Hanna
Aqui estou eu mais uma vez indo para a rede de jovens sem o Rafael. Não sei o que fazer. Juro que estou perdida, não faço ideia de como ajudá-lo. O culto na verdade nem foi culto foi mais uma confraternização de fim de ano da juventude. Com comes e bebes (mas ultimamente nem comida me alegra mais) comunhão com o pessoal e claro imagem e ação que não pode faltar. Meu Deus Arthur é uma negação fazendo mímica e em ser discreto também. Ele não para de olhar para Ana.
- Pensando nele?
- Também, mas estava vendo sua babá caindo enquanto olha uma certa loira.
- Tá tão na cara assim? Juro que tento ser discreto, mas tá difícil. -suspiro
- Entendo, no começo era assim comigo e...
- Rafael. - completou ele - calma pequena vai dar tudo certo. - diz ele enquanto me abraça.
A comunhão iria seguir madrugada a dentro, pois encerraria com um acampadentro (acampamento dentro da igreja). Confesso que aproveitei quase nada. Não conseguia mais vestir minha máscara de felicidade e confidente quando na verdade eu vivia preocupada com o Rafael. Com o meu grandão. A saudade aperta meu peito, pois mal o vi essa semana, na verdade ia lá todos os dias, porém nos horários que ia o encontrava dormindo, então velava o sono dele e aproveitava para orar pela sua vida. Vou na sua casa. A saudade tá grande.
[...]
Depois de 10 minutos paro em frente à casa do Rafa. O fato de ser 1hr da manhã facilitou chegar tão rápido aqui. Só ao descer do carro percebo que tem um carro vermelho parado em frente à garagem da sua casa. E uma forte angústia me invade. Sigo em direção à entrada e percebo a porta aberta o que estranho. Ligo à luz da sala e me deparo com roupas jogadas da entrada até o primeiro andar e um turbilhão de coisas passam pela minha mente. Vou seguido a trilha que para de frente ao quarto do Rafael. Respiro 50 vezes antes de abrir a porta para me dar coragem, esperando não encontrar o que imagino. Quando finalmente abro a porta me deparo com o Rafael coberto apenas por um lençol e ao seu lado Malu dormindo. O choque da cena é tão grande que eu cambaleio para trás e acabo derrubando uma mini bola de futebol que fica no criado mudo ao lado da porta. Fazendo Rafael me encarar. Não consigo chorar, não consigo por meus pensamentos no lugar apenas o observo e balbucio seu nome, numa tentativa de que fosse tudo fruto da minha imaginação. Me viro e saio do seu quarto. Desço as escarradas correndo e quando me aproximo da porta o escuto gritar meu nome e a medida que ele clama por mim lágrimas começam a escorrer pela minha face e então a ficha começa a cair. Ele me traiu. Entro no meu carro e saio sem rumo em meio às minhas lágrimas e soluços. Pensando em tudo e ao mesmo tempo em nada, eu apenas queria sumir.
Sinto uma dor enorme me invadir. Percebo que meu coração está virando migalhas, acho que nem isso, pois ele não existe mais. Aumento a velocidade na tentativa frustrante de aliviar a dor que sinto mais é em vão e para piorar começa a chover. Estaciono em frente à praia. Não faço ideia de como cheguei aqui. Desço do carro sem ligar para a chuva que me molha e encaro o mar revolto e uno minhas lágrimas a chuva que me molha. Tudo estava girando e minha cabeça latejava. Meus soluços e choro se unia ao som da chuva e da ressaca do mar. Formando uma triste melodia. Minhas mãos estão tremendo, não sei se pelo frio o pelo turbilhão de emoções que estão me invadindo. Entro no carro e vou em direção ao último local que o Rafael me procuraria para se explicar. Tudo que menos quero é ouvir a sua voz e vê-lo. Sei que não aguentarei. Começa a tocar uma música no carro que conheço bem e volto a me derramar em lágrimas e a me tremer de frio que chega a congelar meus ossos. Mas o que meu corpo sentia não se comparava a dor que meu coração sentia. Era como se alguém estivesse tentando arranca-lo. A dor me consumia!
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Um só coração - Livro 1
Spiritual"E lhes darei um só coração, e um só caminho, para que me temam para sempre, para seu bem e o bem de seus filhos, depois deles". -Jeremias 32:39 Hanna é uma jovem Cristã de 18 anos que passou por uma grande mudança na sua adolescência. Apaixonada po...