Três meses depois.
Sabe quando você sente que tem algo faltando na sua vida? Que você não pode ser feliz enquanto isso não estiver com você?
Eu me sentia assim há exatos três meses.
Depois daquela discussão com Miguel, minha vida virou de cabeça para baixo. Ele se foi; saiu do colégio e saiu inteiramente da minha vida. E dizer que eu não senti sua falta era mentir descaradamente. Eu sei, sei o que vocês devem estar pensando: "Puxa, Lucy, você mal conhece o garoto, mas sente sua falta como se ele tivesse estado consigo sua vida inteira!" mas, para ser bem franca, eu sentia como se o conhecesse desde sempre. A segunda mudança foi o meu mais novo emprego, o de babá. Três meses atrás, eu telefonara para Aisha Connor e aceitara o emprego.
- ... Pietro tem uma série de alergias, toma remédio controlado e é extremamente sensível...
Eu, naturalmente, não prestava atenção em nenhuma dessas palavras. Acabara de ter certeza de que amava o Idiota, e só o que queria era me deitar e chorar intensamente...
E foi o que fiz.
Minha decepção no dia seguinte foi imensurável... Miguel não foi para a escola. E não iria nunca mais.
Outra mudança bem significativa na minha vida foi a morte de Stephane por ataque cardíaco. Se acha que comemorei, soltei fogos ou dei uma festa, está enganado. Apesar de insuportável, Stephane era o mais próximo que eu tinha de uma mãe, e perdê-la não foi fácil para mim. Ainda mais quando vi descerem o caixão e enterrá-la...
Quando todos foram embora, lançando flores no lugar onde haviam enterrado-a, Hugo, Pedro e eu permanecemos ao lado da lápide. Os gêmeos usavam óculos escuros e ternos negros. Foi a única vez em que os vi tão formais e sérios.
Li, pela enésima vez, o nome gravado na lápide... Stephane Rodrigues. A chata que perturbou minha vida. Que me fez de empregada, e que negou a mim o máximo que podia. Eu queria, queria mesmo, vê-la afastada de mim. Mas jamais, em qualquer hipótese, do jeito que aconteceu... Eu definitivamente odiava a ideia de que Stephane estava morta. Só caiu a fixa quando um dos gêmeos colocou a mão em meu ombro no ato de solidariedade e os dois se foram.
Eu estava sozinha em um cemitério, sentindo a brisa pesada balançar os meus cabelos e me trazer a cruel realidade.
- Stephane! - Solucei.
E foi nesse momento em que me entreguei às lágrimas. Oh, meu Deus, eu perdera meus pais! E agora perdera a mulher que cuidara de mim boa parte da minha vida. A partir daí, estaria perdida num mundo gigante. Agora eu só tinha Hugo e Pedro... Eles eram minha única família.
Aquele dia permaneceria para sempre nas minhas lembranças. Talvez, quem sabe, algum dia, eu me lembre de Stephane como uma tia, e não como uma rabujenta. Mas, que mais não fosse, não guardava rancor dos anos sofridos ao seu lado.
Hugo e Pedro, por serem maiores de idade, passaram a administrar a casa. Ficamos ali no primeiro mês, e foi o tempo de Pedro arranjar trabalho. Por mais que Pedro insistisse para que o irmão arrumasse emprego, Hugo sempre lhe garantia que pegaria uns "bicos" por aí e não deixaria faltar comida...
No mês seguinte, nos mudamos para uma casinha simples e isolada, cercada de mato e sem vizinhos. Por sorte, ali passava ônibus.
No segundo dia da mudança, meus amigos vieram me ver. Jogamos video-game, trocamos conversas, mas aparentemente ninguém estava disposto a rir.
- Quer saber de uma coisa? - Hugo transpassou a porta do quarto e jogou cinco pacotes lacrados de batatas chips na cama onde estávamos, contendo um suspiro. Seus olhos estava bem inchados, evidenciando que andara chorando. - Já chega dessa porcaria. Chorar? Mamãe não ia querer nos ver chorando. Eu quero que vocês se entupam de batatas, joguem video-game até seus dedos implorarem para que párem e não falem absolutamente nada. Se eu ver alguém chorando... Eu vou ficar boladão.
Vi com o canto do olho os olharem pesarosos que lançavam ao meu primo, e cerrei o punho. Ninguém disse nada. Mas o que poderia ser dito? O tão famoso "eu sinto muito"? Obviamente, aquilo não era o tipo de coisa que os gêmeos precisavam ouvir num momento desses.
Bem, parece que a partir dali, minha vida mudou de rota... E essa história já não é mais tão bonitinha.
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Oii gente, desculpem o atraso! Havia esquecido a senha do wattpad, mas agora estou de volta. O capítulo está curto, mas é apenas uma introdução do que vem a seguir. Beijoos!
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Apaixonada por um idiota
Losowe"Ele era tudo o que eu não suportava; tinha todos os defeitos do mundo. Então por que o amava tanto?" Luciana Mendes, uma adolescente problemática, achava que já tinha problemas demais em sua vida e que não precisava de mais um. Se apaixonar era tud...