Cap.33

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Passaram mais dois dias de ensaio e voltamos para casa, a tia Vic resolveu vim junto e minha mãe quase trancou ela em casa quando a tia Vic disse que iria dormir em um hotel, agora temos uma hóspede que come o mesmo tanto que eu e tem o mesmo temperamento que a minha mãe. Tadinho de mim, minha comida.

Nem chegamos direito e o povo já foi me xingando por ter ido sem avisar e que pelo menos podia ter chamado para ir junto, claro que com a baixinha foi beijos, abraços e todo o carinho do mundo. As meninas sorriam para a baixinha contando as "novidades", que eu acho um pouco difícil de ter se só foram alguns dias, enquanto isso o Lucas e o Dom abraçavam a baixinha e bagunçavam o cabelo dela, eu estou vendo toda essa palhaçada aí. Que bulling é esse? Primeiro que foi essa criatura que me chamou para a casa da tia dela, segundo eu sou a vítima dessa história e terceiro, só eu posso dar tanto abraço assim na Amy.

Puxei o Lucas e o Dom pela toca do moletom de cada um, os encarando com os olhos semicerrados como se dissesse "Já deu de abraçar a minha baixinha por hoje". Eles reviraram os olhos e deram risada como se falassem"Eu já tenho a minha". Pode até ser estranho mas são tantos anos de amizade que a gente consegue conversar só com gestos e olhares, bom pelo menos eu tento entender, até porque eu não leio mentes ainda.

-Mentira que vocês tão namorando?- escutei a baixinha falando boquiaberta encarando a Elizabeth e a Aline.

-Bom, eu tô, mas não vi meu irmão pedindo a Lize em namoro não- a Aline disse indo em direção ao Dom e o abraçando pelas costas.

-E desde quando você tem que ver alguma coisa pirralha?- o Lucas se pronunciou sem entender para a Aline.

-Pirralha é o c*ralh*, você nasceu só 2 minutos antes de mim- a Aline disse revoltada com a vida, o Dom deu risada e puxou o rosto dela lhe dando um selinho, o que estranhamente deixou a ruiva vermelha.

-Voltando ao assunto- a Elizabeth disse encarando o Lucas- Sua irmã tem razão Ruivo, que eu saiba a gente não tá namorando ainda- ela terminou de falar cruzando os braços.

-Voce tá brincando né!?! Quer mesmo que eu conte pra todo mundo como foi nossa "conversa"- o Lucas falou enfatizando bem e depois dando um sorriso malicioso.

-LUCAS!- a Elizabeth conseguiu ficar mais vermelha que a baixinha e a Aline juntas.

-Por favor não preciso de detalhes sobre isso- a Aline disse um tanto rápido demais, acho que pelo desespero de ouvir alguma coisa que ela não quisesse.

-Mas é sério ruivo, o Dom foi super fofo com a Line- a Elizabeth disse fazendo cara de choro.

-Não vou te pedir em namoro daquele jeito- o Lucas disse com os olhos um pouco arregalados e negando freneticamente com a cabeça.

-Tá dizendo isso porque não tem coragem- o Dom disse com um sorriso superior.

-Eu não to entendendo nada- eu e a baixinha falamos juntos. Eles conversam como se nós dois soubéssemos da história toda.

- Quem mando não tá aqui- os quatro falaram me encarando. A bronca é mesmo só pra mim?

-C*cet*, a baixinha que me chamou pra lá- falei já irritado com aquele bulling todo com a minha pessoa.

-O Dom me pediu em namoro na pracinha próximo da escola, todo mundo viu- a Aline disse com os olhinhos brilhando.

-Ele tava é sendo possessivo, o Dom só fez isso pra todo muleke saber que você é dele- o Lucas falou olhando para a Aline enquanto o Dom o olhava sério sussurrando um "Filho da p*ta", a Aline encarou o Dom incrédula, como se perguntasse se era verdade ou não.

-Seu irmão é louco- o Dom falou revirando os olhos.

-Não quero saber os motivos do Dom e sim os seus- a Elizabeth falou com uma cara estranha- Que fique bem claro, só vamos estar namorando de verdade quando você me pedir, entendeu?- completou encarando o Lucas.

-Como você é chata- o Lucas falou revirando os olhos e rindo baixo enquanto a Elizabeth puxava a Aline e a baixinha para os fundos da minha casa.

-Mais é um idiota mesmo- o Dom disse encarando o Lucas. Achava que os dois iam começar a discução de sempre, mas dessa vez à reação foi outra, eles olharam para mim e não disseram absolutamente nada.

-O que?- perguntei sem entender o que eles queriam.

-Só falta você, Chris- o Dom disse o mais sério possível colocando as mãos no bolso do moletom.

-Hum- respondi sem muito o que falar.

-É sério mano, você que praticamente encorajou a gente, mas quando é contigo- o Lucas disse cruzando os braços e negando com a cabeça- Sei que parece dificil, mas não é.

-A baixinha com certeza vai sair do país porque as melhores faculdades de artes infelizmente não são aqui, e eu não quero ter um relacionamento de sei lá, uma semana ou duas- falei suspirando um pouco chateado enquanto sentava no sofá da sala.

-Até quando você vai conseguir esconder que você gosta dela?-  o Dom perguntou sentando do meu lado.

-O quanto for preciso- falei ligando o celular e me deparando com uma foto minha e da baixinha, fazendo com que formasse um pequeno sorriso em meu rosto.

-Se eu fosse você eu diria, mesmo que eu não a visse mais- o Lucas falou sério, uma ocasião rara mas que acontecia sempre nos momentos mais importantes- Se eu tivesse coragem naquela época, eu e a Lize poderiamos ter voltado a muito tempo- sua voz era amarga e suas expressões mostravam chateação- Não cometa meus erros, pode até não parecer, mas ela fez muita falta na minha vida.

A sala ficou silenciosa e de alguma forma a televisão desligada tinha se tornado uma obra de arte para mim, meus olhos não saíam dela, mas não se enganem meus pensamentos estavam longe, envolvendo uma linda menina de olhos azuis e grandes cabelos pretos. O silêncio foi cortado quando a Aline apareceu na sala nos chamando.

-Hoje é o último ensaio, vamos logo- a Aline falou puxando o Dom e o Lucas que já reclamava. Fui atrás os seguindo.

O dia foi de completo ensaio e para a felicidade de todos, conseguimos realizar todos os passos e gente, como eu estou cansado e suando mais que um condenado, isso que a música nem é tão longa assim.

Comemos algumas coisas que a minha mãe tinha nos preparado e depois o povo todo foi embora, tomei um banho e sai só com a toalha na cintura me sentando na cama. Eu encarava a roupa que eu usaria amanhã na escola com um medo que eu não sei de onde veio, mas ao mesmo tempo eu me sentia feliz, de certa forma dançar me fazia bem e a baixinha que despertou esse meu lado.

Do ringue aos palcos (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora