Cap.11

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Eu me arrumava para já ir ao Teatro, minha mãe iria mais tarde e meu pai depois do almoçar, disse que precisava organizar uns assuntos na empresa, se despedindo da minha mãe lhe dando um beijo e me disse apenas um "tchau". Mas já era de se esperar.

Acabei de tomar banho, coloquei uma calça jeans e uma camiseta, passei perfume e peguei os dois convites que estavam no meu quarto. Deixei o da minha mãe sobre a mesa, me despedi e fui, ainda faltava 1h para começar, mas a baixinha havia me avisado que era bom chegar com antecedência para conseguir lugares bons.

Tive que pegar um ônibus, não era tão perto assim de casa para ir à pé, chegando ao Teatro já encontrei Lucas, Dominique, os pais de ambos, os da baixinha e os da Elizabeth, sentados bem próximos ao palco.
Lucas quase gritou quando me viu, dizendo que haviam guardado dois lugares, logo vi sua mãe o reprovando pelo grito fazendo Dom rir e eu também. Os cumprimentei e me sentei ao lado de Dom, ficamos conversando mas não me atrevi a tocar no assunto "Aline", ele estava bem e eu não queria estragar sua noite, fui interrompido quando senti meu celular vibrar. O peguei e vi ser uma mensagem da baixinha.

"LOIRO EU ESQUECI A SAPATILHA, você precisa buscar pra mim em casa.
Por favor!!"

Olhei as horas e ainda faltavam 30min, avisei a mãe da baixinha para que ela explicasse o meu sumisso e me entregasse as chaves de sua casa, rapidamente fui para a casa da Amy. Felizmente a casa da baixinha era mais próxima do Teatro e eu não demoraria tanto, quando cheguei já fui direto ao quarto dela, dei uma boa olhada e encontrei a sapatilha jogada no chão.

Voltei para o Teatro mas dessa vez pela entrada dos participantes. Depois de uns 2min encontrei a baixinha bem aflita, seus cabelos já estavam bem arrumados no coque, mas ainda não havia colocado o figurino e nem feito a maquiagem. Quando ela me viu só faltou se jogar em cima de mim depois de ter"atropelado" algumas pessoas.

-Obrigada loiro, me salvou- ela falou me abraçando.

-Boa merda- falei e ela riu, uma vez a baixinha havia me dito que na dança "boa merda" significava "boa sorte". Na hora eu achei muito sem sentido, mas então ela me explicou que na época que andavam de carruagem e cavalos, quanto mais gente ia mais merda de cavalo tinha na frente do Teatro. Continuei achando meio estranho mas tudo bem.

A baixinha sorriu e eu me despedi beijando sua bochecha, saí do camarim e quando fui para o meu lugar na plateia a minha mãe já havia chegado. Depois de uns 5min as cortinas do palco se abriram e o espetáculo começou.

Depois de umas três apresentações, a baixinha, a Aline e a Elizabeth se apresentaram com mais 4 meninas. Todas estavam de coque e um vestido vermelho que ficava bem folgado no corpo de cada uma, tocava uma música um pouco agitada mas apenas instrumental, elas dançaram muito e foram aplaudidos de pé. Depois de mais algumas apresentações veio o dueto da baixinha e do Diego, seu parceiro de dança, confesso ter me incomodado um pouco esse garoto muito perto da baixinha mas a apresentação foi muito bonita. Após mais duas apresentações, uma que três meninos e uma menina dançaram e a outra quase o elenco inteiro dançou, mais ou menos uma 30 pessoas, o palco encheu, mas era tão grande que tinha espaço suficiente para todos.

Quando a apresentação deles terminou, olhei no folheto que havia entregado para todos e vi que a última apresentação seria o solo da baixinha, antes que eles abrissem as cortinas, ouvi alguém atrás de mim falando que haviam jurados de uma famosa escola de dança do exterior e que talvez alguém seja escolhido para uma bolsa. Arregalei os olhos e a imagem da baixinha indo para fora do país passou pela minha cabeça, é egoísmo da minha parte não querer que ela vá, mas eu não a proibiria de ir, dançar em uma escola fora do país sempre foi seu sonho e eu não iria estragar isso.

As cortinas se abriram e lá estava a baixinha de costas, usava um colã e uma saia de ballet Preta, seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo. A música começou com apenas uma batida contínua, depois se iniciou um solo de guitarra e a baixinha começou a dançar. A música não me era estranha mas eu não lembrava seu nome, ela havia apenas pegado o instrumental da música. Seus movimentos eram fortes e precisos, eram muitos giros, saltos e em um deles seu cabelo soltou e formou uma cena muito linda, olhei para o lado por um instante e a mãe da baixinha estava emocionada pelo espetáculo de sua filha, eu me sentia encantado em vê-la dançando, como sempre ficava. Eu sei que ela será a escolhida.

No final do espetáculo todos do elenco foram para o palco e foram aplaudidos pela plateia. O professor e coreógrafo foram muito elogiados e depois de mais algumas palavras de agradecimento, fomos embora.

Todos fomos para uma sorveteria e festejamos mais um espetáculo bem sucedido das meninas, até achei estranho o Dom e a Aline estarem conversando como antes, como se o Dom não estivesse mais chatiado com ela, menos mau. Cada um pediu uma taça bem grande de sorvete, e depois as meninas pediram um milk shake, a Amy está as influenciando de mais.

Cada um foi para sua casa, inclusive a baixinha, dessa vez ela não foi para minha casa. Encontrei minha mãe dormindo no sofá, sempre me esperando chegar em casa, depois de levá-la para seu quarto resolvi comer alguma coisa. Fiquei super feliz de saber que tinha pizza de ontem, comi uns 3 pedaços e quando estava indo dormir escutei alguém abrindo a porta, me virei e vi meu pai, ele passou por mim sem dizer nada. Não sei se eu estou ficando louco, mas eu senti cheiro de perfume de mulher, antes de eu conseguir dizer algo ele já havia subido.

Tomei um banho e deitei só de cueca na cama, estava muito calor hoje. Encarei o teto e fiquei pensando nos acontecimentos de hoje, como eu sempre faço, só que o cheiro de perfume de mulher que eu senti estava me incomodando. Meu pai estava traindo a minha mãe? Acabei dormindo com esses pensamentos.

***
Acordei eram umas 10h da manhã, meu pai já não estava em casa e minha mãe preparava o café da manhã. Pão, bolo, requeijão, manteiga, frios, suco, café, iogurte e fruta. Eu amo minha mãe, eu amo sua comida, que felicidade olhar para sua mãe fazendo comida para você né?!

-Bom dia mãe- falei a beijando nos rosto, me sentei a mesa e comecei a me alimentar- Como eu amo sua comida, mãe!- falei sorrindo.

-Você só ama minha comida seu menino esfomeado?- ela falou fazendo uma carinha triste.

-Lógico que não mãe, eu amo a senhora- eu respondi e ela sorriu- Sua comida só ajuda esse amor aumentar- falei brincando e ela revirou os olhos, continuamos tomando café, mas logo ouvimos a capainha.

-Deve ser a Amy- minha mãe disse sorrindo e tomando um gole de café. Me levantei e fui atender a porta.

-Bom dia baxinha- falei ao abrir a porta, mas em vez dela me responder, senti ela me abraçando forte e minha camiseta ficar molhada-Amy o que aconteceu?- perguntei preocupado, ela se afastou um pouco e eu pude ver seus olhos inchados, ela divia ter chorado muito já.

-Meu pai tá internado no hospital- respondeu entre soluços, nessa hora minha mãe apareceu na porta preocupada, ela deve ter escutado- Meu pai tem câncer, Chris.

Do ringue aos palcos (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora