulou- respondi olhando para cima e escutei a baixinha rindo.

-Entenda como quiser, senhor manipulável- a olhei fechar os olhos e se aconchegar nas cobertas.

-Boa noite senhorita medrosa- beijei a testa dela fazendo com que ela sorrisse, logo fechei os meus olhos e acabei dormindo.

Do ringue aos palcos (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora