Cap.34

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Hoje acordei mais cedo porque a ansiedade não me deixava dormir e eu já estava ficando irritado com isso. 5h da manhã mano, acreditam nisso, eu quero dormir droga.

Por isso estou eu aqui correndo na pracinha, só de bermuda por causa do calor, com o celular e os fones de ouvido no último volume enquanto a música da nossa apresentação tocava. As meninas nos disseram que escutar a música ajuda a lembrar dos passos, se você se acostumar com cada batida e no tempo certo, a coreografia aparece na sua cabeça e os passos saem como se fossem algo muito mais comum do que respirar. E espero mesmo que isso funcione, porque passar vergonha em cima de um palco, ainda mais na frente  da escola inteira, não é nada legal.

Olhei a hora no celular e já eram 7h e alguma coisa, resolvi ir para casa, talvez minha mãe já esteja acordada e preparando o café da manhã.

Para a minha felicidade a minha mãe já estava acordada, mas para a minha tristeza a tia Vic também estava e antes que eu pudesse começar a comer o que a tia tinhá deixado, a minha linda mãe manda eu tomar um banho. Quer dizer que eu estou fedendo tanto assim? Mas e a minha comida?

-Anda logo Christian, a Vic não vai comer toda a sua comida- a minha mãe disse colocando alguns pães de queijo em cima da mesa, olhei para a tia Vic e vi um sorriso maldoso em seu rosto enquanto passava seus olhos do meu rosto desesperado e faminto para a comida da mesa.

-Não serei ruim hoje Chris- a tia Vic disse sorrindo e se levantando da mesa, indo em direção a sala, o que me fez suspirar de alívio.

Não fiz nada de interessante durante horas, joguei vídeo game e tentei dormir um pouco, mas não consegui e só depois que o Dom me mandou mensagem, que fiquei sabendo o horário que deveríamos estar no anfiteatro da escola hoje, ainda bem que eu não estava atrasado. No momento presente, estou em uma das cadeiras da plateia enquanto vejo dois ajudantes de palco fazendo seu trabalho, antes que vocês me achem folgado já vou avisando que eu me ofereci para ajudar e eles recusaram, ok?

Saio dos meus pensamentos com alguma coisa atingindo minha cabeça, olho para trás e vejo o povo que tinha acabado de chega, olho para o chão e percebo que foi uma sapatilha que me tacaram. Encaro a baixinha que só aponta para um ser ruivo e irritante, Lucas, e ele? Me encarava como se não tivesse feito nada, esse infeliz.

Fui até eles e antes que eu pudesse falar alguma coisa, a Aline me entregou uma chave, o que me fez ficar sem entender e a mesma só disse para eu levar as nossas coisas para o camarim 2. Esses dois ruivos são muito folgados, mas fiz o que ela "pediu" e depois de ter levado três mochilas, duas maletas e mais algumas outras coisinhas, voltei para o local de antes e encontrei as meninas em cima do palco se alongando, me sentei na cadeira de antes mas do lado dos meninos agora e fiquei as olhando como eles faziam.

-Podem subir que vamos alongar vocês também- a Elizabeth disse finalizando uma pirueta que ela treinava. Resolvemos subir sem reclamar se não seria pior.

-Meninas, podem arregassar- a baixinha disse com um sorriso maldoso, arregalei meus olhos minimamente enquanto as meninas riam acompanhando aquele ar de maldade. Me sentei no palco e a baixinha sentou na minha frente, pediu que eu afastasse minhas pernas o máximo que eu conseguisse e para a minha surpresa ela me puxou pelos braços para frente enquanto empurrava as minhas pernas para trás com os pés dela.

-Amy!- quase gritei a encarando, a baixinha só ficou me encarando nos olhos sem demonstrar nem um pouco de piedade. Imaginem uma dor na sua virilha que se espalha pelo seu corpo todo, se eu tentasse voltar doía mais. Está doendo p*rr*-  Por que tanta maldade Amy?- falei incrédulo e ela só riu.

-A Amy é má para fazer abertura nos outros- a Aline disse fazendo a mesma coisa no Dom, mas ele não parecia estar sentindo dor. Falei inconformado "Se eu vou sentir dor, ele também vai"- Acredite, ele tá se controlando- a Aline disse puxando o Dom mais um pouco enquanto ria, foi aí que eu vi um olhar de ódio nos olhos do Dom, como se ele dissese "você tá f*d*do".

-AI!- todos ouviram o grito do Lucas- Lize você é muito ruim como namorada- consegui ver um olhar semicerrado e a Elizabeth o puxou mais ainda- P*ta merda, Elizabeth.

-Você ainda não me pediu em namoro- a Elizabeth falou com um sorriso sinico. Resolvi me controlar começando a respirar fundo e soltando o ar aos poucos. A dor é psicológica.

-Respira fundo Chris- a baixinha falou revirando os olhos, como se eu estivesse fazendo tudo isso por frescura. A olhei bravo e ela riu pelo nariz- Eu sei que dói, ainda não sou zerada, acredite a Line é a única que não sente dor- ela concluiu sorrindo, suspirei cansado mas não disse nada.

Depois das meninas nos alongarem, ensaiamos mais uma vez, a última vez para ser mais exato e fomos para o camarim para começar a nos vestir e para que desse tempo para as meninas passarem maquiagem, arrumarem o cabelo e esse tipo de coisa.

Depois de eu e os idiotas estarmos devidamente vestidos, fomos expulsos do camarim para que as meninas pudessem se trocar. Não podiamos sair do local em que estávamos se não o público nos veria, mas como sou completamente curioso, resolvi ir até a cortina e espiar a quantidade de pessoas, os encheridos vieram atrás e tiveram a mesma reação que a minha.

-C*cet*, quanta gente- o Lucas foi o único que se pronunciou, mas ele conseguiu traduzir exatamente meus pensamentos naquele momento.

-Garotos por favor, peço que não fiquem aqui, as apresentações já vão começar e se não me engano...- uma professora que era responsável pela abertura do espetáculo nos chamava a atenção, logo depois olhando um documento em sua mão, provavelmente a ordem de todas as apresentações- ... Isso mesmo, vocês são os 23°, vocês ainda tem tempo, mas tenham a certeza de que tudo está arrumado ok?- a professora falou sorrindo no final e indo em direção ao palco, apenas esperando as cortinas abrirem.

-Vamos ver se as meninas terminaram- o Dom falou começando a andar em direção ao camarim.

Quando chegamos antes que algum de nós três batessemos na porta, ouvimos que as meninas estavam conversando sobre alguma coisa e como somos muito educados, começamos a ouvir a conversa sem fazer barulho.

-É sério Amy, você sabe que essa provavelmente vai ser a última apresentação que faremos juntas- provavelmente era a voz da Aline- Não precisa chorar, vamos nos ver de novo- não dava para saber exatamente de que modo elas estavam reagindo, mas deduzi que a Aline também chorava.

-Eu tô com medo disso tudo- reconheci a voz da baixinha e tinha certeza de que ela chorava- E se eu nunca mais ver vocês, os meninos- a sua voz ficava cada vez mais inaudível por causa dos soluços- E se eu nunca mais ver o Chris- um pequeno sorriso formou no meu rosto, eu jurava que isso só estva afetando a mim.

-Não fale besteira Amy- a Elizabeth falava com o nariz fungando- Eu te proibo de simplesmente esquecer a gente ou fingir que não nos conhecemos.

-Acho que se o Chris pedisse, eu não iria embora- a baixinha falou depois de um longo silêncio e eu encarei os idiotas sério, mas com muitos pensamentos bagunçando minha cabeça- Vocês sabem que ...- a Amy falou mas um som estremamente irritante e alto atrapalhou o fim da frase. De onde veio isso?

-Bom, vamos parar com esse choro e vamos arrumar as maquiagens, não podemos nos apresentar assim- a Aline disse dando risada.

Esperamos mais alguns minutos e eu pedi para que os dois não comentassem nada, o Dom bateu na porta e a Elizabeth a abriu. Entramos e começamos a conversar normalmente, ou pelo menos eu tentei. Passaram umas duas horas e a mesma professora veio nos avisar que só tinham mais duas apresentações antes da gente, agradecemos muito nervosos, bom mas eu e os meninos do que as meninas que já estvam acostumadas.

-Estão prontos?- a Aline perguntou sorrindo e indo arrumar o cabelo do Dom que lhe cobria os olhos.

-Digamos que sim- o Lucas respondeu mexendo nos cabelos da Elizabeth enquanto a mesma passava batom se olhando no espelho. Olhei para a baixinha que estava sentada em um dos banquinhos que tinham ali, balançando suas pernas freneticamente para frente e para trás, demonstrando claramente estar ansiosa, quando percebeu que eu a encarava apenas sorriu e eu retribui.

-Bom, antes que a gente saia, vamos pedir que tudo de certo e por favor se acalmem, não é um bicho de sete cabeças ok?- a Aline falou sorrindo e esticando o braço, fizemos o mesmo colocando nossas mãos em cima da dela- No três a gente grita merda. 1, 2, 3...

-MERDA!!!!!

Do ringue aos palcos (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora