Capítulo #11

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     Meus passos são rápidos, minha mãe corre ao meu lado, focamos no inimigo. Com a mão direita, ele tira o lenço do rosto e sua boca se abre de um jeito repugnante, a princípio eu esculto apenas o som de uma metralhadora disparando, mas não são balas, são agulhas.

    Agulhas de 15 cm sendo disparadas sem parar, desvio com uma certa ajuda delas e as que não consigo me esquivar, uso a faca para ricocheteá-las, eu e minha mãe não avançamos, ficamos no mesmo local desviando de todas as agulhas, e então tudo para. 

     Enzo me observa de dentro de sua marionete com um olhar de dúvida e de frustração, ponho a minha faca na frente do rosto, minha mãe não se move então decido ficar parada também, ele se recompõe, e dispara aquele cilindro de metal com cilindros menores de madeira grudados. Aquela coisa se aproxima rápido como um tiro e passa entre eu e minha mãe, nós duas nos afastamos daquela coisa.

    -AGORA MORRAM! -Enzo berra e imediatamente o cilindro começa a girar enquanto dispara os cilindros menores de madeira para todos os lados, os cilindros de madeira e se abrem e dentro dele sai agulhas, agulhas vindo de todos os lados tentam acertar seu alvo que é meu corpo mas estou desviando de todas, com um olhar rápido, vejo que minha mãe se esquiva com facilidade usando passos graciosos, rápidos e precisos, meu corpo tenta imita-la involuntariamente com passos desajeitados porém eficaz já que nenhuma me acertou e faço questão de lançar um rápido sorriso triunfante para Enzo, lembrando-o que seu ataque falhou, agulhas passam raspando pelo meu cabelo, arrancando alguns fios, vejo algumas partículas de gotas de um liquido com uma tonalidade roxa flutuando pelo ar e depois se chocando ao chão, imagino ser o veneno. As agulhas acabam e fazemos a poeira subir quando paramos nossos corpos.

     Ele observa  a gente como um falcão, sua marionete parece um humano se não fosse pelo som de seus membros de madeira batendo um nos outros quando ele se move ou aquela boca medonha. Agora é a hora. Corro em sua direção e ele continua parado, obviamente se perguntando o que eu tenho na cabeça para ataca-lo diretamente. Lanço minha faca e sua cauda de metal surge como um escudo em sua frente, minha faca acerta a cauda e cai no chão, estou bem próxima, sua cauda se eleva, fica numa altura bem razoável e depois desce com uma uma velocidade absurda, paro de repente e não ouso nem respirar, a cauda se aproxima, e de repente para bem na frente do meu rosto mas não chega a toca-lo, o sol bate na ponta e um brilho surge quando um veneno pinga da ponta da causa.

     -Agora Hayley! -grita minha mãe.

    -Certo. -dou a volta na cauda e vou em direção a marionete, vejo uma elevação no chão e pego impulso,  e alcanço uma ótima altitude, cerro o punho da mão direta. -ARGH! -atinjo ele, o impacto é maior do que eu achei, com um soco eu esmago a sua marionete, sua cabeça voa para um lado, seus outros membros para o outro e sua cauda se desgruda, o chão treme e poeira e pedaços de madeira flutuam no ar, parece que o tempo parou.

    Uma vulto da um salto pra trás e fica a uns 20 metros de distância, envolvido com um pano preto e surrado. O casaca da sua marionete deve te-lo protegido do meu soco.

    -Aquele é o verdadeiro corpo dele? -pergunto arfando. 

    -Eu esperei por muitos anos. -diz minha mãe atrás de mim. -Eu quero ver o rosto do meu irmão.

    Ele permanece abaixado, se escondendo em volta de seu longo pano preto, esculto um rápido som de madeira batendo, de alguma forma esse som me apavora, olho de lado e vejo a cabeça da marionete batendo o que parece dentes, fica pulando sem sair do lugar, isso é traumatizante, a cabeça da um salto enorme, sobre uns 7 metros e depois a região do pescoço se vira pra mim, mais som de metralhadoras mas o que sai são mais agulhas, sinto um puxão vindo de trás e meu corpo faz uma manobra para desviar das agulhas que perfuram o chão, paro ao lado da minha mãe.

        -Como eu pensava. -diz Enzo se levantando ainda nos dando as costas. -Eu não esperaria nada menos vindo da minha irmã. E não é de admirar que essa garota desviou dos meus ataques com tanta facilidade. Você conseguiu prever meus ataques sua velhota e assim conseguiu controlar sua filha usando as linhas que você usa nas suas marionetes. 

    Um único pensamento me ocorre: ele sabe.

    -A propósito. -ele continua. -Foi muito engenhoso você ter usado suas linhas na cauda da minha marionete também, como fui tolo, só percebi quando a cauda parou a centímetros antes de acertar essa pirralha, você deu início a isso naquele primeiro movimento com as facas não foi? Transferiu as linhas para as facas que ficou presa na cauda quando eu as retardei.. -o modo como ele se refere a mim me irrita, olho para as luvas que minha mãe usa, é de lá que sai as linhas que ela usa para controlar as marionetes, nesse momento, ela controla a cauda da marionete do Enzo e a mim. 

    -Muito bom. -diz minha mãe com um sorriso. -Embora eu tenha usado uma linha especial, quase invisível, você ainda conseguiu descobrir. -engulo em seco, ele é bom. Me sinto como uma criança em uma mesa de adultos. 

    -Não foi difícil. Lembra quem me ensinou a brincar com marionetes? Quem semeou esse talento em mim? Foi você. -Enzo diz por fim.

    -É verdade. -minha mãe abaixa a cabeça. -Mas infelizmente a hora de brincar acabou. 

    -Você nem imagina o quanto. -ele diz puxando o pano preto que cobre seu corpo e eu fico embasbacada. Seus cabelos loiros despenteados, seu rosto é jovem e seus olhos verdes sem vida, quase que entediados, tem apenas uma barba rala e usa um casaco grande e preto idêntico ao que sua marionete estava usando. Nós somos muito parecidos.  -Então você ainda acha que isso será fácil, maninha? Aproveitando que você está aqui, irei te mostrar algo especial. -agora que percebo algo atrás dele, ele tira e põe em sua frente, é um objeto grande, bem maior que ele, enrolado em panos, bem parecidos com o da minha mãe. -Garanto que irá gostar. -ele puxa os panos e uma marionete aparece. 

    -Não pode ser. -diz minha mãe, ela treme. 

    -O quê? O que não pode ser? -olho pra ela.

    -Aquela é a marionete do meu pai. -rapidamente volto meu rosto para ele. Enzo está em uma posição ameaçadora e a marionete está atrás dele com uma mão em volta de seu mestre e outra arrastando no chão, Enzo acha graça. 

    -O que acha, maninha? -ele quer saber. -Essa marionete não trás lembranças? -é uma marionete bem grande em volta de um casaco longo e espetado, parece um homem a não ser pelos olhos amarelos.

    -Você roubou a marionete mais poderosa do nosso pai, Enzo. -a dor é perceptível na voz da minha mãe.

    -E daí? -Enzo movimenta seus dedos levemente e o som de madeira batendo da marionete me provoca um arrepio. -Eu não tenho medo de uma velha decrépita e uma pirralha. Não passa de uma velha aposentando com o pé na cova. Você não se igualha a mim.

    -Aposentada com o pé na cova, talvez. -minha mãe rebate. -Mas valeu a pena arrastar meu corpo até aqui para enfrentar você, do contrário eu teria morrido com muitos remorsos. Meu próprio irmão, já é ruim pensar que você se juntou com gente que não presta, mas desonrar nosso pai levando sua marionete, nunca achei que você seria tão baixo. 

    -Não foi uma coisa inútil. -diz ele. -Consegui alguns subordinados bem competentes, Tyler é bem evoluído para sua idade.  -essas palavras me pegam de surpresa. 

    -Então é com você. -digo. -Se você tem uma ligação com o Tyler, significa que deve saber tudo ao seu respeito. Isso significa que você tem todas as respostas que eu estou procurando. -a raiva toma meu corpo.

    -Eu adoraria ficar e conversar. -diz ele de modo sínico. -Mas preciso eliminar vocês duas e seguir meu caminho, além disso não tenho tempo para responder seu pequeno questionário. Então... vamos começar. -Enzo movimenta seus dedos e sua marionete muda de posição, eu me preparo, lá vem ele, basta eu piscar apenas uma vez e a marionete já está bem na minha frente pronta para dar seu primeiro e último ataque, ela é rápida!





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