Capítulo #4

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A água que sai da torneira vai me despertando aos poucos, molho as mãos e esfrego o rosto, entro na banheira, pisando no fundo frio, fazendo meu corpo se estremecer. Ligo o chuveiro, a água morna devolvendo o meu calor.

Vou até a cozinha, amarrando meu cabelo com uma fita vermelha, o cheiro de waffle entrando em minhas narinas e me fazendo apressar os passos. Na cozinha está minha mãe aprontando o cappuccino e cortando uma maçã em tiras, colocando-a no meu prato com waffle.

-Bom dia. -digo me sentando à mesa pronta para colocar tudo aquilo para dentro.

-Bom dia, querida. -minha mãe beija minha testa e em seguida enchendo meu copo com a bebida quente. -Dormiu bem?

-Mais ou menos, tive muito trabalho, paciente envenenado.

-Você é muito nova e se preocupa demais com o trabalho. -diz ela arrumando meu cabelo. -Você só tem 18 anos, Hayley, aproveite enquanto tem tempo.

-Bom dia. -diz meu pai entrando na cozinha, ele beija minha cabeça e em seguida beija minha mãe, puxa a cadeira a minha frente e se senta, servindo-se de panquecas com molho.

-Bom dia. -minha mãe e eu falamos ao mesmo tempo, ela se senta do lado do meu pai, cortando uma panqueca em pedaços minúsculos e colocando na boca.

Embora seja só uma hipótese, eu acredito que James esteja certo, alguém pretende exterminar o conselho do estado, não estamos em nossa melhor forma e se eu pretende-se destruir um estado, começaria a atacar por cima.

-Pai, podemos conversar? -meu pai desvia os olhos da sua panqueca e me encara, minha mãe faz o mesmo.

-Agora não, Hayley. -diz minha mãe. -Estamos comendo, tenho certeza que podemos conversar depois.

-É particular.

-Como assim? -minha mãe alterna entre encarar meu pai e eu.

-Claro, querida. -diz ele terminando de engolir um pedaço de panqueca. -Eu irei te acompanhar até o seu trabalho e no caminho conversaremos. Tudo bem pra você?

-Está sim. -o resto da refeição é ingerida em silêncio. Até que meu pai dá um ultimo gole no seu cappuccino, beija minha mãe e me espera na porta, eu pego meu jaleco e o sigo. Caminhamos pela rua.

-Pai, eu estava no hospital ontem pela manhã quando um amigo seu do trabalho chegou lá. Ele morreu.

-É, eu sei. -diz ele colocando as mãos dentro dos bolsos, coloco minhas mãos envolta de seu braço direito.

-Pai eu acho que alguém pretende acabar com o conselho. Se fosse eu, eu começaria a matar por...

-Eu sei me cuidar muito bem. -passamos por uma floricultura, o aroma doce sendo ricocheteado pela conversa intensa.

-Você não pode não! Quem está fazendo isso não é uma criança atrás de atenção. É um assassino experiente, deixe o conselho, vai ser mais seguro.

-Hayley eu não posso! -diz ele se voltando para mim claramente decepcionado pelo meu pedido. -Essas pessoas precisam ser protegidas. Ser líder do estado é o meu sonho, mas agora não é sou capaz de realiza-lo. Mas irei proteger essas pessoas, irei proteger esse lugar. É isso o que eu quero.

-E o que eu quero é que você fique seguro. Que você sobreviva. -ele para e levanta meu rosto com um dedo para que eu observe seus olhos.

-Hayley, enquanto você e sua mãe existirem, sempre vou ter motivos para continuar vivo. Mas isso não quer dizer que irei me esconder.

-Não existe nada que eu possa fazer pra você mudar de ideia. Não é?

É.

Apesar de apenas um membro do conselho ter sido morto até agora, acredito que ele não será o único, os Radicais não ficarão de braços cruzados esperando a gente se recompor. Eu não esperaria. Aquele último ataque foi muito bem planejado, eles quase conseguiram exterminar nosso estado. Eles cometeram um erro que eu aposto que não irá se repetir, da próxima vez que eles atacarem, pode ser que não sobreviveremos. Isso se não conseguirmos nos preparar e nos fortalecer até lá. Já faz 2 anos que não temos um líder, as coisas não podem continuar desse jeito, mas o conselho está ameaçado, não oficialmente, mais imagino que não irá demorar para que mais pessoas morram e que sejamos aniquilados pelos Radicais, isso se outro estado não declarar guerra contra o nosso, não é uma coisa comum, mas também não é impossível.

-Vamos. Vou te acompanhar até a porta do hospital.


Morte IminenteOnde histórias criam vida. Descubra agora